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Como é o mercado de comunicação digital no Rio de Janeiro (para quem está começando)?

[Texto originalmente publicado no LinkedIn]

Por mais que possa parecer óbvio, começo este texto ratificando desde já que se trata de um artigo completamente enviesado. O que trago aqui (para possível debate, talvez — espero), parte da minha vivência enquanto migrante que veio para a grande metrópole “apenas” para fazer faculdade e tentar, posteriormente, lançar a carreira num mercado supostamente mais consolidado e com mais oportunidades do que o resto do Brasil.

E é exatamente com esse ponto que eu começo: quando, em 2012, tentava esquizofrenicamente escolher para qual vestibular prestaria, sabia que muito provavelmente acabaria no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Embora tivesse Salvador e Recife ainda como alternativas plausíveis, sempre que conversava com alguém, fosse um amigo, um parente, ou um desconhecido que acabaria conversando comigo sobre vestibular porque nesse momento da vida o assunto é onipresente, os dois locais de destino que se apresentavam constantemente eram Rio e SP.

Pelo menos no meu contexto social (e econômico, vale pontuar), esse era o senso comum. Se você pretende fazer algum curso voltado para Comunicação, é recomendável seguir para os “dois grandes pólos” midiáticos e econômicos do Brasil. Então eu fui. Primeiro, para São Paulo, quando pensei que gostaria de trabalhar com audiovisual. Experiência fracassada. Por motivos pessoais, desisti ainda no primeiro período do curso de Rádio, TV e Internet e segui para Niterói, onde havia sido selecionado para o curso de Estudos de Mídia, na UFF.

Embora não tenha arrependimento algum de ter seguido nesse curso e no estado do Rio de Janeiro, hoje – já há algum tempo, na verdade – percebo que o senso comum que pairava o imaginário social do meu grupo de amigos, parentes e desconhecidos de Aracaju, onde eu cresci, não estava assim tão apurado. É fato, numericamente, em termos econômicos, que o mercado do Rio de Janeiro e de São Paulo são mais robustos do que a maioria de – senão todas – capitais do Nordeste. O que tenho percebido, entretanto, nos últimos anos, é que, pelo menos na área de comunicação digital, SP dá um banho no Rio (em termos de oportunidades).

Antes de entrar nessa comparação talvez até desleal, gostaria de falar com você que faz (ou pretende fazer) faculdade de Comunicação Social, Publicidade e Propaganda ou afins no RJ e deve trabalhar com comunicação digital (marketing, mídias sociais, etc.) eventualmente: na busca por um estágio, quais são as oportunidades à frente? Há algumas opções “categóricas” que pretendo abordar resumida e superficialmente – e ratificando mais uma vez: a partir da minha vivência enquanto estudante em busca de estágios – a seguir:

#1 Freela

Como falei em outro texto (e constantemente menciono isso porque não há muito como fugir dessa explicação), a internet e principalmente as mídias sociais abriram muitas portas para quem trabalha com comunicação. Devido à facilidade de acesso às ferramentas de produção de conteúdo e gerenciamento de mídia, hoje em dia qualquer um pode vender “serviços de comunicação estratégica” para qualquer empresa disposta a pagar (tanto o profissional quanto a mídia — no caso, o Facebook). Se esses serviços serão responsáveis e/ou coerentes com as estratégias de negócio, aí já é outra história, mas o fato é que as plataformas estão aí cada vez mais disponíveis para quem desejar.

Se você tem um espírito aventureiro (ou empreendedor) e gosta de ter sua liberdade auto-condicionada, essa é uma opção bastante coerente. Isso não quer dizer que é fácil, exige muito jogo de cintura e conhecimentos abrangentes para dar conta de tudo que um “Social Media” (ou profissional de marketing digital) faz. Além dessas habilidades técnicas, é essencial correr atrás também de competências voltadas para a compreensão de negócios. Idealmente, além de um trabalho de “publicidade e propaganda” (que envolve também pesquisa e planejamento), um freelancer também deve entregar resultados reais – principalmente se tratando de pequenos e médios clientes, que precisam ser educados da importância do digital.

#2 Pequenas agências

Também no embalo do “advento das mídias sociais”, as pequenas agências (algumas específicas de comunicação/marketing digital) surgiram em peso e continuam surgindo (enquanto algumas morrem) na última década. São agências de pequeno porte, geralmente com no máximo 10 pessoas – que já é um número razoavelmente elevado – na equipe de marketing digital/mídias sociais. Podem ser também uma “expansão” de uma agência já tradicional, com um departamento recém-criado para atender as demandas que surgiram com a internet – o que não faz sentido para grandes marcas, mas que pode ser uma dinâmica coerente numa lógica de pequenos clientes (que não têm dinheiro para outros esforços de comunicação senão digitais).

A má notícia é que por mais que nesta opção haja uma equipe com quem você possa trabalhar, é ainda muito comum que as vagas sejam anunciadas de maneira extremamente generalista, como “Estagiário de Social Media”. Logo, assim como no freela, geralmente procuram um “faz tudo”, que vai fazer post, impulsionar no Facebook, elaborar um relatório simples de métricas, etc. A boa notícia é que neste nível de maturidade digital, as atividades de mídias sociais se limitam a esses três exemplos – principalmente os dois primeiros. Ou seja, você precisa saber mexer no Photoshop e saber utilizar o Gerenciador de Anúncios do Facebook (novamente, porque esta é a mídia social que importa neste cenário). É tipo o criativo e o mídia da tradicional Publicidade, só que extremamente banalizado.

#3 Agências medianas

Aqui, o cenário começa a melhorar um pouco. A equipe dedicada ou com foco em comunicação/marketing digital não é tão pequena e a maturidade das agências já é mais consciente da responsabilidade dos esforços que o ambiente digital exige. Portanto, as vagas não são anunciadas com o título tão generalista, mas com as próprias especificidades do trabalho: Estagiário de Conteúdo, Analista de Mídia Online, Analista de Adwords, etc. Ainda assim, o escopo das oportunidades nesse caso é bastante limitado a essas duas frentes operacionais de conteúdo e mídia. A boa notícia é que, neste caso, você precisa focar seu aprendizado apenas em uma delas.

São exemplos: 14AvantareOslo DigitalPipoca Digitalh1FrogAgência3Wide e Kindle – estas três últimas têm, segundo o LinkedIn, uma mão de obra entre 50 e 200 funcionários, mas coloco neste cenário “mediano” devido à popularidade mais exacerbada dos agências grandes que trarei. E também pela tecla que venho tocando constantemente: com exceção da Frog, que eu sei que desenvolve um trabalho de monitoramento/pesquisa/inteligência, todas essas outras têm como foco essas duas frentes de atuação: conteúdo e mídia. Novamente, digo isso a partir do que tive contato superficialmente no site e na divulgação de vagas dessa empresa. A Avantare, por exemplo, é completamente focada em performance (que é basicamente a junção de mídia e métricas).

#4 Grandes agências

E, finalmente, neste seleto grupo da “elite” carioca de comunicação digital, estão aqueles que atendem Coca-Cola e L’Oreal: CUBOCC, Flagcx, WMcCANN e E.life – além da NBS, que acho que não atende nenhuma das duas, mas atende Bob’s, Oi, dentre outras. E tem a FSB Comunicação também. E a Artplan. E a B2W Digital. Não vou continuar a listagem porque, além de não ter conhecimento amplo, sei que o pessoal que faz Publicidade deve conhecer muito bem essas grandes empresas que todo jovem sonha em trabalhar (ou não) – quem não conhece, pode ver já nessa pesquisa. O que difere essas opções das demais é que, neste cenário, as especificações de trabalho são ainda mais delimitadas.

Por serem agências grandes, atendendo a marcas grandes, as vagas de trabalho voltadas para a comunicação digital são tão complexas quanto o cenário multifacetado da internet e das mídias sociais pede. Geralmente não há vaga de criação de conteúdo (para internet), porque essas empresas pré-digital já têm um time bem definido de criação, com redator, DA, designer UX, etc. Também não há vagas de Analista de Adwords, por exemplo, porque o trabalho de compra publicitária é do time geral de mídia – que pode ou não ter uma divisão com foco em digital. Já as oportunidades para profissionais de inteligência são anunciadas como tal: Analista de Monitoramento, Coordenador de BI, etc.


Ainda que esses exemplos que eu trouxe sejam focados em agências, o cenário é semelhante também do outro lado, dos clientes. Pequenas empresas buscam profissionais de “Social Media” que desenvolvam uma presença digital (geralmente apenas no Facebook) para a marca; empresas um pouco maiores podem ter um departamento voltado para a área digital, portanto, oferecendo oportunidades para trabalhos um pouco mais específicos; e grandes marcas, como a própria Coca-Cola, por exemplo, que citei, têm toda a sua estratégia de comunicação desenvolvida integralmente com a interface digital, ou seja, busca profissionais (pelo menos na área de inteligência) com capacitações bem específicas.

É comum também nas vagas divulgadas em grupos cariocas a nomenclatura tradicional de “Assistente de Marketing”, por exemplo, na qual a descrição das atividades se assemelha bastante ao cenário das pequenas agências – procuram um faz-tudo. Nesse caso, o próprio marketing é banalizado ao cenário de saber mexer no Photoshop e no Facebook Ads. Essa realidade, aliás, é bastante sintomática de como as empresas têm enxergado o ambiente digital nos últimos anos, ignorando completamente o caráter de sociabilidade que a internet tem desenvolvido nos últimos anos. E aí, quando tudo vira mídia (também literalmente), quem está ouvindo? Mas a discussão sobre essa panfletagem desenfreada fica para outro texto.

Entre o Rio e São Paulo

Os cenários que descrevi acima são baseados em quatro anos de experiência empírica de participação em grupos de vagas para comunicação no Rio de Janeiro. Há pouco mais de um ano e meio, entretanto, comecei também a fazer parte de um grupo de vagas que concentra oportunidades na capital paulista. Em pouco tempo de participação, pude confirmar o que já desconfiava: o mercado de comunicação digital de São Paulo é muito mais maduro digitalmente do que o do Rio. Além da maior frequência de posts (que não tenho como comprovar, mas que aparentava ser maior do que a soma de todos os grupos de vagas do RJ juntos), as oportunidades eram de abrilhantar os olhos.

Esse encantamento me levou a fazer uma análise exploratória das vagas publicadas no grupo, para que pudesse levantar quais eram as oportunidades mais frequentes e quais requisitos eram mais solicitados dentro de cada área – o resultado pode ser visto nesse post: “Quais os conhecimentos mais requisitados em vagas de mídias sociais/digital?”. Apesar de alguns obstáculos metodológicos (que cito no texto), consegui mapear as principais formações, conhecimentos (técnicos), ferramentas, linguagens e fluência de idioma foram mais comuns para vagas de Business Intelligence, Criação, CRM, Métricas, Mídia, Monitoramento, Social e Community Manager.

O trabalho de Community Manager, por exemplo, é uma realidade quase exclusiva do mercado paulista. Durante esses anos que estive nos grupos de ambas as cidades, enquanto vi (e continuo vendo) várias vagas com essa descrição em empresas e agências de SP, nunca encontrei nenhum anúncio com essa nomenclatura em vagas do RJ. E antes que apareçam com algum link para me mostrar alguma vaga no Rio com esse job title: não estou dizendo que não existe, mas que é muito mais raro – ou até inexistente – enquanto no outro “grande pólo”, as oportunidades são muito mais numerosas e qualificadas – em todos os sentidos. A própria existência do grupo, que especifica “Social, BI, Mídia, Digital”, já diz muito sobre o mercado paulista.

Considerações finais

A proposta deste texto não tem como intenção deixar ninguém triste (ou irritado). A ideia surgiu, na verdade, de uma pergunta que fizeram em um desses grupos de vagas para a área de comunicação, na qual uma pessoa formada em Design perguntou como era a área de marketing digital no Rio, pois estava pensando em fazer uma especialização. No momento, respondi de maneira curta e extremamente resumida, apenas para dar conta do questionamento levantado. Alguns dias depois, achei que seria interessante fazer esse post para compartilhar algumas das minhas visões (que estão mais que abertas para constatações) e falar um pouco de como enxergo o mercado.

Muitas pessoas veem no marketing digital ou nas mídias sociais uma oportunidade de emprego “fácil”, já que o número de empresas – de todos os portes – anunciando só cresce. Nesse cenário, há muitos questionamentos, pelo menos em grupos de vagas do RJ, sobre fazer ou não uma especialização/pós-gradução/MBA voltada para marketing digital. A minha resposta, nessa situação, é sempre: depende. Depende do seu repertório, da sua experiência, do que você procura, etc. Particularmente, sou mais a favor de cursos livres ou de média duração – só é preciso ter muito cuidado na hora de escolhê-los. No entanto, conheço excelentes profissionais que dão aula na Infnet, FACHA, FGV e ESPM.

O “mérito” dos cursos livres é que, na verdade, eles representam uma mobilização do mercado em torno de uma contínua capacitação e qualificação dos profissionais de comunicação digital. Junto a eles, estão também palestras, simpósios, workshops e summits que desenvolvem todo um “ecossistema” de debates, trocas e aprendizados que só colaboram na evolução de agências, clientes, empreendedores, etc. Embora o Rio esteja começando a desenvolver esse ciclo produtivo de conhecimento compartilhado (com instituições de cursos livres de qualidade como a M2BR Academy e a Lapa Comunicação), ainda não há uma mobilização de eventos voltados para o digital.

No próximo mês acontece o Share Talks Edição Rio. Será a primeira vez que o evento realiza uma edição carioca e, talvez, quem sabe, pode ser o início de todo um processo evolutivo que estamos precisando. Por ora, o line-up dos palestrantes já diz muito: dos 14 apresentados, somente 2 trabalham no Rio de Janeiro – enquanto 10 trabalham em São Paulo. Eu não sei exatamente o quê, mas acho que isso diz muito sobre o mercado carioca e sua consequente relação com o mercado paulista. Enquanto isso, no Rio, social media continua sinônimo de criação/mídia e marketing digital continua sinônimo de marketing de performance.

Quais os conhecimentos mais requisitados em vagas de mídias sociais/digital?

No terceiro ou quarto período da faculdade, quando intensifiquei a minha busca por um estágio, tive uma ideia que nunca saiu do papel: catalogar as vagas enviadas na lista de e-mail do curso para contar quais eram os requisitos mais pedidos pelas empresas, visando, desta forma, possuir dados concretos do que eu precisava aprender e quais habilidades técnicas precisava desenvolver (para conseguir um estágio). Nessa época, entretanto, eu não sabia direito o que eu procurava enquanto profissional, nem muito menos tinha consciência do que o mercado de trabalho teria a me oferecer.

No ano passado, alguns anos depois dessa ideia que nunca foi para frente, me veio novamente a vontade de fazer algo semelhante. Não lembro perfeitamente de onde ressurgiu esse interesse, mas acredito que foi algo que me apeteceu em algumas das minhas constantes visitas a grupos de vagas no Facebook. Desta vez, além de contabilizar os conhecimentos e habilidades mais requisitados, surgiu também a curiosidade de entender outras particularidades, como as semelhanças e diferenças entre as descrições das vagas por áreas e o modo como elas se relacionam ou se diferenciam entre si. Depois de postergar a ideia por mais um tempinho (alguns meses), pude finalmente colocá-la em prática com uma metodologia completamente exploratória que pensei para a execução.

Fiz o seguinte: pedi a uma amiga dona de um grupo de vagas no Facebook focado em digital/social que rapidamente tornasse o grupo público para que eu pudesse puxar os dados dos posts com a netvizz. Como a base era muito grande (e eu apenas uma pessoa), optei por tratar apenas um ano de posts de vagas naquela comunidade. Com os dados no Excel, a única classificação que fiz foi referente à vaga/área daquele post, para que pudesse tratá-los em categorias no momento da análise. No entanto, considerei apenas as vagas que traziam, junto ao anúncio em si, pelo menos um requisito ou função daquele trabalho – afinal, era a partir desse recorte que seria feita a análise por vaga/área. Para fazer a contagem, utilizei a Voyant Tools e listei os termos mais frequentes, criando um ranking com comando simples de COUNTIF no próprio Excel.

O resultado desse trabalho eu compartilho humildemente logo abaixo. A intenção é mostrar aos estudantes, estagiários e aspirantes quais conhecimentos e habilidades eles precisam desenvolver para seguir uma carreira nas seguintes áreas. Com isso em mãos, é possível procurar por cursos específicos, treinamentos online, tutoriais de ferramentas, etc. Ratifico também que a classificação das áreas/vagas que criei foram baseadas no meu post original sobre a Profissão Social Media, ou seja, há algumas generalizações – como a complexa área de Criação, por exemplo. Além do mais, deixei de fora cargos como Atendimento, Gerente de Projetos, UX, Desenvolvedor Front-end, dentre outras, que estão relacionadas ao universo de digital (proposto pelo grupo), mas que não se encaixam no conteúdo do blog.

Business Intelligence

A área de Business Intelligence, assim como quase todas as outras, não é essencialmente de mídias sociais. No entanto, como tem mostrado a pesquisa d’O profissional de inteligência de mídias sociais nos últimos anos, o termo foi apropriado pelos profissionais da área de comunicação que viram na internet (e, mais especificamente, nas mídias sociais) uma ascensão da preocupação com a mensuração de resultados principalmente nas plataformas online. Além disso, o próprio termo “inteligência” se tornou um aparato argumentativo importante para mostrar às empresas como os dados (tanto de mídias sociais como quaisquer outros de negócios) eram capazes de gerar valor à marca.

O foco no valor (e, principalmente, nos números) explica por que Matemática é a Formação mais requisitada dentre todas as vagas analisadas. Aliás, a maioria das formações ou são ou dialogam diretamente com a área de exatas: Administração, Economia, Engenharia, Ciência da Computação, Física e Sistemas da Informação. De intrusas, Publicidade aparece no top 3 (após Administração) e Comunicação Social está no final da lista. Com um nível de sofisticação em alta, principalmente para saber mexer nas diversas ferramentas listadas a seguir, saber Inglês é pré-requisito – bem distante de Espanhol, mas que também pode ser um diferencial; aqui, vale citar que Português nem chega a ser citado, não porque não é importante, mas porque é o básico do básico do básico.

A lista de Ferramentas exigida é provavelmente a maior dentre todas as áreas: são ferramentas de métricas (Google Analytics, Facebook Insights, YouTube Analytics), de mídia (Google Adwords, Facebook Ads, Twitter Ads) e análise/dataviz (Microsoft Excel, Tableau, Qlikview, Microsoft PowerPoint). Destacam-se também principalmente, além das ferramentas nativas das plataformas, as de monitoramento (Scup, Socialbakers, Brandwatch) e as de mídia programática (DSP, DMP, DCM, Adserver). Embora o termo de BI tenha sido apropriado majoritariamente por profissionais de monitoramento/métricas, é possível perceber o quanto o mercado tem caminhado para um lado mais focado em mídia, para pensar estrategicamente (quase de forma científica) a análise e aplicação dos dados.

Isso fica ainda mais evidente quando observamos os Conhecimentos mais requisitados. Além de pedir habilidades intrapessoais como Raciocínio Lógico e Capacidade Analítica, são pedidos diversos conhecimentos com relação à manipulação para análise de dados, seja como “habilidade geral” (CRO, SEO) ou em ferramentas específicas como Excel (VBA, Macro, ProCV). Os conhecimentos de Séries Temporais e Regressões também indica uma inclinação à Ciência de Dados, ratificado pela exigência tímida porém “diferencial” em várias vagas quanto a Linguagens de programação (destaque para SQL, Python e R).

Confira o ranking completo abaixo:

Formação
  1. Matemática
  2. Administração
  3. Publicidade
  4. Economia
  5. Engenharia
  6. Ciência da Computação
  7. Comunicação Social
  8. Física
  9. Sistema de Informação
Conhecimentos
  1. Capacidade analítica
  2. Tagueamento
  3. Raciocínio lógico
  4. Estatística
  5. SEO
  6. CRO
  7. Heatmap
  8. VBA
  9. Macro
  10. ProCV
  11. Séries Temporais
  12. Regressões
  13. Inbound
Ferramentas
  1. Google Analytics
  2. Excel
  3. Adwords
  4. Facebook Ads
  5. PowerPoint
  6. Tableau
  7. Facebook Insights
  8. Adobe Omniture
  9. Pacote Office
  10. Qlikview
  11. YouTube Analytics
  12. Tag Manager
  13. Scup
  14. Socialbakers
  15. Twitter Ads
  16. Adservers
  17. Data Studio
  18. Keynote
  19. LinkedIn Ads
  20. Twitter Analytics
  21. DSP
  22. comScore
  23. Alteryx
  24. Audience Center
  25. Brandwatch
  26. DCM
  27. Flurry
  28. Iconosquare
  29. MixPanel
  30. Quintly
  31. Radian6
  32. Salesforce
  33. Klipfolio
  34. SEM Rush
  35. Stilingue
  36. Teallium
  37. DMP
  38. Navegg
Linguagens
  1. SQL
  2. Python
  3. R Programming
  4. R Stats
  5. HTML5
  6. JavaScript
  7. PHP
  8. ASP

Community Manager

Diferentemente da área de BI, Community Manager (como o próprio nome já indica, Gerente de Comunidade) não é uma “área”, mas especificamente um cargo. No entanto, também como BI, é um termo que se popularizou com a profissionalização do mercado de mídias sociais. Embora o título e a função varie de acordo com as empresas e (talvez principalmente) regionalmente, segundo descrição da trampos, “a função do Community Manager (CM) consiste em criar conteúdos e fazer interações de acordo com a linguagem da marca”. É o famoso “heavy user” de mídias sociais (sem querer soar pejorativo), só que profissionalizado.

Antes de entrar nos requisitos, preciso eticamente ratificar que a base de dados para a análise do cargo foi bem escassa. Isso é um reflexo também da “impopularidade” do termo, que ainda tenta se consolidar no mercado – mas também se refere ao período “curto” de recorte da análise (apenas um ano). Ainda assim, de acordo com as vagas divulgadas e fazendo também uma correlação com a matéria anteriormente citada, é possível perceber como o CM é um “Social Media evoluído”. Ele analisa, produz e responde. É o responsável por uma comunidade inteira. Em outras palavras, é o “social media” que deu certo.

Por isso os Conhecimentos mais requeridos são tão diversos: Redação, Monitoramento (que também detém as ferramentas mais citadas, Scup, Seekr e Buzzmonitor), Gestão, SAC, Planejamento, Performance (aqui, Facebook Ads). No entanto, eu argumentaria – mais pela análise quali do que quanti – que a função de Community Manager atravessa principalmente as áreas de planejamento, criatividade e relacionamento (o trabalho de monitoramento serve como base desse trabalho). Ainda assim, faço o mea culpa e ratifico que o banco de dados foi muito pequeno para tentar desenvolver qualquer argumentação sólida. Espero poder desenvolver algo maior e mais concreto ainda este ano.

Criação

 

Como mencionei na série Profissão Social Media, generalizei bastante a área de Criação – embora não tenha nada incongruente, apenas ratifico que coloquei diferentes funções técnicas no mesmo guarda-chuva criativo. Isso quer dizer que aqui temos Redatores, Designers (só aqui há várias ramificações de trabalho, para Web, UX, etc.), Diretores de Arte, Conteudistas em geral, dentre outros. No entanto, o foco é praticamente o mesmo para todos eles: são esses famosos criativos que vão elaborar o produto final – seja uma peça, um site, um banner, um vídeo, etc. É importante lembrar que o grupo onde foi feita a análise é de vagas para “digital”, ou seja, não há apenas trabalhos específicos para mídias sociais, mas engloba outras vertentes do online também.

A Formação que mais se destaca, como já era de se esperar, é Publicidade – e suas vertentes de Marketing. Em seguida, temos Comunicação Social, Design, Jornalismo e Administração. É curioso perceber, no entanto, como as vagas têm seguido um caminho para além da criação comum que conhecemos – dialogando cada vez mais com a frente de desenvolvedores e programadores. Os Conhecimentos em UX, UI, CSS e até mesmo SEO mostram como a área criativa está se adaptando à tecnologia (também, de certa forma, a partir de dados). Outros conhecimentos como Inbound, Monitoramento e Métricas reforça o caráter digital atribuído à área, que tem na internet um vasto campo de desenvolvimento tanto para dentro (pensando os profissionais) quanto para fora (pensando os usuários/consumidores).

Dentre as Ferramentas mais citadas, temos principalmente o famoso Pacote Adobe: Photoshop, Illustrator, InDesign, After Effects e até o DreamWeaver. No entanto, encontramos também várias outras consequentes do cenário digital, como WordPress para blog; Google AnalyticsScup, Seekr e Buzzmonitor para monitoramento e métricas; Hubspot e RDStation para inbound/e-mail marketing; Instamizer e Hootsuite para gestão, dentre outras. Esse cenário mostra que os criativos não vão deixar de lado seu cerne de criatividade, mas estão se adaptando às novas realidades interacionais digitais que podem vir a sustentar vários dos seus insights de criação.

Para você que trabalha com esta área, vale reforçar a importância de um portfólio (mesmo que seja óbvio, apareceu na nuvem de tags mas não coloquei em nenhuma categoria porque não se encaixava, embora fosse constante). Destaco também, além de mergulhar nos estudos sobre tecnologia (apenas reforçando), vários casos em que a vaga pedia por pessoas “apaixonadas” por certo universos – principalmente entretenimento, cultura pop e games. A Nathália Capis, no curso da CoLab, ratificou essa importância de desenvolver projetos paralelos que não apenas criem portfólio, mas (e talvez principalmente) mostre um pouco mais sobre você.

Ferramentas
  1. Photoshop
  2. Illustrator
  3. InDesign
  4. WordPress
  5. Pacote Adobe
  6. Blog
  7. Pacote Office
  8. Premiere
  9. After Effects
  10. Google Analytics
  11. Dreamweaver
  12. Sketch
  13. Scup
  14. Seekr
  15. Buzzmonitor
  16. Excel
  17. Adwords
  18. PowerPoint
  19. Socialbakers
  20. Hubspot
  21. Hootsuite
  22. MLabs
  23. Instamizer
  24. iMovie
  25. Hugme
  26. Gain
  27. Adobe Muse
  28. Adobe Flash
  29. Bootstrap
  30. Unbounce
  31. RDStation
  32. Corel
  33. Animate
  34. Prezi
Conhecimentos
  1. UX
  2. UI
  3. CSS
  4. SEO
  5. Inbound
  6. Gestão
  7. Tipografia
  8. Métricas
  9. JavaScript
  10. Edição de Vídeo
  11. Monitoramento
  12. Estatística

CRM

Assim como a base CM, as vagas de CRM também foram relativamente baixas (comparada às demais). No entanto, acho importante falar sobre essa área aqui porque vejo vários conteúdos abordando o assunto mas pouco falando sobre a profissãoCRM é a sigla em inglês de “Customer Relationship Management” (Gestão de Rleacionamento com o Cliente), cuja descrição da Salesforce explica bem: “se refere a um conjunto de práticas, estratégias de negócio e tecnologias focadas no cliente que, desde pequenas e médias, até grandes empresas, podem utilizar para gerenciar e analisar as interações com seus clientes, antecipar suas necessidades e desejos, otimizar a rentabilidade e aumentar as vendas e a assertividade de suas campanhas de captação de novos clientes.”

Assim como BI, o termo foi nos últimos anos apropriado pelas ferramentas de monitoramento de mídias sociais que também associam frequentemente esse trabalho ao famoso SAC 2.0. Deste modo, CRM/SAC 2.0 se consolida no mercado simplesmente como relacionamento com cliente, muitas vezes focado apenas na interação e sem dar a devida atenção ao valor que essa interação, quando transformada em dados, pode gerar às empresas. No Brasil, vários casos de interação entre marcas e clientes (bancos, varejos, etc.) viraram “cases” de mídias sociais, na era áurea da popularização e profissionalização do mercado. Nos últimos anos, no entanto, os usuários se acostumaram com as mirabolanças (sem querer soar pejorativo) e há pouco destaque para esses casos.

Seguindo, enfim, para as vagas, percebemos que não há preferências quanto à Formação: Publicidade, Jornalismo, Administração, Relações Públicas, Comunicação Social e até Sistemas de Informação aparecem com números semelhantes. Nos Conhecimentos, Monitoramento e Gestão se destacam, seguidos de habilidades de Redação e SAC. E as ferramentas seguem em consonância: Excel, Pacote Office, PowerPoint, Photoshop, Google Analytics, Scup (monitoramento), Illustrator e Salesforce (monitoramento/CRM). É importante pontuar que algumas dessas habilidades, novamente, ultrapassam as “barreiras” das mídias sociais – isso acontece porque, no grupo, algumas vagas de analista de CRM englobam tanto mídias sociais quanto e-commerce, por exemplo.

Assim como as demais áreas de dados, há uma tendência cada vez maior de integrar as informações das mídias sociais a demais informações de negócios. Embora isso seja essencial e urgente, acho que ainda falta um debate mais humano de como trabalhar o relacionamento com os usuários (não apenas clientes) de maneira sofisticada. Geralmente são grandes empresas que têm esse cuidado, principalmente banco (Bradesco, Itaú, etc.), que precisam desse fluxo de atendimento, mas também outras grandes companhias como Coca-Cola, Vivo, Avon, dentre outras.

Métricas

Enquanto fazia a classificação das vagas, fiquei na dúvida se unia os cargos de Métricas e monitoramento ou trazia de forma separada. Embora as duas atividades sejam bastante entrelaçadas no mercado (como a própria nuvem de palavras ilustra), achei que seria melhor tratá-las separadamente – até porque a maioria das vagas tinham funções específicas de monitoramento ou métricas (sem contar os cargos mais expandidos de BI, que já considerei de forma distinta anteriormente). As vagas daqui, portanto, são específicas de métricas – em sua nomenclatura.

Assim como Business Intelligence, a área de Métricas têm valorizado cada vez mais Formações em cursos de exatas: Administração, Matemática, Estatística, Economia e até Engenharia aparecem dentre as mais citadas, com Publicidade correndo por fora. Isso é reflexo de uma “cultura de dados” cada vez mais consolidada no país: de acordo com uma pesquisa da MediaMath em parceria com o Winterberry Group, “36% dos executivos aumentaram seus investimentos em marketing e publicidade orientados por dados, em comparação com 26% no ano anterior”. No entanto, há um recorte regional importante a ser considerado nesse contexto, como bem pontuou José Calasanz neste post – e que é refletido na minha análise, já que a maioria das vagas são de São Paulo.

De qualquer forma, esta é uma realidade que (mesmo que encontre certas dificuldades de se consolidar em alguns mercados específicos) não tem volta. A supremacia do Excel no topo da lista de Ferramentas mostra como tratar e analisar dados (das mídias sociais ou não) é uma prioridade de várias empresas. Destacam-se também ferramentas próprias (Google Analytics, Facebook Insights, YouTube Analytics) e de monitoramento (Scup, Socialbakers, Buzzmonitor, Seekr, Sprinklr). Ao que parece, as vagas de métricas têm nível mais Jr./Pleno, sendo atribuídas funções e o papel de Cientista de Dados mais aos profissionais Sênior, na área de BI. Não tenho certeza, mas essa é a impressão que eu tenho.

Formação
  1. Administração
  2. Matemática
  3. Estatística
  4. Publicidade
  5. Economia
  6. Engenharia
Ferramentas
  1. Excel
  2. Google Analytics
  3. PowerPoint
  4. Scup
  5. Facebook Insights
  6. YouTube Analytics
  7. Socialbakers
  8. Buzzmonitor
  9. Adobe Analytics
  10. Seekr
  11. Quintly
  12. Sprinklr
  13. Adserver
  14. Tag Manager
  15. IBM Coremetrics
  16. Webtrends

Mídia

As vagas para a área de Mídia foram, disparadamente, as mais frequentes dentre o recorte da análise. De modo superficial, pode-se atrelar esse fator a duas questões relevantes: 1) como já comentei neste post, não há mais como atuar nas mídias sociais sem pagar pedágio – muito recentemente o Facebook anunciou que tem mais de 5 milhões de anunciantes; 2) novamente, reitero que o grupo não limitava as vagas à área de mídias sociais, ou seja, algumas das posições analisadas englobavam não apenas o universo de social, mas geralmente solicitava um conhecimento mais amplo dos profissionais – como fica evidente na lista de ferramentas, por exemplo, onde várias delas são provenientes de mídia programática.

Aqui é interessante perceber que, embora seja uma área com uma abundância (e relevância) de dados cada vez maior, a Formação em Publicidade se mantém como mais requisitada em números bem além das segunda colocadas, Matemática e Estatística. Aliás, dentre todas as áreas já citadas, esta leva o título de maior variedade entre as formações: Economia, Comunicação Social, Administração, Jornalismo, Relações Públicas, Ciências Humanas e Engenharia. O conhecimento da língua inglesa também foi bastante reforçado em várias oportunidades, o que mostra uma exigência mais clara e talvez dialogue com o fato de que várias das ferramentas utilizadas são completamente em Inglês. Como diferencial que pode gerar valor ao candidato, o Espanhol também aparece com bem mais frequência do que nas demais áreas.

Ao observarmos os Conhecimentos, percebemos o que mencionei anteriormente, para além das mídias sociais: são fatores de mídia digital como um todo (Display, Search, Links Patrocinados, Shopping, Remarketing, SEO, Retargeting, Dashboards, Inbound) e de mídia programática (RLSA, Truview). Dentre as ferramentas, essas categorias se repetem: mídias de social (Facebook Ads, Twitter Ads, LinkedIn Ads, Instagram Ads, Power Editor), mídia digital (Adwords, Google Analytics, Bing Ads), mídia programática (DSP, DCM, Bid Manager, Adservers, ) e ferramentas de pesquisa de mídia “tradicionais (TGI, Ibope, ComScore, Ipsos) – a lista completa você confere abaixo. Se você é um profissional em busca de realocação, saiba que o mercado de mídia (digital, não apenas social) é pulsante.

Formações
  1. Publicidade
  2. Estatística
  3. Matemática
  4. Economia
  5. Comunicação Social
  6. Administração
  7. Jornalismo
  8. Relações Públicas
  9. Ciências Humanas
  10. Engenharia
Conhecimentos
  1. Display
  2. Programática
  3. Search
  4. Links Patrocinados
  5. Shopping
  6. Remarketing
  7. SEO
  8. Native Ads
  9. Dashboards
  10. Tagueamento
  11. Inbound
  12. Retargeting
  13. RLSA
  14. Trueview Bumper Ads
Ferramentas
  1. Adwords
  2. Excel
  3. Facebook Ads
  4. Google Analytics
  5. PowerPoint
  6. Twitter Ads
  7. LinkedIn Ads
  8. Adservers
  9. Ibope
  10. Instagram Ads
  11. Power Editor
  12. ComScore
  13. Bid Manager
  14. Pacote Office
  15. TGI
  16. DBM
  17. Tag Manager
  18. DSP
  19. Turn
  20. DCM
  21. Hubspot
  22. Bing Ads
  23. Kenshoo
  24. Workstation
  25. Planview
  26. Mailchimp
  27. Supermetrics
  28. Klipfolio
  29. DMPS
  30. Ad Espresso
  31. Melt
  32. Business Manager
  33. DataXu
  34. Critix
  35. Yahoo Search
  36. Marketing
  37. Ipsos
  38. SEMrush
  39. Adobe Site Catalyst
  40. Criteo

Monitoramento

Há duas frentes que tomaram conta do trabalho de Monitoramento no mercado: a primeira, diz respeito aos cargos e funções que usam o monitoramento apenas como aporte tecnológico para interações e relacionamento com cliente (CRM, como já citado aqui); já a segunda, tão comum quanto, está relacionado a performance/buzz, ou seja, usar do monitoramento para avaliar a receptividade do público perante alguma situação (lançamento de uma campanha, ação, produto novo, etc.). Não que essas atribuições sejam rasas, mas há de se lamentar o potencial subutilizado do monitoramento de mídias sociais. Estudos de público, audiência, segmentos, personas e muitas outras análises mais profundas que não condizem com as realidades urgentes das agências de comunicação.

Diferente das demais áreas correlatas de dados, as vagas de monitoramento têm no escopo de Formação certa variedade: Comunicação Social, Relações Públicas, Sociologia, Jornalismo, Publicidade e até Matemática. No Idioma, Inglês aparece com certa frequência e Espanhol vem como diferencial – geralmente em vagas de empresas com bases na América Latina, como a LATAM. Dentre os Conhecimentos, noções de métricas são bastante valorizadas, além de tagueamento e CRM. É interessante perceber como há uma associação com métricas que parte mais daqui para lá do que de lá para cá. Talvez isso esteja associado ao fato de que o monitoramento foi associado a métricas no contexto de mídias sociais, mas web analytics surgiu e se consolidou de forma independente.

Dentre as Ferramentas, a predominância de plataformas de monitoramento como era de se esperar: Scup, Socialbakers, Seekr, Sprinklr, Brandcare, Tweetdeck, Radian6, Brandwatch, Vtracker – fora dessa curva, mas ainda se destacando, estão Pacote Office: principalmente Excel e PowerPoint. Há também, entretanto, ferramentas de métricas (Facebook Insights, Twitter Analytics, YouTube Analytics, Google Analytics – além das próprias ferramentas de monitoramento que também trazem módulos específicos de analytics) e até de mídia (Facebook Ads). Comparado às demais áreas “de exatas”, entretanto, a lista é relativamente curta – mais importante do que saber manusear, é saber “estrategicizar”.

Formação
  1. Comunicação Social
  2. Publicidade
  3. Relações Públicas
  4. Jornalismo
  5. Sociologia
  6. Matemática
Conhecimentos
  1. Métricas
  2. Tagueamento
  3. CRM
Ferramentas
  1. Scup
  2. Excel
  3. Socialbakers
  4. Seekr
  5. PowerPoint
  6. Facebook Insights
  7. Twitter Analytics
  8. Sprinklr
  9. Brandcare
  10. Tweetdeck
  11. YouTube Analytics
  12. Radian6
  13. Pacote Office
  14. Quintly
  15. Brandwatch
  16. Facebook Ads
  17. Vtracker
  18. Google Analytics

Planejamento

Como a nuvem de palavras já indica, o profissional de Planejamento precisa ter um amplo guarda-chuva de conhecimentos sobre várias e diferentes nuances de negócios/comunicação (social e digital) – mesmo que esse não seja aprofundado, mas pelo menos relativamente sólido. Entrarei em mais detalhes sobre a função no próximo capítulo da série Profissão Social Media, mas achei interessante pontuar esse fator porque é algo que tenho visto constantemente em artigos, debates e materiais sobre a área – em suma, é esse lema: repertório importa (e muito!).

Nas vagas analisadas, foram poucas que exigiram especificamente alguma Formação para o cargo – dentre esse seleto grupo, apareceram Publicidade, Comunicação Social e (para destoar completamente) Estatística. A proficiência em Inglês, entretanto, foi ressaltado em diversas oportunidades, sendo o Espanhol tratado novamente como diferencial (semelhante ao Monitoramento). Os Conhecimentos estão em consonância com o que falei anteriormente (de tudo, um pouco): Performance, Métricas, UX, Monitoramento, Inbound, Web Analytics, CRM, SEO, Design Thinking.

Na lista de Ferramentas, que também segue essa pluralidade de conhecimentos, acho interessante pontuar um fato curioso: foi a primeira vez que o PowerPoint apareceu na frente do Excel dentre todas as áreas – se juntar com a frequência do Keynote, dispara ainda mais. No mais, temos ferramentas de mídia (Adwords, Facebook Ads), de métricas (Socialbakers, Google Analytics, Omniture), de monitoramento (Scup, Seekr) e de criação (Photoshop, FinalCut). Arrisco dizer que, para trabalhar com planejamento, é preciso ter mais habilidades “qualitativas” do que técnicas (além do já mencionado repertório).

Conhecimentos
  1. Performance
  2. Métricas
  3. UX
  4. Monitoramento
  5. Inbound
  6. Web Analytics
  7. CRM
  8. SEO
  9. Design Thinking
Ferramentas
  1. PowerPoint
  2. Excel
  3. Keynote
  4. Adwords
  5. Facebook Ads
  6. Socialbakers
  7. Google Analytics
  8. Scup
  9. Omniture
  10. Seekr
  11. Adservers
  12. Twitter Ads
  13. LinkedIn Ads
  14. Photoshop
  15. FinalCut
  16. iMovie
  17. TGI

Social

Por fim, analisei as vagas cujo título remetiam de alguma forma ao trabalho de Social Media (ou simplesmente Social). Embora haja um argumento de que essa realidade generalista esteja um pouco ultrapassada, há ainda grande demanda por esses cargos “faz-tudo” – na base que analisei, ficou atrás apenas de Mídia em número de oportunidades. No entanto, o que percebo é que, diferente das demais áreas, este cargo não tem uma “funcionalidade” específica, é mais uma atribuição para indicar que: 1) o trabalho é voltado para mídias sociais e/ou; 2) você vai fazer de tudo, um pouco.

Dentre as Formações mais citadas, não há grande variedade: Publicidade, Jornalismo, Relações Públicas e Comunicação Social. Inglês é essencial e um bom Português também é pré-requisito, enquanto Espanhol continua sendo diferencial para algumas oportunidades específicas. E o profissional “faz-tudo” se concretiza ao observarmos os Conhecimentos solicitados: monitoramento, planejamento, redação, gestão, SAC, métricas, SEO, performance e web analytics. Uma vaga trouxe especificamente o pedido por: “planejamento, produção de conteúdo, programação de postagens, pesquisas de concorrentes, monitoramento e SAC”.

Todos esses tentáculos de conhecimento também se traduzem nas ferramentas, que podem ser consideradas básicas para quem trabalha no mercado, sem nenhum aprofundamento em área mais específica. Facebook Ads, Excel, Google Analytics, Photoshop, Adwords, Scup, Sprinklr, Socialbakers, Twitter Ads, LinkedIn Ads, Pacote Office, Buzzmonitor e Illustrator. Segundo o mercado, é só isso que você precisa para ser um social media e ter sua própria eu-quipe. Não que conhecimento não seja bom, mas conhecimento qualificado tem mais valor do que conhecimento generalizado.


Antes compartilhar alguns apontamentos finais, só por curiosidade, compartilho o “ranking” geral (Conhecimentos, Ferramentas, Formação, Linguagens) com todas as áreas juntas – e já deixo meu adendo: se você quiser trabalhar com digital/mídias sociais, é melhor garantir a proficiência em inglês e aprender o máximo possível de Excel:

Considerações finais

  1. Agradeço a Mariana Oliveira, dona do grupo VAGAS do <3 – Social, BI, Mídia, Digital, por ter proporcionado o trabalho. Sem isso, não teria análise! Muito obrigado, Mari <3
  2. Agradeço também a Mayara Mendes e Anna Carolina, que me ajudaram na classificação das mais de 600 vagas que coletei no período de um ano; a Ana Cláudia Zandavalle, Juliana Freitas e Kaique Oliveira, que tentaram me ajudar a não cometer gafes.
  3. Feitos os agradecimentos, algumas ressalvas importantes: este foi um projeto bem exploratório. Eu fiz (quase) tudo manualmente, na unha, apenas com o intuito de tentar levantar um cenário razoavelmente sólido do mercado.
  4. Houve, por exemplo, alguns “empecilhos” metodológicos: algumas vagas divulgam textos apenas em inglês (o que não impossibilita puxar o nome de ferramentas, mas dificulta como um todo), outras nem requisitos apresentam – apenas divulgam a oportunidade; dentre outras coisas.
  5. Peço desculpas e um pouco de paciência caso eu tenha cometido alguma gafe ao falar sobre áreas que desconheço, principalmente Mídia. Se há alguma correção a ser feita, por favor, peço a sinalização para que eu possa consertar no texto.
  6. Reforço que foi um estudo exploratório. Há muita coisa que poderia ser feita (e espero que seja, algum dia): analisar um recorte maior para conferir a evolução dos requisitos de mesmos cargos; verificar as demandas por grupos e (principalmente) por estados; usar uma base de dados mais ampla, como de sites específicos de vagas para ampliar as informações; dentre várias outras coisas.
  7. Com uma demanda e oferta cada vez maior de cursos livres de mídias sociais e marketing digital, esse é um tipo de estudo que pode ajudar muito a elaborar cursos pensados em caixinhas para profissionais e áreas específicas.
  8. Não sei se tenho permissão para divulgar publicamente a planilha porque há informações razoavelmente restritas nela, mas pode entrar em contato que tentamos conversar alguma maneira de fazer isso.
  9. Obrigado!

CoLab Social Media: conteúdo, criatividade e comunidades (6/6)

E chegamos, enfim, à conclusão do curso CoLab Social Media da Trespontos. Foram nove módulos e seis posts: 1) comportamento do consumidor e planejamento estratégico para as mídias sociais; 2) real-time marketing; 3) mídia online (plataformas, estratégias e práticas); 4) métricas, relatórios e dataviz; 5) monitoramento; 6) e, agora, por fim, conteúdo, criatividade e comunidades. Uma carga-horária de 40h de material com um time de feras com muito conteúdo, de fato, a oferecer: Vivian Jung (LiveAD), Felipe Attílio (W3haus), Kelli Lima (Mirago), Julie Teixeira (Remix), Marcel Ayres (COM) e Nathália Capistrano (Artplan). Antes de me despedir, entretanto, preciso continuar a minha missão de compartilhar conhecimento desta vez com os últimos dois módulos da formação: conteúdo e comunidades.

Preciso ratificar que Nathália Capistrano fechou com chave de ouro o curso. E o curioso é que eu não sei exatamente o porquê, uma vez que a área de criação nunca me apeteceu (e, de certo modo, eu sempre me afastei propositalmente). No entanto, a publicitária formada em Design que trabalha como supervisora de criação na Artplan parece ter uma capacidade incrível de fisgar a atenção do aluno para ouvir o que ela tem a dizer – qualidade essa que só tinha conhecido em outra professora ao conhecer o trabalho da Dani Rodrigues. Ou seja, prestei (muita) atenção a tudo que ela tinha a dizer, compartilhar, até mesmo não sendo a minha área. Talvez o fato de que ela fez uma “contextualização histórica” do trabalho e do mercado também tenha me fascinado, já que esse sim é um tema que me chama a atenção e que eu tenho bastante curiosidade de entender o panorama que se desenvolveu na última década.

Foi muito interessante, portanto, descobrir que um dos primeiros trabalhos de mídias sociais no Brasil começou há praticamente 10 anos, no Orkut: ela começou fazendo “seeding”, que era basicamente entrar em comunidades importantes para as marcas e tentar gerar conversas a respeito de algum assunto determinado que tivesse relação com o universo da empresa. Eu gostaria muito de ler algo a respeito de uma espécie de genealogia histórica das mídias sociais a partir do trabalho das marcas. Há uma tentativa desse registro no capítulo “O mercado de inteligência de mídias sociais” da Ana Cláudia Zandavalle para o livro do IBPAD, mas como as constatações são baseadas em dados da pesquisa do profissional de monitoramento/métricas (inteligência) que começou apenas em 2011, há uma lacuna histórica entre a realidade contada pela designer e o registro do livro – sem contar também o recorte para o mercado de inteligência. Ou seja, fica aí uma dica de projeto bacana.

Acho mais do que importante ter esse registro histórico porque precisamos, enquanto mercado, ter uma noção de onde viemos e para onde pretendemos ir. Ela conta que, no início da década (ou seja, o Orkut já estava praticamente morto), o cenário era meio esquizofrênico: as marcas tinham como premissa que precisam entregar o máximo possível de conteúdo aos clientes para que elas não perdessem a sua atenção, portanto, havia uma curadoria de links e várias postagens por dia; não satisfeitas, ainda buscavam uma onipresença em todas as mídias sociais simplesmente como forma de marcar território – e, na maioria dos casos, o conteúdo era replicado em diferentes plataformas; ainda não satisfeitas, muitas vezes criavam uma página/perfil para cada produto ou iniciativa da marca, ou seja, uma presença confusa e difusa. Era também dessa época o mito do crescimento orgânico (importante já que o orçamento para digital era quase nulo ou inexistente), após a popularização estrondosa do Facebook, que nos faz refém até hoje.

“O always on é sempre estar presente onde os usuários/consumidores/público-alvo está. Era muito encarado duma forma que tínhamos que ter três posts por dia, estar com minha grade de conteúdo amarradinha, porque senão eu não sou mais relevante para essa pessoa, ela vai esquecer de mim, vai me trocar pelo meu concorrente. O always on começou a ser repensado, ele não é mais encarado da mesma forma. Você não precisa ter a sua ‘gradezinha’ de post e vender isso como um produto de prateleira pro seu cliente. Agora a gente está falando de pensar nos posts e no conteúdo de uma forma mais inteligente, e não simplesmente para cumprir uma tabela (um fee que ele te pague). ‘Essa mensagem aqui é importante, como vamos fazer, qual formato vamos utilizar?’ E isso mudou a forma que a gente tem de pensar.”

Esse cenário parecia caótico e realmente bem confuso: ela conta que as empresas não enxergavam muito valor no trabalho (não convertia, não rendia vendas rapidamente, etc.) e os profissionais também não tinha muita noção de como monetizar os esforços, além de não ter ideia do valor agregado ao trabalho de branding nas mídias sociais. É claro que, já naquele momento, havia iniciativas de agências, empresas, institutos e até mesmo profissionais para comprovar o valor do trabalho de social media. No entanto, foi uma evolução gradual e bastante custosa – literalmente: o pay to play mudou o jogo. Já num contexto onde o Facebook era o rei, Mark começou a mostrar suas asinhas e matou o alcance/crescimento orgânico, o que acabou forçando as marcas a reverem suas estratégias digitais (o investimento em mídia já não era mais opcional, mas indispensável). Nas palavras da própria: “Foi péssimo na época mas foi importante para profissionalizar o mercado”.

Nesse processo de mutação constante e contínua, as grandes marcas conseguiram se adequar (aos trancos e barrancos) e as pequenas e médias empresas foram quem mais sofreram, embora algumas tenham conseguido triunfar perante os novos desafios. Se antes a ideia era que uma marca precisava ser uma espécie de revista eletrônica dos temas que lhe interessavam, hoje temos um cenário com aspecto mais publicitário, onde preza-se pela produção de conteúdo único e proprietário das marcas através da fórmula: genialidade criativa + investimento em mídia. E como traz Capistrano, os desafios não param por aí: temos hoje uma saturação das redes, com muitas marcas produzindo muito conteúdo; uma aversão às marcas  (uso crescente de ad block); uma preocupação consolidada com privacidade e veracidade, ou seja, transparência (já temos nível de maturidade para entender que as marcas querem vender, mas há maneiras de engajar o cliente de forma útil); uma avalanche de conteúdo por marcas, amigos, (web)celebridades, políticos, etc.; dentre várias outras coisas.

Alguns fatores que transformaram o cenário nos últimos anos, segundo Nathália Capistrano

#1 O mobile mudou o jogo: estamos online o tempo inteiro – “entrar” na internet já não é mais um evento específico do dia-a-dia, mas uma constante da nossa vivência

#2 Tudo é conteúdo: post, tweet, foto, snap, vídeo, gif, 360, listas, passo a passo, quizz, playlist, live, blog/vlog, ebook, tutorial, etc. – os meios são diversos, ou seja, há infinitas possibilidades de entregas criativas

#3 Vídeos dominaram (nova velha forma de se comunicar): planos 3G/4G acessíveis, wifi liberadas, autoplay, mudança de comportamento, on demand, consumidos sem áudio, legendas, hook inicial em até 5s – todos esses aspectos são importantes a serem considerados por produtores de conteúdo

#4 Tempo real virou uma demanda: tudo em tempo real (respostas, interações, eventos, memes, etc) – é tudo aqui e agora

#5 O monitoramento também evoluiu: não é mais manual, é mais sofisticado – o mercado se profissionalizou

#6 A integração on e off é crucial – TUDO É INTEGRADO.

O cenário atual, portanto, é mais desafiador, mais complexo e mais sofisticado – as empresas já sabem o valor do trabalho em social/digital, mas será que sabem como deve ser feito? Talvez essa tenha sido a indagação que mais me animou para escrever este post final. Isso porque praticamente no mesmo dia que assisti a esse módulo, recebi uma proposta de freela que pedia: “alguém que gerencie e crie conteúdo para facebook (1x por dia/ 5x por semana), instagram (1x por dia/ 5x por semana) e blog (1 ou 2x por semana)”. Ou seja, o cenário pode ter avançado e evoluído para os grandes players (marcas, agências e empresas de grande porte), mas realidade diária do trabalho de um social media solitário ainda é bem caricata. Arrisco dizer que a eu-quipe citada no curso e o Analista de Mídias Sociais (ou somente “Social Media) que faz de tudo um pouco (apresentado no capítulo do livro anteriormente citado) é a realidade predominante em todo o país.

Por isso acredito que nós, enquanto profissionais, precisamos nos responsabilizar pela capacitação qualificada do trabalho para explicar às empresas que não se trata simplesmente de fazer umas peças (ou uns posts) para o Facebook. A série Profissão Social Media que teve sua origem embrionária no ano passado e está crescendo aos poucos este ano é (mais) uma das minhas humildes tentativas de qualificar esse cenário. Uma das propostas que tenho para o blog é justamente fazer a ponte entre as realidades luxuosas das grandes agências e as realidades “verdadeiras” de um Brasil de pequenas e médias empresas. Como já disse em outro texto, se, por um lado, as mídias sociais democratizaram o acesso à produção mercadológica de mídia (mensagem, comunicação) para pequenas marcas, também banalizou o trabalho de forma bem irresponsável. Cabe, portanto, aos próprios profissionais, superar os desafios e seguir por um caminho mais sofisticado.

O que podemos fazer, portanto, além de buscar constantes capacitações profissionais de aprendizado, quanto a entregas mais sérias e reais (com foco na área de criação/conteúdo)? Nathália tem algumas dicas:

  1. Alinhar as expectativas do cliente: quais são os objetivos (e os KPIs) definidos? Além de uma entrega quanti (em números), quais devem ser as metas quali (percepções) do trabalho? Ou seja, qual é o problema de comunicação que estamos tentando superar?
  2. Decidir contextos e temas: levando em consideração o trabalho de planejamento, quais serão as áreas criativas que trabalharemos a partir do conhecimento dos produtos, iniciativos e posicionamento da marca?
  3. Aplicar esses contextos e temas em entregas reais de formatos adequados para atingir a meta: em diálogo constante com a área de mídia, como podemos utilizar o melhor que as plataformas têm a oferecer para entregar um conteúdo relevante aos usuários?
  4. Elaborar conteúdos impactantes e de fácil consumo que comunique o conceito da campanha/marca: tendo todas as pontas amarradas com outras equipes, produzir criatividade assertiva.
  5. Incrementar com um investimento em mídia adequada para as possibilidades do cliente: mais uma vez o diálogo com mídia se faz crucial, principalmente no atual contexto das mídias sociais.
  6. Verificar os resultados, aprendemos e evoluímos a partir disso: além das entregas para os clientes, a equipe de monitoramento/métricas também deve ter uma entrega interna para os criativos.

Para finalizar o papo sobre criação e conteúdo, ela ainda oferece mais algumas diquinhas úteis: abre oportunidades, mas sem forçar a barra e tendo cuidado com possíveis retaliações – ou seja, esteja atento à conversa mas tenha cautela para adentrá-la; fuja de formulinhas específicas, afinal, os públicos tendem a ser bem diferentes uns dos outros; crie uma identidade – suas imagens falam! (e ajudam a criar um laço com o usuário); lembre-se da regra da escassez: produza conteúdo único ou de maneira única – as marcas têm que entregar o que os consumidores não esperam de nenhuma outra senão ela; nada supera uma história real, verdadeira, transparente. Criação na prática: se for ad, texto curto, assertivo; se for branded, pode textão, detalhar; para conversão, pode imperativo, impositivo; para engajar, estimule a imaginação; para ter consistência, crie checklist com premissas a seguir nos entregáveis: tom solto, call to action (pra converter), etc.

Tendo colocado esses pontos importantes sobre criação, entramos num assunto que deve ser anterior à produção de conteúdo: comunidades. Parece simples/trivial, mas é provável que a maioria das marcas (pequenas e médias) que atuam nas mídias sociais não conhecem (ou aproveitam, de fato) o seu público. No entanto, são nas comunidades onde acontecem as conversas – seja num post específico, num grupo, num canal, etc. Segundo Nathália, o mercado havia perdido essa preocupação com as comunidades a partir do momento que popularidade virou sinônimo de sucesso (vide as famosas métricas de vaidade), no entanto, há um esforço recente para retomar essa preocupação com o seu público. Afinal, eles são seu (possível) consumidor final – ajudam com pesquisa, relacionamento, etc. Se você não está dialogando com ele, está falando para ou com quem? Há uma tendência recente de investir tudo em mídia sem se preocupar com quem está recebendo aquela mensagem.

As pequenas marcas podem achar que esse trabalho de pesquisa não é apropriado para elas, talvez por não existir uma comunidade ativa em sua página, entretanto, esse público-alvo está em algum outro lugar. É preciso justamente compreendê-lo em sua totalidade para pensar no conteúdo apropriado que irá impactá-lo (em todos os sentidos, tanto emocional quando midiaticamente) e chamá-lo para a sua página.  As comunidades – estando elas nos seus canais próprios ou não – fomentam a produção criativa, ou seja, o que seus seguidores falam ou o modo como se comportam online oferece munição para ideias de ação e conteúdo. Trabalhar com mídias sociais é participar da conversa, sabendo o que falar e em qual momento falar. As empresas precisam entender que são intrusas no ambiente de sociabilidade online, portanto, não podem ser aquele amigo chato com assuntos irrelevantes ou inconvenientes na conversa do bar, mas aquele convidado interessante que tem algo legal para compartilhar com a mesa.

Questões para definir se haverá um esforço pra gerar uma comunidade ou não:

  • Você conhece o seu público? Não demograficamente, mas quanto a comportamento do consumidor/hábitos psicográficos.
  • Ele está maduro para o que você deseja? Há uma congruência entre a sua proposta e o que eles esperam?
  • O que ele anda pedindo? Você sabe o que eles estão dizendo?
  • Você tem defensores e haters?
  • Quão disposto a falar com eles e não para eles você está? Não é mais unilateral, mas um diálogo.
  • Você tem uma equipe para manter essa conversa viva?
  • Sua marca tem muitos pontos fracos ou problemáticos?

A partir disso entramos em outro assunto bastante delicado, mas em constante debate: influenciadores – e eu vou dar alguns pitacos pessoais. Primeiro preciso dizer que me espanta quando vejo a desdenha que alguns profissionais da área tratam esses produtores de conteúdo quando vejo notícias sobre os mesmos em grupos de discussão no Facebook. Enquanto grandes marcas e agências já estão trabalhando diariamente com essas webcelebridades, profissionais de pequenas e médias agência ainda parecem ter bastante preconceito com esse público. Não consigo compreender como isso acontece, uma vez que eles alcançaram tudo que uma marca gostaria de alcançar. Criaram conteúdo, fidelizaram um público e reverteram isso em lucro (pessoal, vendendo a própria marca). Devíamos, enquanto mercado “amador”, aprender bastante com esse pessoal. São, de fato, creators.

E é evidente que os últimos anos consagrou algumas webcelebridades a níveis estratosféricos, com direito até a filmes nas salas de cinema de todo o Brasil. No entanto, há também produtores (blogueiros, vloggers, produtores de conteúdo para Facebook e Instagram) que possuem um trabalho de criação extremamente competente e capaz de formar um público nichado. Como sua empresa provavelmente não tem orçamento para bancar um Júlio Cocielo ou Kéfera, há ainda bastante espaço para procurar influenciadores que produzem conteúdo sem tanta popularidade. Na minha opinião, poderíamos classificar o “universo” de influenciadores em três grandes grupos, seguindo também uma lógica de cauda longa: webcelebridades (Whindersson Nunes, JoutJout, etc.), digital influencers (Fernando Escarião, Nátaly Neri, etc.) e produtores (aquele que possui apenas 2 mil seguidores no Instagram, mas tem um público extremamente engajado que se relaciona com tema/s específico/s).

No capítulo “Influenciadores” do livro do IBPAD, Gabriel Ishida, ao apresentar uma possibilidade de metodologia para mensuração desses produtores, classifica-os em três grupos: broadcasters, conectores e legitimadores. Embora seja parecido com o que mencionei, tem uma proposta mais voltada para ações/campanhas e menos pensando na perspectiva geral de seus trabalhos perante o grande público: o primeiro tem foco em awareness, ou seja, propagação; o segundo, em conectar (fazer a ponte); e o terceiro, em buscar uma autoridade em determinado assunto. Enquanto as grandes marcas têm poder aquisitivo para contratar webcelebridades/broadcasters, há bastante espaço para pequenas e médias empresas buscarem por produtores de conteúdo que se encaixam melhor num orçamento mais enxuto. E o influenciador nesse caso não precisa ter um YouTube ou uma conta no Instagram, mas pode ser uma página sobre um tema específico que já tenha desenvolvido ali mesmo uma comunidade que se conecta com os valores e posicionamento da empresa.

Slide 28 do material “Conteúdo”, disponibilizado pela Trespontos para os alunos do curso CoLab Social Media

No curso ainda discute-se as questões legais do trabalho com influenciadores (conforme minha categorização, as webcelebridades e digital influencers, especificamente), mas vou deixar de lado esse debate para desenvolver uma teoria arbitrária que tenho para mim: a Pirâmide de Maslow na criação de conteúdo em social media. Essa ideia parte de um texto de Tarcízio Silva no qual ele explica, em suma, como a proposta do psicólogo Abraham Maslow na década de 40 se relaciona com o que encontramos hoje como conversação nas mídias sociais. Sua conclusão é que “produtos que atendem necessidades fisiológicas são alvo de conversações nas mídias sociais quando atendem também necessidades simbólicas”, ou seja, quanto mais para o topo da pirâmide estiver o imaginário sobre a marca/empresa (realização pessoal, estima), maior deve ser a conversação sobre seus produtos no ambiente de sociabilidade mediada por computador.

Seguindo a mesma lógica, tenho para mim que a produção de conteúdo – pelas marcas e não pelos consumidores – também têm relação com a facilidade de comunicação com o público. Ou seja, é “mais fácil” criar conteúdo quando se está no topo da pirâmide, sendo a Netflix. Não é tão fácil dialogar com o público quando se está quase na base da pirâmide (segurança), sendo um banco, por exemplo. Isso não quer dizer que as marcas que essencialmente ocupam a base da pirâmide não consigam criar um diálogo com as pessoas online, mas que vão precisar de camadas simbólicas ligadas aos valores do topo para conseguir uma melhor interação com os usuários. É o caso do Itaú, por exemplo, com case apresentado no curso sobre o Digitaú – um banco (segurança) utilizando influenciadores para criar uma narrativa de realização pessoal e estima através do afeto com suas avós.

piramide de maslow - necessidades
Fonte: http://tarciziosilva.com.br/blog/necessidades-humanas-camadas-simbolicas-e-o-monitoramento-de-midias-sociais/

Finalizando, portanto, o conteúdo e todo o curso CoLab, compartilho aqui alguns aprendizados importantes concedidos no último módulo: pense mobile (inclusive em formato); esqueça quantidade, qualidade ganhou: pense no seu post como a publicidade pensa em print (revista) – com o benefício de trabalhar interatividade; explore e reimagine os formatos que as plataformas disponibilizam; encontre soluções para conteúdo em vídeo: produtores audiovisuais amadores ou influenciadores; influenciadores e creators são forças a serem exploradas; monitore sua comunidade: são de lá os melhores aprendizados. Um futuro não tão distante ainda vê conteúdo mais personalizado, funcionários como influenciadores, dark social e bots tomando conta, conversão em social commerce, realidade aumentada, credibilidade em alta, mais possibilidades de conteúdo live e/ou limitado, empatia compulsória e briga das plataformas por usuários (mesmas funcionalidades) para continuarem ali.

Termino este post da maneira que comecei: bastante empolgado. Motivado a continuar compartilhando conhecimento e (tentando) atingir cada vez mais profissionais que também almejem por uma evolução de parte do mercado ainda atrasada. Eu entendo que as realidades são completamente diferentes e o dinheiro não é um fator simples a ser ignorado, mas há muito o que fazer (e aprender) no desenvolvimento de um trabalho sério, compromissado, responsável e sofisticado. Parabenizo também a Trespontos e todos por trás da iniciativa CoLab, que ofereceram um conteúdo riquíssimo e de alta qualidade por um dos preços mais acessíveis do mercado. Além do mais, continuam com um esforço contínuo de mostrar que social media não é só fazer posts pro Facebook – nem fazer isso + patrocinar. É um trabalho sério, que demanda pesquisa, planejamento, criatividade e conhecimento aprofundado das plataformas.

Profissionais de comunicação, a diversidade se faz na diferença

Tive a ideia de fazer esse post enquanto assistia à mesa “Dados para conhecer melhor as diversidades”, do II Simpósio de Inteligência em Mídias Sociais do IBPAD. Na ocasião, Juliana Freitas (Abril), Fernando Montenegro (Etnus) e Soraia Lima (Senac) apresentavam seus respectivos trabalhos e projetos que têm desenvolvido acerca da temática de diversidade. Por se tratar de um tema um pouco delicado, pensei duas vezes e achei melhor deixar a ideia de lado – pelo menos por ora, o que não durou muito. Isso porque o modo como eu queria abordar o assunto fugiria um pouco da temática do blog.

Até que hoje, alguns dias depois, o blog Jovens Planners divulgou um texto ótimo que se encaixaria perfeitamente na proposta do site que lês (vou divulgá-lo com o valor que merece mais à frente). Outra feliz coincidência sobre o tema veio na divulgação do próximo Evento Share em Porto Alegre, com o painel “Conteúdo e diversidade, como fazer sua parte?”. Algumas semanas atrás, a famosa (e controversa) Meio & Mensagem também abordou assunto em dois momentos – numa “entrevista” com profissionais de publicidade e numa vídeo-matéria com grandes profissionais de comunicação voltados principalmente para a internet e mídias sociais.

Apesar de alguns pesares, fico feliz que o tema chegue em 2017 com tanta força visto as ameaças de retrocesso ideológico que já chegou aos Estados Unidos e assola o Brasil nos últimos (e seguintes) anos. No entanto, acho que precisamos ir mais a fundo nas reflexões para que possamos avançar com o debate. Esta, portanto, é a (humilde, porém ambiciosa) proposta deste texto. Acredito que o primeiro passo já foi dado. Enquanto classe trabalhadora (publicitários, comunicólogos, etc.), já fomos coagidos – sim, as marcas não são boazinhas, precisam se adaptar à conversa – que há um problema secular no mercado. Nesse cenário, algumas marcas têm arriscado um reposicionamento ardiloso mas, dando os devidos créditos, no mínimo corajoso.

Como seguimos a partir daí? Não é uma resposta fácil. Para seguirmos no debate e avançarmos na conversa, proponho uma reflexão acerca da própria palavra diversidade (sim, é uma problematização, mas é bem fundamentada e – espero – visando um crescimento). Sempre que vejo essa palavra acabo lembrando de um texto que li na faculdade e levo para a vida chamado “A produção social da identidade e da diferença”, de Tomaz Tadeu da Silva – responsável pela tradução do livro “A identidade cultural na pós-modernidade”, de Stuart Hall, outra bíblia da minha vida. Particularmente acho um dos melhores textos possíveis para entender sobre empatia, embora ele não aborde explicitamente essa questão.

Para explicar com as palavras do próprio autor, “na perspectiva da diversidade, a diferença e a identidade tendem a ser naturalizadas […] são tomadas como dados ou fatos da vida social diante dos quais se deve tomar posição”. Para superar esse problema, ele propõe uma visão crítica à instrução pedagógica socialmente aceitável do respeito e da tolerância para com a diversidade. Em outras palavras, o que ele quer dizer é que não basta levantar uma bandeira de igualdade para abordar de forma responsável a questão da diversidade – ou, melhor, da diferença – é preciso entender melhor sobre as estruturas. Sobre isso, explica:

“Por mais edificantes e desejáveis que possam parecer, esses nobres sentimentos impedem que vejamos a identidade e a diferença como processos de produção social, como processos que envolvem relações de poder. Ver a identidade e a diferença como uma questão de produção significa tratar as relações entre as diferentes culturas não como uma questão de consenso, de diálogo ou comunicação, mas como uma questão que envolve, fundamentalmente, relações de poder.”

Todo o texto é incrível e eu provavelmente trarei-o mais ao blog nos próximos meses quando estiver começando a escrever meu TCC. Para este post especificamente, o foco está nessa nona parte, que aborda a questão da pedagogia. Assim como o autor, os debates que vêm ganhando espaço nos últimos anos (graças à panela de pressão que felizmente são as mídias sociais) no mercado de comunicação tentam entender qual é a melhor maneira de tratar a questão da diversidade. Como já adiantei, para Silva, a própria ideia por trás da palavra é problemática. No texto, então, ele apresenta algumas abordagens (estratégicas) socialmente comuns:

1. Primeira estratégia: “liberal” – estimular e cultivar os bons sentimentos e a boa vontade para com a chamada “diversidade” cultural.

“O pressuposto básico é o de que a ‘natureza’ humana tem uma variedade de formas legítimas de se expressar culturalmente e todas devem ser respeitadas ou toleradas – no exercício de uma tolerância que pode variar desde um sentimento paternalista e superior até uma atitude de sofisticação cosmopolita de convivência para a qual nada que é humano lhe é ‘estranho’. […] Para essa perspectiva, a diversidade cultural é boa e expressa, sob a superfície, nossa natureza humana comum.”

– Problema central: “deixa de questionar as relações de poder e os processos de diferenciação que, antes que tudo, produzem a identidade e a diferença. Em geral, o resultado é a produção de novas dicotomias, como a do dominante tolerante e do dominado tolerado ou a da identidade hegemônica mas benevolente e da identidade subalterna mas ‘respeitada'”.

2. Segunda estratégia: “terapêutica” – aceita que a diversidade é “natural” e boa, mas atribui a rejeição da diferença e do outro a distúrbios psicológicos.

“Para essa perspectiva, a incapacidade de conviver com a diferença é fruto de sentimentos de discriminação, de preconceitos, de crenças distorcidas e de estereótipos, isto é, de imagens do outro que são fundamentalmente errôneas. A estratégia pedagógica correspondente consistiria em “tratar” psicologicamente essas atitudes inadequadas.”

3. Terceira estratégia: intermediária – apresenta uma visão superficial e distante das diferentes culturas.

“O outro aparece sob a rubrica do curioso e do exótico. Além de não questionar as relações de poder envolvidas na produção da identidade e da diferença culturais, essa estratégia as reforça, ao construir o outro por meio das categorias do exotismo e da curiosidade. Em geral, a apresentação do outro, nessas abordagens, é sempre o suficientemente distante, tanto no espaço quanto no tempo, para não apresentar nenhum risco de confronto e dissonância.”

4. Quarta estratégia – “da diferença” – antes de tolerar, respeitar e admitir a diferença, é preciso explicar como ela é ativamente produzida.

“A diversidade cultural não é, nunca, um ponto de origem: ela é, em vez disso, o ponto final de um processo conduzido por operações de diferenciação. Uma política pedagógica e curricular da identidade e da diferença tem a obrigação de ir além das benevolentes declarações de boa vontade para com a diferença. Ela tem que colocar no seu centro uma teoria que permita não simplesmente reconhecer e celebrar a diferença e a identidade, mas questioná-las.”

Trouxe essa questão ao blog – e, espero, ao debate sobre diversidade na comunicação/publicidade – porque a enxergo como central para qualquer discussão social. O Brasil é um país em que vendeu por muito tempo – e ainda vende – um imaginário de que somos um povo mestiço, miscigenado. Por isso é tão comum ver em discussões acaloradas no Facebook argumentos de “somos todos iguais” – no Dia da Consciência Negra, por exemplo, um famoso vídeo de Morgan Freeman bomba todo ano. A campanha #SomosTodosMacacos é outro exemplo fatídico.

Fomos vendidos por muitos anos midiaticamente – na TV, nos jornais, nas revistas, nas músicas, na literatura – que somos uma caldeirão de culturas, raças e etnias. Como explicou Tomaz Tadeu, essa celebração irresponsável passou por cima de importantes contextos históricos de relações de poder que penduram, obviamente, até os dias de hoje. Nós, detentores de quaisquer tipos de privilégio, temos – espero – criado uma consciência de que não somos, de fato, todos os iguais, com a ascensão de movimentos que felizmente ganharam mais voz graças às mídias sociais.

O primeiro passo para a igualdade, portanto, é perceber que não somos iguais. Isso não significa descriminar, mas entender os fenômenos históricos, culturais e sociais que diminuíram simbólica e/ou fisicamente grupos sociais em detrimento de outros grupos tradicionais sacramente institucionalizados. Para ilustrar melhor essas “diferenças”, recomendo esse vídeo abaixo do projeto ID_BR – onde fica evidente alguns privilégios mais comuns a um grupo de pessoas em detrimento de um contexto histórico mais favorável comparado a outro grupo de pessoas:

Mas a grande questão é: onde entram as marcas/empresas de comunicação e/ou publicidade? Humildemente, admito que não tenho a resposta. Talvez por isso tenha ficado tão retraído para fazer este texto. O meu próprio posicionamento ideológico não me permite pensar numa solução que parta das próprias empresas. A justificativa é simples (e razoavelmente compreensível): o único e principal intuito das marcas é vender. Ou seja, a bandeira só será levantada quando isso for conveniente. No entanto, sob uma perspectiva mais otimista reconhecendo as limitações/embates sobre o tema, trago essa citação sobre um trabalho que analisou a questão da empatia na série Sense8:

“Enquanto estivermos frente a um mundo em que a construção discursiva é fundamental para estruturar a realidade em que vivemos, precisamos falar sim sobre representação, diversidade e empatia; precisamos, sim, disputar as narrativas, discutir e quebrar os monopólios da comunicação, abrir novas formas de diálogo e possibilitar que sujeitos esquecidos, apagados, invisibilizados tenham voz, possam exercer o seu direito a significar; necessitamos, sim, discutir políticas públicas acerca da representatividade, pois, não obstante o efeito positivo alcançado pela Netflix em suas séries e em seu vídeo promocional, não pode ficar a cargo de uma empresa comercial a luta por representatividade, restando a uma parcela considerável de sujeitos sociais, que não conseguem vivenciar plenamente sua cidadania, agradecer a uma empresa, enquanto consumidores, por esta possibilitar a vivência mínima do que deveria ser garantido por lei e por políticas de respeito e inclusão.” (ENNE, 2016)

Como já discutimos no post sobre Trump, a disputa simbólica é muito importante. Enxergando as marcas e empresas como grandes atores midiáticos para a construção de um imaginário social, é possível, sim, celebrar pequenas ações afirmativas que incorporem uma luta de grupos historicamente mais silenciados. E é aqui que eu divulgo, com mais reforço, o post “Gênero e diversidade: o que podemos fazer sobre isso?” de Nathalia Andrijic no blog Jovens Planners. São algumas dicas simples, mas que podem fazer toda a diferença.

Acrescento, ainda, com ênfase, a importância de ter uma equipe pautada na diferença. Não adiantar querer falar com um público que você não conhece – ou pensa conhecer. Há grandes empreendedores negros, mulheres e LGBT especializados em compreender melhor – e com propriedade – esses grupos. Se a marca quer realmente acrescentar a essa luta (mesmo que seja pautada em interesses financeiros), que seja dando voz ou holofote a quem merece. Não precisa roubar protagonismo, basta expandi-lo.

Leituras recomendadas:

Referências bibliográficas

ENNE, Ana Lucia. Representação, empatia, diversidade e representatividade em contextos juvenis globalizados na construção narrativa da série Sense8. XII Enecult – Encontro de estudos multidisciplinares em cultura. Bahia, 2016.

Como escolher o melhor curso para o seu trabalho em mídias sociais

Quase toda semana vejo em grupos do Facebook alguém solicitando por indicações de cursos para o trabalho em mídias sociais. As respostas costumam variar a depender das pessoas que vão comentar, mas geralmente seguem um padrão de: indicações entre conhecidos/colegas da área, cursos “top of mind” (o respondente não necessariamente fez o curso, mas conhece de algum lugar e responde para se mostrar prestativo) e opções gratuitas nem sempre disponíveis em português. No meio desses comentários ainda é possível encontrar, se você tiver sorte, alguém que realmente fez algum curso e está disposto a te contar – resumidamente – como foi a sua experiência.

Embora algumas pessoas (geralmente mais experientes) ainda enxerguem esse movimento com certa descrença, trata-se de um fenômeno recente do mercado que vem crescendo pouco a pouco. Na pesquisa “O Raio X dos profissionais de Mídias Sociais no Brasil” de 2015, 48,2% dos respondentes – de uma amostra de mais de 1.000 – citaram alguma instituição ou curso profissionalizante por onde passaram. Na pesquisa “O profissional de inteligência de mídias sociais no Brasil” de 2016, 58% – de 368 respondentes – citaram a realização de algum curso livre. Em ambos os casos a porcentagem cresceu em relação ao ano anterior, o que mostra uma possível crescente para os anos seguintes. E há algum problema com isso?

Na minha humilde opinião, não. Isso mostra que as pessoas estão preocupadas em aprendizado e/ou capacitação. Como já citei em outro post, acho muito importante que profissionais que trabalham com comunicação voltada para mídias sociais – ou marketing digital como um todo – busquem conhecimento das mais diversas formas. Embora eu acredite no autodidatismo (e este blog não me deixa escapar desse termo), também compreendo as motivações que levam as pessoas a optarem prioritariamente por um curso e não uma busca e estudo de um material online, por exemplo. Eu mesmo já fiz quatro cursos voltados para a área de mídias sociais desde que comecei (também) a estudar sozinho.

Acho que o principal trunfo que um curso tem a oferecer é o importantíssimo fator da curadoria. Como também mencionei em outro post, conforme a internet vai sendo tomada por um tsunami de marketing de conteúdo nem sempre com conteúdo, fica difícil separar o bom/útil do imprestável/panfleto. Esse esforço exige um conhecimento que um estudante provavelmente não consegue ter noção, uma vez que grande parte do assunto deve ser inédito para ele. Num bom curso esse material já vem organizado responsavelmente (às vezes baseado num histórico de aprimoramento de feedbacks de alunos que já o fizeram) por um(a) professor(a) que estará disposto/a a te mostrar o melhor caminho a seguir.

Isso sem contar o ambiente propício para aprendizado, a troca com colegas que é sempre rica, o próprio networking, dentre muitas outras coisas. Enfim, somente o fato de você ter se interessado por este texto me faz acreditar que você não precisa de motivos para procurar por cursos, certo? O que você procura aqui e o que eu tenho a oferecer, conforme experiência própria e reflexões coletivas, são critérios que você deve levar em consideração na hora de escolher o curso ideal para você. Perceba que tanto aqui quanto no título o curso a ser escolhido não é somente “o melhor” (ou o ideal), mas “o melhor PARA VOCÊ”. Isso porque, como tudo em comunicação, não há fórmulas secretas nem soluções mágicas. Tudo depende do que você deseja. Portanto, aqui vão algumas ideias para te ajudar nessa busca:

1. Objetivo: o que eu quero?

Tudo sempre começa por aqui. Embora seja automático pensar que um curso vem para te fornecer conhecimento, na verdade, há outras nuances a serem consideradas. O que você deseja, de fato, com o curso? Você quer simplesmente aprender coisas novas? Com essas coisas novas você pretende produzir alguma coisa? Ou seu desejo é mais pelo networking e ambiente de encontro de profissionais da mesma área? Talvez sua intenção seja apenas a de ter um curso “de peso” no currículo, não? Essa reflexão é extremamente importante porque vai guiar todas as suas escolhas seguintes. A minha recomendação é que a decisão seja sempre por aprendizado para produzir e consequentemente fazer-se presente, mas cada um sabe o que é melhor para si profissionalmente.

2. Escopo: qual é o conteúdo?

Já neste segundo momento ter um objetivo bem definido começa a mostrar sua importância. Digamos, por exemplo, que sua missão no curso seja aprender a produzir um relatório de métricas para uma página “amiga” para criar um portfólio profissional. Talvez seja interessante observar, neste cenário, se o curso de métricas que você achou tem algum módulo voltado para a produção de relatórios – ou algum conteúdo relacionado a dataviz. Muitas vezes as pessoas selecionam um curso pelo nome e esquecem de averiguar o conteúdo programático. Entretanto, assim como a “profissão social media” engloba diferentes áreas, cada uma delas possuem diferentes instâncias que podem ter mais foco em determinado curso e menos em outro. Fique atento!

3. Professores: quem são?

Outro fator muito importante a ser considerado é o corpo docente. É bom avaliar esses profissionais como se você estivesse prestes a convidá-los para orientar seu TCC, ou seja, mais uma vez: além de ser (muito) bons, precisam ser adequados com suas expectativas. Procure no LinkedIn (talvez até no Lattes), jogue seu nome Google, verifique se ele tem algum conteúdo publicado, etc. Lembre-se que é este profissional que vai te passar o melhor conteúdo disponível para as suas demandas, ou seja, ele precisa ter muito conhecimento para literalmente dar e vender. Eu particularmente fico com o pé atrás com profissionais que se autointitulam “gurus”, porque sou incrédulo de tamanha prepotência – mas vai de cada um, de qualquer forma, é importante fazer uma boa busca sobre a pessoa para saber quem ela é e o que ela tem a oferecer.

4. Depoimentos: quem fez?

Aqui voltamos ao início do texto. Embora essa seja a prática mais comum, escolher por indicações, coloco-a no “quarto passo” porque acredito – como já disse antes – que tudo depende. O curso precisa atender às suas demandas. Este talvez seja o principal motivo de relatos diferentes acerca de um mesmo curso num grupo do Facebook. Pessoas diferentes provavelmente possuem propósitos diferentes e esforços diferentes para escolher um curso para seu trabalho – geralmente ou criando muitas expectativas ou fazendo essa escolha no automático. Os depoimentos são importantes para averiguar, depois de uma bela garimpada, a qualidade do curso. Aqui você pode sim pesquisar em grupos do Facebook – mas não mais pela busca “curso”, mas já pelo próprio nome da instituição.

Bônus: Produção de conteúdo

Um fenômeno que eu percebo dentre alguns grupos de profissionais que ministram cursos voltados para mídias sociais é um descompromisso com fazer esse conhecimento rodar para além dos ambientes de sala de aula. Talvez haja um medo coletivo de que a divulgação de algum conteúdo de cursos cause uma desistência em massa de alunos que pagariam pelo material caso este não tivesse sido divulgado de forma gratuita. Não vou negar que essa possibilidade existe, mas o “investimento” a longo prazo de ter um material de qualidade rodando a internet pode ser bem mais proveitoso (e lucrativo) para o incentivo de alunos no futuro. Ou seja, para o professor/instituição, é uma forma de propaganda – de qualidade; para o aluno, é uma forma de averiguar o conteúdo e estimular o interesse.


Todos esses critérios devem te ajudar a fazer a escolha certa na hora de encontrar um bom curso. Como mencionei lá no começo, ainda é recente essa procura crescente por cursos especializantes e de capacitação voltado para mídias sociais, ou seja, se o número de instituições que oferecem esse serviço vem crescendo cada vez mais, a tendência é só aumentar nos próximos anos. Com tanta oferta (e já me pergunto se haverá tanta demanda), os alunos precisam estar atentos às qualidades e defeitos que cada curso têm a oferecer. Minha intenção aqui é justamente apresentar esses instrumentos para que você seja capaz de fazer uma escolha responsável e inteligente. Espero que tenha sido útil!

Para fechar com chave de ouro, ainda disponibilizo uma lista com mais de 50 instituições de ensino que oferecem cursos voltados para a área de mídias sociais. Com a ajuda novamente de Mayara Mendes, procurei em grupos do Facebook e em pesquisas do mercado quais são os cursos que os profissionais andam fazendo nos últimos anos. Essa busca me trouxe pouco mais de 50 instituições de ensino que oferecem cursos para as mais diversas áreas de atuação em mídias sociais. Para catalogar, recorri à divisão que propus no post sobre a “profissão social media”, uma vez que classificar com muita especificação daria muito trabalho. Isso quer dizer que dentro de “Criação” é possível encontrar cursos de branded content, storytelling, etc.

Clique na imagem acima para ter acesso e fazer o download da planilha!

A planilha lista as instituições por ordem alfabética. Caso ela tenha sido referenciada em alguma pesquisa de mercado, recebeu uma anotação indicando tal referência. Os “Locais” são as cidades onde esses cursos costumam acontecer, mas há também uma coluna que aponta se há a opção de EAD – para profissionais do Norte e Centro-Oeste, essa é uma opção geralmente necessária. No final da tabela ainda é possível encontrar uma resposta à pergunta: há (ou já houve) um esforço da instituição em produzir conteúdo? Como já expliquei, acho muito importante que as instituições – ou seus professores – produzam conteúdo para a web. Precisamos, como mercado de profissionais, começar a compartilhar mais conhecimento.

Antes de finalizar, algumas considerações importantes: toda a minha pesquisa foi pautada por encontrar cursos voltados para a área de mídias sociais. Se eu expandisse esse cenário para uma busca de cursos de marketing digital, essa lista ficaria muito maior. De qualquer forma, há algumas instituições que também estendem esse escopo, oferecendo cursos de SEO, Adwords, Google Analytics, etc. – geralmente dentre as que também oferecem conteúdo de métricas/mídia. Outra informação importante é que eu obviamente deixei alguns cursos de fora (por motivos de mão de obra mesmo). Se você deseja colaborar com a planilha, pode entrar em contato comigo no Twitter ou aqui mesmo (nos comentários ou no contato) para que eu possa inserir mais instituições.

E para quem não possui a verba para bancar um curso, criei a aba “Certificações gratuitas” com cursos completamente online que te ensinam muita coisa. Se você também for auto-didata, a página de Slideshares daqui do site também pode ser muito útil. É bom ficar de olho nesses profissionais também porque muitas vezes bons professores não possuem uma constante frequente de cursos numa mesma instituição, ou seja, ele pode passear em diferentes lugares – o que também envolve diferentes cidades – para ministrar seus cursos. Este é o caso também de algumas aulas em faculdades ou em empresas como a IAB, por exemplo, que oferecem cursos periódicos mas sem um calendário organizado.

O importante é estar sempre em busca de aprendizado neste ambiente que muda diariamente. Por fim, algumas recomendações pessoais: cuidado com discursos totalizantes ou que prometem demais; fique atento com cursos onde não há a presença de professoras, pode ser um indicativo de que o assunto principal das aulas é a tenebrosa fragilidade masculina; para além de buscar aprendizado, busque também produzir conhecimento; cuidado com a produção de conteúdo sem conteúdo, apenas para conseguir leads; e ensinamentos de formações “tradicionais” não são ultrapassados, são a base do conhecimento que procuramos hoje. Estude. Produza. Compartilhe.

Aos futuros estagiários de comunicação (digital), com amor

[Texto originalmente publicado no LinkedIn]

Já faz um tempo que eu queria escrever este texto, mas algo sempre me parava pelo medo de parecer arrogante. No entanto, passeando mais uma vez pelo Facebook, acabei encontrando o post abaixo num grupo de vagas e dicas de comunicação para estudantes e profissionais do Rio de Janeiro que acionou o que eu precisava para falar sobre isso:

A autora ainda não revelou qual é a sua área de formação ou de trabalho (que é importante saber, uma vez que o guarda-chuva de Comunicação abrange diferentes linhas de produção), mas não pude deixar de me identificar com a mensagem. Para isso, um pouco de contexto: no primeiro semestre de 2015, dois anos atrás, eu já estava chegando à metade do meu curso de graduação. Embora tivesse sido monitor de duas disciplinas durante esse tempo, estava ansioso para buscar algo que me inserisse – mesmo timidamente – no mercado de trabalho. Por sorte (e um pouco de esforço), consegui um estágio numa pequena agência digital de Niterói.

Antes disso, a mesma frustração do post citado me acompanhava: todo mundo queria um estagiário, mas ninguém queria (ou estava disposto) a ensinar. Quando finalmente encontrei um estágio, percebi outro problema: o trabalho de mídias sociais tinha caído no colo dos estagiários de maneira irresponsável e desleal – chequei a escrever timidamente sobre isso na época (depois aqui). Fiquei três meses infeliz fazendo diariamente postagens quaisquer para Facebook e Instagram. Tive que aprender a usar o Photoshop na marra, só para suprir uma suposta necessidade de publicar diariamente nas mídias sociais, mesmo sem nenhuma perspectiva e planejamento.

É válido pontuar isso porque mostra que conseguir um estágio às vezes é apenas a primeira fase do problema. Nesse contexto insatisfatório, já tinha tido contato com uma pesquisa sobre o mercado de profissionais de mídias sociais que me levou a fazer um curso sobre métricas – e que eu não tinha a possibilidade de colocar os aprendizados em prática porque, naquele cenário, o importante era apenas produzir e nada mais. Toda essa frustração me levou a procurar mais sobre o assunto, procurando materiais online que me ensinassem coisas que uma graduação comum não poderia. E achei muita coisa. Muita! Precisava me organizar e me disciplinar. Como?

Foi aí que surgiu a ideia de criar um blog: Estudando Social Media (hoje, insightee). Primeiro fiz a curadoria do máximo de conteúdo online sobre mídias sociais que eu pude achar (principalmente métricas e monitoramento, áreas com as quais eu já flertava depois de conhecer um pouco sobre elas). Depois, defini uma agenda de postagens que me desse disciplina para não desistir e comecei a publicar, semanalmente, dois ou três textos em forma de “resenha” sobre o que eu aprendia com os cursos/workshop que fiz, e-books, materiais do Slideshare, etc. Os produtores desses materiais começaram a tomar conhecimento do esforço e eu fui criando uma presença digital notável.

Essa notoriedade (e esforço) contou a meu favor quando, alguns meses depois, tendo saído do primeiro estágio para me dedicar melhor ao blog, tive uma oportunidade de concorrer a uma vaga para trabalhar com monitoramento no meu segundo estágio. Alguns meses depois, quando resolvi sair para buscar novos aprendizados, minha chefe me contou (acredito que pela primeira vez) o quanto foi importante o fato de eu ter um blog para falar sobre meus estudos. Como ela mesma disse, ainda que eu nunca tivesse trabalhado de fato com monitoramento, eu mostrava dedicação, iniciativa e desejo de aprender. Ou seja, o blog se tornou quase que um portfólio “estudantil” para mim.

Toda essa história é para mostrar o quanto um simples (porém trabalhoso) projeto digital me ajudou nessa trajetória. E não para por aí: meu atual estágio também foi conquistado graças ao blog. Com seu crescimento no último ano (conheci muitas pessoas que trabalham na área e acreditaram em mim desde o começo – principalmente devido à dedicação), já recebi pelo menos cinco propostas de estágio e emprego sem nem ter que enviar currículo. O networking ajuda, é claro, mas ter um projeto que demonstre iniciativa, força de vontade, dedicação e responsabilidade é a melhor vitrine de si mesmo que você tem a oferecer.

Sempre que eu falo sobre isso lembro de dois textos que li logo no começo do blog, um da Mariana Oliveira e outro do Gabriel Ishida, ambos sobre como entrar no mercado de trabalho. Qual coisas eles tinham em comum?: estudar e produzir. E é isso. É simples, mas não é fácil. Dá trabalho, o resultado demora, mas uma hora vem. Recomendo a quem trabalha com mídias sociais (ou marketing digital) a leitura de ambos os textos, mas também ofereço algumas recomendações para se destacar nesse mar de gente formada e formanda das áreas de comunicação:

Esteja minimamente consciente dos seus objetivos profissionais

Embora as outras etapas sejam trabalhosas, esta é talvez a mais difícil. Como descobrir o que você quer fazer para o resto da sua vida com 22 anos (ou com 18, já que temos que escolher um curso para passar no vestibular)? É muito injusto, mas a boa notícia é que dá para mudar de direção no meio do caminho. Você pode, sim, começar a se interessar ainda novo por publicidade e, aos 28 anos, descobrir que você gosta mesmo é de fazer bolsas artesanais – ou, para ser mais específico, você pode começar se interessando por métricas e depois perceber que sua função preferida é a de Community Manager. O importante é ter bem delimitado um interesse exploratório, inicial, que sirva para guiar as etapas seguintes – este post pode te ajudar.

Procure onde encontrar conteúdos que te ensinem um pouco sobre seu interesse

Se você trabalha com comunicação voltada para marketing digital e mídias sociais, a internet é uma mina de ouro: sites de agências e ferramentas estão produzindo mais conteúdo do que nunca com o boom do marketing de conteúdo (às vezes fica difícil diferenciar material de qualidade e panfleto, mas com o tempo você percebe os diferenciais); diversos profissionais consagrados no mercado divulgam no Slideshare apresentações em palestras, conteúdos de cursos e outros materiais de estudo que podem (e devem) ser consumidos por quem quer aprender; e empresas como Rock Content, Hubspot e o próprio Google oferecem certificados e atividades gratuitas para que você potencialize seu currículo de marketing digital.

Caso queira algo mais estruturado, ainda há a opção de cursos voltados para a área de marketing digital e mídias sociais. Eu já fiz cursos no Atlas Media Lab, Quero Ser Social Media e IBPAD, e é uma ótima forma de conhecer pessoas do mercado. Saindo um pouco da área de mídias sociais, há ainda mais cursos sobre Adwords, SEO, mídia digital, etc. – são muitos, e um bom lugar para pesquisar sobre eles são os grupos do Facebook (use a barra de pesquisar do lado direito). Para quem prefere primeiro se aventurar por aulas gratuitas, há plataformas como FutureLearn e Coursera que oferecem cursos gratuitos. O próprio Facebook tem plataformas de aprendizado como o Facebook Blueprint. Recentemente também descobri o Hootsuite Academy e estou fazendo o curso da Trespontos que também é online e gratuito.

Produza (ou: apareça)

Essa é a parte mais importante. Temos todas as ferramentas e instrumentos nas nossas mãos, podemos (e precisamos) mostrar o que temos a oferecer. E não precisa ser um blog sobre seus estudos, depende da sua área de interesse: se você gosta de criação, pode tentar pedir a uma pequena marca (ou uma ONG) para produzir conteúdo para mídias sociais; para planejamento, você pode fazer o mesmo, oferecendo uma espécie de “consultoria” que una pesquisa, estratégia e um pouco de conteúdo; em monitoramento, um protótipo de relatório de algum tema do seu interesse pode ajudar a compor portfólio. O importante é colocar em prática os aprendizados e mostrar (pro mundo) o que você tem a oferecer. Tem que se colocar na vitrine, sim, infelizmente.

Para finalizar, queria voltar ao post que desencadeou todo esse texto e me direcionar à autora (e também a todos aqueles que estão na mesma situação) com empatia: eu sei que não é fácil. É ainda mais difícil quando sua situação financeira é mais urgente e precária do que a privilegiada que me sustentou por toda a vida. Eu sei que não posso passar por cima dos processos de cada um e ignorar fatores sócio-econômicos que podem pesar bastante. O problema é maior e nem eu nem ninguém conseguimos resolver. A minha intenção aqui foi oferecer dicas práticas que me ajudaram a superar toda essa frustração que também mantive no início. Não é a única nem a melhor solução, mas é uma oportunidade que pode ser muito bem explorada.

E se você quiser produzir algo em conjunto, saiba que as portas estão abertas! Uma coisa que eu descobri durante esse tempo é que networking (foi ele que me direcionou, mesmo sendo pautado pelo trabalho com o blog, aos convites de estágio) é importante, sim, e o melhor tipo acontece na internet, onde as pessoas são mais gentis, honestas e possuem interesse genuíno quando algo lhes agrada – sem contar que o alcance aumenta e muito, né? Fica a dica.

Compartilhar conhecimento é bom pra todo mundo

A sexta edição da pesquisa “O profissional de inteligência de mídias sociais no Brasil” me trouxe uma ótima notícia: o insightee – blog que criei a partir do Estudando Social Media – apareceu no top 10 das respostas dos blogs e/ou portais que servem de referência na área. Uma honra que recebi com muita humildade, mas também com muita responsabilidade – afinal, o que eu, com 1 ano de experiência, tenho a oferecer aos profissionais do mercado?

Quando criei o Estudando Social Media em 2015, a minha intenção era fazer uma curadoria dos conteúdos disponíveis na internet que servissem de material educativo para profissionais da área e criar uma espécie de “caderno virtual” que mostrasse às empresas que eu não tinha experiência (para conseguir estágio), mas tinha interesse e principalmente dedicação ao assunto. Os primeiros posts eram espécies de “resenhas” de materiais que o Scup (à época, com o ótimo – e hoje falecido – blog Ideas) compartilhava a partir da criação de profissionais que já trabalhavam no mercado, como Gabriel Ishida, Mariana Oliveira, Cinara Moura, etc. Esse era o processo: eu lia, marcava os destaques (estudava) e depois compartilhava os aprendizados no blog.

E talvez essa tenha sido a minha maior contribuição como referência na área. Não produzi, mas compartilhei conhecimento. Colaborei para que o conteúdo rodasse, fosse redistribuido, consumido de forma consciente, sem compartilhar por compartilhar ou ler por ler – mas absorvendo o máximo do aprendizado que o material poderia oferecer. Embora a área de mídias sociais seja ainda muito nova, o meu pensamento desde então (que prevalece até hoje) é que não é inteligente tentar inventar a roda todos os dias no digital. Se podemos aprender uns com os outros e ajudar o mercado a evoluir, esse deve ser o caminho responsável a se fazer.

Retomando a pesquisa citada no começo do texto, 83% dos 368 participantes responderam que o local onde mais aprenderam sobre o trabalho foi na própria rotina do dia a dia (resultado semelhante a 2015, 84% de 296). Embora eu concorde que o aprendizado empírico é riquíssimo, ainda considero esses números bem elevados para o que poderíamos construir enquanto comunidade e ajudar na evolução do mercado. Nesse sentido, o crescente interesse por cursos livres (na pesquisa, de 2015 para 2016 houve um aumento de 47% para 58% dentre profissionais que fizeram algum curso livre) mostra que os profissionais estão, sim, preocupados em se capacitar, aprender novas (boas) práticas, trocar aprendizados e melhorar suas atuações profissionais.

Para quem não tem a oportunidade de fazer cursos (seja por motivos financeiros ou geográficos), resta o aprendizado online. Os “materiais online”, que correspondem a 51% da fonte de aprendizado dos respondentes, são com certeza ótimos métodos alternativos de aprendizado para quem trabalha na área. O grande problema é que com a popularidade do chamado inbound marketing e marketing de conteúdo nos últimos anos, fica cada vez mais difícil fazer uma filtragem qualificada do que é, de fato, um material educativo e instrutivo para o trabalho em mídias sociais e o que é apenas um PDF com mais imagens do que texto que não está preocupado em ensinar, mas a vender uma ferramenta, uma empresa, uma plataforma, etc.

O grande indicador que me fez enxergar o material do Scup como fonte de aprendizado qualificada foi a autoria ser concedida a profissionais que já trabalhavam com monitoramento. Na grande maioria das vezes, quando o conteúdo de “ensino” é publicado sem uma autoria profissional, mas da empresa, trata-se de um material feito apenas para gerar leads, vender, melhorar SEO. Estampar o carimbo do nome de um profissional experiente tende a indicar um trabalho mais cuidadoso e responsável, afinal, nenhum profissional respeitável que se preze deseja associar seu nome a um conteúdo meia-boca. Ou seja, o conhecimento (na internet), quando quer ser compartilhado e atribuído qualidade, vem num tom mais pessoal do que corporativo. Portanto, por que não blogs?

A última frase deste slide da quarta edição da pesquisa mostra um cenário que ainda não mudou, com grandes portais sobre comunicação, internet e publicidade em geral continuando como fontes de referência na área. E para não continuar apenas com a pesquisa em questão, trago também uma conclusão do resultado da 1ª edição da pesquisa “O raio-X dos profissionais de mídias sociais no Brasil“, realizada pela trampos em parceria com a Alma Beta. Ao elaborar a seção da pesquisa em que referências deveriam ser indicadas pelos respondentes e visto a escassez das respostas, fizeram o seguinte alerta (que permaneceu na 2ª edição, mesmo mudando o caráter das perguntas):

“A realidade é que um a cada dois profissionais de Mídias Sociais do país está trabalhando no escuro, sem grandes referências do que pode fazer ou até onde pode chegar. Há uma parte positiva, que poderia supor a chegada de ideias novas com gente nova. Mas a falta de referências acarreta também em repetição de erros. […] Do lado do profissional, também é imprescindível se interessar mais pela curta, mas existente história sobre o mercado de Mídias Sociais brasileiro e internacional. Buscar cases e melhores práticas contribui com um trabalho mais assertivo, o que torna a área mais respeitada e acaba contribuindo até nas questões salariais tão reclamadas nesta pesquisa.”

Retorno à pergunta: por que não blogs? Sim, é bem verdade que a explosão de blogs tenha acontecido nos últimos anos como nunca mais tínhamos visto desde os primórdios de sua proliferação na década da passada. No entanto, como já mencionei anteriormente, são blogs majoritariamente corporativos, interessados em conseguir cliques, leads, e-mails, etc. Embora alguns ainda (mesmo com esse propósito) oferecem um conteúdo de qualidade (como é o caso do Simply Measured, que eu sempre elogio; e do próprio IBPAD, se me permitem), a grande maioria se tornou um canal de conteúdo genérico, repetitivo e cansativo sobre marketing digital e mídias sociais. Quem, portanto, irá nos salvar?: nós mesmos.

Por que criar um blog: profissional de 2/3 anos de mercado

Você, assim como eu, não possui uma bagagem muito grande e repertório suficiente para produzir conhecimento para a área. No entanto, você pode – e foi por nós que eu mudei o título do texto! – compartilhar conhecimento. A primeira impressão que tive quando criei meu blog foi que havia muito material disponível para estudar, era só procurar – ou seja, a nós, cabe a curadoria. Com o tempo, os aprendizados adquiridos tanto na rotina quanto nos estudos se entrelaçam e podem virar fontes de conteúdo inédito e ainda mais enriquecedor. Esse é o caminho mais seguro para quem deseja entrar no mercado: produzir conteúdo online, como já ensinaram aqui e aqui.

Por que criar um blog: profissional de 3 a 6 anos de mercado

Você já tem bastante conteúdo e bagagem para produzir conhecimento para a internet, mas provavelmente não tem tanto tempo assim para fazer isso. Tudo bem, eu entendo que as demandas e as pressões estão cada vez piores. No entanto, este tipo de trabalho pode dar mais visibilidade ao seu repertório profissional. Na pesquisa do profissional de inteligência de mídias sociais, nos três últimos anos, pelo menos 8 dos 10 profissionais têm algum material online produzido e compartilhado – seja blog, Slideshare, etc. Isso pode abrir portas para que instituições de ensino (de cursos livre ou pós/especialização) te convidem para dar aula e para que departamentos de RH te enxerguem com mais cautela.

Por que criar um blog: profissional com mais de 6 anos de mercado

Você já viu e viveu muita coisa, mais do que seu analista pleno descrito acima. Enquanto a visão dele possa ser mais operacional, seu posicionamento pode enriquecer o debate se trouxer um conteúdo estratégico que ajude o mercado a argumentar com áreas financeiras, gerenciais, etc. Além disso, tanto a sua produção de conteúdo quanto a do seu analista ajuda para que vocês encontrem, na próxima vaga aberta na empresa, profissionais (e estagiários) mais capacitados, que já conhecem um pouco do desenvolvimento do trabalho graças à sua colaboração gratuita. Ou seja, todo mundo sai ganhando: ele porque pôde aprender mais antes de praticar e você porque vai ter um profissional responsável já ciente de suas atribuições e responsabilidades.

Enfim

Todos nós desejamos que o mercado evolua. Para evoluir, precisamos construir uma rede que vá além de “tira-dúvidas” em grupos de discussão no Facebook e construa um diálogo aberto, transparente e responsável para o trabalho que desenvolve em mídias sociais. Isso não significa produzir em ritmo industrial tais quais os blogs corporativos de ferramentas e plataformas com textos pobres sobre mais do mesmo, mas tentar desenvolver uma responsabilidade pessoal de ajudar para melhorar. Peço desculpas pela brincadeira com as palavras, mas é inacreditável que de “social” só tenhamos a função/o cargo. Quando produzimos conhecimento e discutimos melhores práticas, estamos ajudando todo mundo. É bom para mim, é bom para você, é bom para todos.

Para 2017, já tenho em vista vários “projetos” que desejo desenvolver para o blog no sentido do texto proposto. Tendo começado ainda este ano, com a produção coletiva do post Profissão Social Media: áreas de atuação e fontes para estudo, pretendo continuar convidando profissionais para escrever sobre o trabalho, compartilhar aprendizados e construir uma fonte digna da referência na pesquisa. Caso você não esteja disposto a se comprometer à criação de um blog, esse talvez seja um bom caminho: seja o convidado no post de um colega. O conteúdo ainda flui e a conversa só enriquece.

Por mais responsabilidade com o termo “Social Media”

[Texto originalmente publicado no LinkedIn]

Hoje abri o Facebook e me deparei com a divulgação de uma vaga de “Estágio em Mídias Sociais”. Na descrição, a pessoa explicava que as principais funções seriam criar artes (peças publicitárias) e fazer a edição de vídeos – dois pré-requisitos essenciais para o trabalho. Reli o título para confirmar: o anúncio era de “Estágio em Mídias Sociais”.

Esse não é um fenômeno recente e também não é a primeira vez que eu vejo algo do tipo – na verdade, é tão comum que chega a ser considerado normal. É o reflexo da democratização das ferramentas e plataformas de criação e comunicação com o advento da internet e a popularização das mídias sociais. Ou seja, o que era para ser bom foi reapropriado pelas empresas que conseguiram achar uma maneira de terceirizar e desvalorizar os esforços de comunicação digital.

Para fazer uma comparação absurda, porém analogicamente razoável: imagine que você, aprendiz de cozinha, está à procura de um emprego. Na busca, encontra uma vaga que pede que suas principais atribuições sejam produzir diferentes tipos de salgados e doces para uma marca (não pode reclamar, eles te darão todos os ingredientes e ambiente necessário para isso). No fim, sua comida não servirá de alimento para ninguém, mas serão tiradas fotos dos pratos para publicar no Facebook. Logo, achou-se apropriado anunciar a vaga como “Estágio em Mídias Sociais”.

Na minha perspectiva, isso revela pelo menos duas coisas (que são bem relacionadas): 1) certa “cegueira” de profissionais dispostos e entusiasmados em trabalhar com/em Social Media; 2) um aproveitamento desonesto das empresas que tentam colocar um véu de Social Media nas funções exercidas para justificar trabalhos extremamente dedicados e salários pífios. De certa forma, ambas fazem parte do fenômeno de um mundo corporativo – e social, diga-se de passagem – que ainda não entendeu (ou não quer entender) o trabalho em mídias sociais (mesmo 10 anos depois).

Aliado a esses fatos ainda há um mercado jovem, pulsante e desafiador que não se responsabiliza em elucidar – ou pelo menos definir e impor limitações responsáveis a – o(s) escopo(s) de trabalho em/com Social Media. Isso não significa excluir do vocabulário ou abolir o uso do termo/da definição “Social Media” (ou “Xoxo Media”, o que desvaloriza ainda mais o trabalho), até porque, como eu disse antes, a democratização dos meios de comunicação/produção foi ótimo para muita gente, mas agir com mais responsabilidade (e até rispidez) quando for falar do trabalho.

Às empresas, cabe parar de desvalorizar e menosprezar o trabalho em mídias sociais. Ao mercado (profissionais), cabe um discurso mais rígido e responsável quanto às funções do trabalho. E ao trabalhador/freelancer/Social Media/Analista de Mídias Sociais, cabe compreender todo o ecossistema de trabalho para se munir de ferramentas (capacitadoras e discursivas) que fortaleçam o seu desenvolvimento profissional.

Profissão Social Media: áreas de atuação e fontes para estudo

[Post feito com a colaboração de Mayara MendesMari Ferreira e Juliana Freitas]

É muito difícil, para quem está começando, conseguir enxergar todo o ecossistema de Social Media. A chamada profissão Social Media”, na verdade, engloba diversas áreas de atuação e práticas profissionais diferentes, tanto referentes à democratização da produção e acesso aos canais de mídia quanto ao caráter essencial das novas plataformas e tecnologias da comunicação. No entanto, quem começa a trabalhar com mídias sociais sem o reforço de um curso de graduação apropriado geralmente tem dificuldade de identificar todos os tipos de prática dentro desse universo comunicacional.

Para além disso, é importante admitirmos que a grande maioria dos profissionais trabalhando com mídias sociais são “novatos” da comunicação (digital). A primeira pesquisa d’o perfil do Social Media brasileiro realizada pela trampos em parceria com a Alma Beta elencou cinco “tipos” de profissionais: novato, júnior, empreendedor, sênior e freelancer, sendo os dois primeiros (estagiário e analista jr.) a maioria esmagadora a responder à pesquisa. Baseado no que tenho visto enquanto entusiasta e estudante (e estagiário atrás de vagas), enxergo pelo menos três níveis de maturidade das empresas que reflete nos tipos de profissionais e suas atuações:

1) O mundo ideal: aquele profissional (jornalista, publicitário, etc.) que trabalha em médias ou grandes agências/empresas, cujo escopo de trabalho é bem delimitado e específico para tratar de questões que correspondem apenas à sua formação e experiência profissional;

2) O mundo da fantasia: o profissional que já trabalha numa agência de publicidade e comunicação, mas que acaba sendo (muitas vezes o único, mas também numa equipe mais curta) responsável pelos esforços de comunicação online/digital/em mídias sociais;

3) O mundo real: um profissional independente, geralmente freelancer, que atende a pequenas e médias empresas e é também um faz-tudo: pesquisa, planeja, produz, publica, promove, etc. (quando fisicamente possível).

No mercado glamourizado e extremamente restrito da publicidade brasileira, é evidente que o que mais encontramos por aí – também graças à descentralização de poder comunicativo proporcionada pelas mídias sociais – é o mundo 2 e o mundo 3 (com algumas nuances, mas essencialmente dentro dessas condições). Ao mesmo tempo em que a popularização do “profissional de mídias sociais” foi benéfica ao trazer para jogo várias oportunidades de um mercado historicamente bem fechado, também resultou num desgaste – ou numa desvalorização – das atividades práticas que envolvem o marketing digital.

Nesse contexto, alguns profissionais buscam cursos livres, cursos de especialização e cursos de pós-graduação/MBA para procurar uma qualificação mais responsável à sua área de atuação. No entanto, mesmo aqueles determinados em se capacitar para obter um diferencial encontram certa dificuldade para se localizar naquele “universo” de possibilidades que instituições de ensino têm a oferecer. Como, frente a tanto conteúdo, encontrar aquilo que: 1) é útil para sua atuação profissional; 2) é com o que você aspira trabalhar; 3) dialoga com o que você enxerga para o seu futuro profissional?

A proposta deste post, portanto, é te ajudar a encontrar as respostas para essas perguntas. Não é para o profissional já bem acomodado no mundo da publicidade e que tem noção de todos os micro-universos da comunicação, mas para quem está começando ou deseja começar nesse mundo e tem interesse em procurar mais fontes para estudar e desenvolver cada uma dessas habilidades. A ideia é jogar uma luz no que está por trás da “profissão Social Media” e ajudar tanto o profissional que quer começar, que está começando ou que pretende se especializar, a encontrar a área de atuação que mais lhe contempla.

Com ajuda de Mari Ferreira, Mayara Mendes e Juliana Freitas, elencamos 7 áreas baseado no que temos visto em sites de vagas, experiência profissional, grupos de discussão no Facebook e consumo de pesquisas sobre o mercado. Não são exatamente setores ou departamentos da área digital, mas “práticas de atuação” que se expandem e se desdobram em várias outras especializações. Se você compreende que há alguma incoerência na divisão ou nas próprias descrições, sinta-se mais que convidado para compartilhar a sua opinião – nos comentários – e enriquecer o texto para que a discussão se expanda e mais pessoas possam ter uma visão concreta de como encontrar a sua área (pretendo atualizar o post conforme esses feedbacks vão surgindo).

monitoramento

Monitoramento

Eu diria que a área de monitoramento de mídias sociais é umas das aqui listadas com mais “representatividade” (com ênfase nas aspas) no mercado, ou seja, cujo escopo de trabalho ficou mais evidente com o passar dos anos, por diversos fatores – a popularização de empresas especializadas, pesquisas específicas, profissionais referência, etc. Arrisco dizer também que o trabalho de monitoramento tenha ganhado tanta força porque atravessa diversos outros campos não apenas nas mídias sociais, mas na própria internet.

O livro Para Entender o Monitoramento de Mídias Sociais, organizado por Tarcízio Silva ainda em 2012, traz colaborações de vários autores que dialogam com o trabalho de monitoramento em diferentes perspectivas: SAC e Social CRM, mensuração (métricas), SEO, relações públicas, netnografia, pesquisa de mercado, etc. Alguns anos antes, Silva desenhou uma definição para o trabalho de monitoramento que se tornou referência em diversas pós, especializações e MBAs ao redor do país:

O Monitoramento de Mídias Sociais consiste na coleta, armazenamento, classificação, categorização, adição de informações e análise de menções online públicas a determinado(s) termo(s) previamente definido(s) e seus emissores, com os objetivos de: (a) identificar e analisar reações, sentimentos e desejos relativos a produtos, entidades e campanha; (b) conhecer melhor os públicos pertinentes; e (c) realizar ações reativas e pró-ativas para alcançar os objetivos da organização ou pessoa de forma ética e sustentável” (SILVA, 2010).

Particularmente acho o trabalho de monitoramento extremamente “gratificante” (não sei se essa seria a palavra correta, mas não consegui pensar em nada melhor) porque ele é bastante representativo do fenômeno das mídias sociais na última década, onde as pessoas se apropriaram de um espaço tecnológico e criaram um novo contexto de sociabilidade. E onde há social, há oportunidade (valor) – é como se fortalecem os dois (ou três) próximos itens, sobre os quais escreverei pouco por falta de conhecimentos avançados.

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– Pesquisa

Pesquisa e monitoramento não seriam a mesma coisa? Não exatamente. Eu diria, com humildade, que o monitoramento é uma metodologia de pesquisa, ou seja, um modo de executar o trabalho investigativo. Isso quer dizer que há outras formas de fazer pesquisa nas mídias sociais – várias delas, inclusive, herdeiras da “tradicional” pesquisa de mercado: surveys, entrevistas, etc. – tudo no contexto de mídias sociais. Aqui o que chamo de “pesquisa” está mais ligado à tradicional pesquisa de mercado, que geralmente tem foco maior na indústria, no público-alvo, nas plataformas, na sociedade como um todo e não exatamente nos consumidores.

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– (N)Etnografia

Como mencionei anteriormente, a sociabilidade que se instaurou no ciberespaço abriu caminho para que “novos” processos de significação criassem um espaço simbólico de trocas interacionais. Ou, simplificando: se as pessoas vivem a internet, há culturas atravessando esse espaço – com isso, alguns métodos de pesquisa “tradicionais” (pré-internet) foram herdados para esse novo contexto. Embora seja uma herança mais academicista, algumas empresas já reconhecem o valor da pesquisa etnográfica e incorporam essa prática aos seus departamentos. Em termos muito (muito!) simplificador, trata-se de métodos das ciências sociais para o estudo das culturas.

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– Análise de Redes

Outro método de pesquisa também filho da academia é a análise de redes sociais (ARS). No Brasil, esse tipo de análise despontou de alguns anos para cá principalmente como recurso para compreender disputas discursivas no campo da política nas mídias sociais. Embora haja uma resistência do mercado em adotar esse tipo de metodologia para a análise de dados, ela oferece perspectivas únicas para analisar conversas nas mídias sociais e pode ser muito útil para estudos que queiram focar na disseminação de informação/atores em rede – no caso de influenciadores, por exemplo.

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planejamento

Planejamento

A parte de planejamento é talvez uma das mais importantes e ao mesmo tempo mais subestimadas de social media (pelo menos em pequenas agências/empresas). Planejar, como a própria palavra indica, significa – de certa forma – antecipar-se, procurar medidas eficazes para esquematizar uma ação em prol de um objetivo. Nesse sentido, para o contexto da comunicação (digital), o planejamento está ligado a estudar e compreender cenários para desenvolver planos de atuação responsáveis que deem conta de resolver um problema comunicacional.

O profissional de planejamento, portanto, precisa estar de olho no mercado, nas plataformas, nos consumidores, nas novas tecnologias, nas culturas, na sociedade, etc. Ou seja, conhecimentos em Publicidade e Propaganda, Marketing, Jornalismo, Estudos de Mídia, Relações Públicas, Sociologia, Psicologia e Administração são muito bem-vindos. O planner precisa ter uma visão bem panorâmica de todo o cenário (social, digital, econômico, cultural, etc.) para saber estruturar responsavelmente os esforços de comunicação.

Em suma, sabe aquela importante história de que não adianta falar sem propósito (mesmo nas mídias sociais, onde isso é fácil e geralmente gratuito)? A proposta de planejamento está alinhada justamente a esse argumento. É unir pesquisa, estratégia e criatividade para pensar a comunicação e desenvolver minuciosamente toda a estrutura de um esforço comunicacional responsável (embasamento teórico é fundamental) para solucionar um problema.

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criacao

Criação de Conteúdo

Talvez este seja o tópico mais apropriado para reforçar que esta lista não se trata exatamente de profissões específicas, mas de áreas (ou “práticas”) que envolvem a comunicação digital. O que indico aqui como criação de conteúdo, por exemplo, contempla diferentes profissionais da área de publicidade, como redatores, designers, diretores de arte, produtores audiovisual, etc. – os famosos “criativos”. É aqui onde a estratégia do planejamento vira tática criativa; o problema é que grande parte dos trabalhos de social media passam por cima do planejamento para simplesmente criar peças criativas e publicá-las de qualquer forma no Facebook, Instagram, etc.

Isso não quer dizer que o trabalho criativo não seja tão importante ou seja menos importante que o de planejamento, mas é que são extremamente complementares e dependentes entre si. Sempre aliado às áreas de pesquisa e planejamento, a produção de conteúdo orienta-se em estratégias de criação focadas na brand persona definidas para cada marca/cliente. Definir o tipo, a linguagem, o tom e a identidade visual no ambiente digital é um passo fundamental para dar consistência ao seu conteúdo, passar uma mensagem clara ao seu consumidor e não deixar ruídos na comunicação com seu público-alvo.

Tendo embasamento do planner, o profissional de criação consegue “guiar” sua criatividade para responder às demandas pré-estabelecidas. Isso permite que ele “brinque” dentro dos trilhos, sem limitar sua criatividade, mas orientando sua criação para aquilo que é necessário. Acho importante ressaltar isso tanto para o contexto da internet onde o “meme pelo meme” não tem valor – embora a adequação da linguagem é mais do que necessária, mas sempre dentro de um contexto pensado, planejado e estruturado -, quanto para o glamour, luxo e riqueza da publicidade para publicitários de Cannes. 

Por fim, é nesse contexto criativo que vão surgir termos comuns como storytelling, gamification, branded content, transmídia, etc. São formas criativas de contar histórias (para vender, porque no final das contas é isso), geralmente pautadas nas peculiaridades (e novidades) das plataformas e nos hábitos culturais da sociedade. Ou seja, é ainda mais indício de que planejamento e criação precisam andar de mãos dadas, porque enxergar bem o(s) cenário(s) só facilita – e estimula – a criatividade.

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gestao

Gestão de Conteúdo

O que aqui estou chamando de gestão de conteúdo dialoga um pouco com o trabalho de planejamento. No entanto, não tenho certeza que essa seja uma posição/ocupação comum nas agências ou setores de publicidade de grandes empresas. Seria, talvez, algo associado à função de Gerente de Projetos – aquele que coordena os jobs – mas a ideia aqui é mais específica, provavelmente mais comum em pequenas agências ou trabalhos de freelancers.

Fazer a gestão de conteúdo aqui está ligado à prática de organizar esquematicamente a comunicação nas mídias sociais. Ou seja, é desenvolver calendário de postagens, categorizar mensagens, planejar ações, etc. É ter a senha do Instamizer e do Hootsuite, sabe? É a pessoa que ama planilhas e calendários. Não é quem vai desenvolver a arte para o Facebook, mas quem vai fazer o pedido ao designer (se não for o próprio) e colocar a peça na rua.

Ratifico que não acredito que seja um cargo “real” em médias e grandes agências, mas é uma atividade importante – e comum – para quem atende marcas de pequeno porte (seja como freelancer ou numa pequena agência digital). Não substitui de forma alguma o trabalho de planejamento (!), mas é um passo inicial aceitável para quem deseja avançar da irresponsabilidade de “postar apenas por postar” nas mídias sociais.

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relacionamento

Relacionamento/SAC 2.0 (+ Community Management)

Para falar de relacionamento, já tendo elencado gestão e criação de conteúdo, acho importante abrir um parênteses para falar de Community Management. Embora acredite que não haja uma definição fixa do trabalho desse profissional, matérias sobre Community Managers explicam que se trata justamente da união do que foi descrito de gestão, criação e – agora – relacionamento com os consumidores. O dia a dia deste profissional pode envolver desde a criação de posts, arte/peças, até a criação de replies, comentários e alguns insights do cotidiano.

Destaco essa profissão porque acredito que, pelo menos em sua essência, ela reforça um dos principais valores da “revolução” das mídias sociais na relação entre consumidores e marcas: criar uma atmosfera de comunidade. Não, não é fácil: para empresas pequenas, porque é difícil reter o público num espaço em comum; nem para empresas grandes demais (e facilmente odiáveis, como bancos), porque as discussões saem do controle. Mas é importante ter em mente que as mídias sociais (diferente de outros canais da própria internet, até) não foram feitas para atendimento, mas para relacionamento – mesmo que seja uma tarefa difícil.

Muito se fala sobre o que de fato seria o SAC 2.0 e eu acredito que todo debate é enriquecedor, mas o foco dessa área é fato: pessoas – ou, melhor, usuários. Trabalhar com relacionamento (ou atendimento, como preferir) nos sites de redes sociais exige um esforço organizacional que estruture processos de maneira, rápida, clara e eficaz. Trata-se de antecipar as demandas dos usuários e fertilizar o terreno para colher qualquer pepino inesperado que venha a surgir. Isso envolve mapear, ouvir, dialogar, resolver, conectar e responder. Não é uma tarefa fácil, mas extremamente necessária – principalmente no universo digital.

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socialads

Facebook Ads/Social Ads

Esta talvez seja a área que mais cresceu no “mercado de social media” no último ano. Se antes estavam todos felizes porque os canais tinham sido “democratizados”, a preocupação foi grande quando o Facebook matou o alcance orgânico e mostrou as asinhas de quem detém o poder do meio. Atualmente é praticamente impossível falar em social media sem falar em mídia paga, principalmente no Facebook, onde estão a maioria das empresas e marcas no Brasil – por isso o destaque no título.

O papel do profissional de mídia já era comum à publicidade muito antes da internet, como aquele que negociava com os canais (TV, rádio, jornal, etc.) para a divulgação das peças publicitárias. No ciberespaço, esse contexto de mídia primeiro apareceu nos blogs e portais digitais, através de anúncios “banners” bem parecidos com outdoors, por exemplo. Hoje, depois da glória e declínio do conteúdo orgânico nas mídias sociais, o trabalho de mídia é essencial para mostrar ao público o que os planners planejaram e os criativos criaram.

Nesse contexto, novamente devido à popularidade da plataforma, o trabalho de mídia no Facebook é o mais popular dos dias de hoje – principalmente para pequenas e médias empresas. Por meio do Gerenciador de Anúncios do Facebook é possível ter um direcionamento de mídia para conversão de sites, aplicativos, alcance de publicações e páginas em diferentes formatos explorados no Facebook e também para publicações e perfis no Instagram.

A área de social ads também se expande para outras plataformas, é claro, como Twitter, LinkedIn, Pinterest, etc., mas é o Facebook o poderoso-chefão das mídias sociais. Vale ressaltar que o profissional de mídia geralmente expande seu escopo de trabalho para além dos sites de redes sociais, necessitando conhecimentos também em compras de mídia no Google (Pesquisa, Display, Mobile, Vídeo e Shopping) e portais de notícias/blogs através do famoso mídia kit.

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metricas

Mensuração de Dados (Métricas e Indicadores Digitais)

Depois de pesquisar/monitorar, planejar, criar, gerir, conectar e promover, chega o momento de fazer as contas. Na verdade, embora (para fins didáticos) eu tenha seguido essa ordem e colocado a área de mensuração no final (tentando seguir certa lógica), é importante elucidar que medir nunca deve ser deixado apenas para o final. Como se trata de um ciclo, este item poderia muito bem vir em primeiro lugar – afinal, tanto monitoramento quanto métricas deve servir de fundamento básico para tudo que se deseje construir em cima ou a partir disso.

Assim como monitoramento, é uma área que ganhou muita força nos últimos anos principalmente pela possibilidade quase inédita de finalmente ser possível quantificar (ou mensurar) os resultados dos esforços comunicacionais. Embora algumas polêmicas envolvendo bots, click-baits e números inflados estejam presentes desde a popularização da análise de dados da web, é inegável o quão poderoso tem sido para as empresas ter a possibilidade de avaliar suas ações e compreender melhor seus consumidores através dos dados gerados nas mídias sociais, sites institucionais, e-commerces, Google, etc.

O economista Douglas Hubbard explica que “mensuração é uma redução quantitativamente expressa de incerteza, baseada em uma ou mais observações”, ou seja, o trabalho com métricas/indicadores digitais envolve traduzir os números (rastros sociais digitais) em estratégias eficazes de re-avaliação para melhor a assertividade. Assim como fiz em monitoramento, acho legal trazer essa citação que costuma estar sempre presente nos materiais de cursos e especialização sobre métricas para mídias sociais:

“Uma métrica é um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, dinâmica ou característica. Métricas são usadas para explicar fenômenos, diagnosticar causas, compartilhar descobertas e projetar os resultados de eventos futuros.” – Paul Farris, Neil Bendle, Phillip Pfeifer, David Reibstein

No entanto, as famosas métricas não são exclusivas das mídias sociais. Sites, blogs e e-commerces, por exemplo, como já mencionados, também possuem suas próprias lógicas de métricas para avaliação. Não pretendo me aprofundar no assunto porque sair das mídias sociais envolve mais um universo de possibilidades (como Adwords, SEO, etc.), mas é importante ressaltar que o Google Analytics é uma plataforma de extrema importância também para as mídias sociais, uma vez que a integração site + rede social é bastante comum.

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A minha ideia inicial era fazer mais uma seção “indo além” para destrinchar inbound marketing/marketing de conteúdo, SEO, Adwords, etc., mas, dada a extensão do post, optei por manter a base apenas com o trabalho dentro de mídias sociais – o que já é bastante coisa. Sem mais delongas, apenas reforço o que expliquei na introdução: não quer dizer que cada uma dessas áreas seja única ou que as profissões/departamentos atuem exatamente dessa forma nas agências/empresas, mas foram “ambientes” do ecossistema de social media que identifiquei e estruturei de tal forma apenas para fins didáticos.

Eu espero que o conteúdo seja útil para quem está começando e precisa encontrar um rumo para sua carreira. Espero também que as referências sejam úteis e que acrescentem a quem precise, nem que seja apenas para começar a se ambientar com alguns termos específicos desconhecidos – agora você já pode compreender melhor as vagas publicadas em grupos no Facebook. No mais, agradeço imensamente às moças que me ajudaram a montar todo esse material e me aturaram durante todos esses dias.

White Papers: Clarifying the Role of Social Media e How to Build a Better Social Team, do Simply Measured

É bem verdade que, nas últimas semanas, tenho deixado o blog um pouco inconstante (na frequência de posts). Ainda estou tentando me adaptar ao melhor cronograma para as postagens, mas o meu objetivo inicial era ter, pelo menos, duas publicações por semana (+ as leituras, que já não saem mais aos domingos e devo repensar um novo dia, talvez sexta-feira). Então começo esta semana “de cara limpa” e com a promessa pessoal de manter esse ritmo para as semanas que vêm pela frente (com exceção do período de fim de ano, Natal + ano novo, quando todos merecemos férias). Mas chega de papo e vamos ao que interessa!: já que estamos dando um restart (simbólico) no blog, escolhi dois materiais “back to basics” que ajudam a pensar todo o escopo do trabalho de social media.

“Clarifying the Role of Social Media” é um guia produzido pela Simply Measured que busca apresentar quais são os papeis que o trabalho em mídias sociais pode oferecer para uma empresa, pensando nos diferentes departamentos e nos diferentes tipos de comunicação entre consumidores e marcas. Já “How to Build a Better Social Team” tenta, através de pesquisas realizadas com profissionais da área nos Estados Unidos, determinar como estaria estruturada a equipe de social media ideal. Algo parecido é possível encontrar nas pesquisas brasileiras sobre o assunto, mas essas geralmente são mais focadas no mercado e menos na formação do trabalho – o que é compreensível, já que não existe, no Brasil, um curso específico para o trabalho em mídias sociais; ainda assim, é importante tentar buscar soluções para avançar nessa questão e valorizar a área.

“For social media professionals, clarity starts with defining the role and purpose of the social team in the organization. This clarity is the foundation for setting goals, establishing a baseline, and devising a plan to reach those goals. Creating clarity on role and purpose also allows a social team to communicate value-add to their organization, make the case for more resources, and support the organization through strategic conversations and decision-making. Clarity of role and purpose should serve as a foundational element in any company’s social strategy.”

Antes de olhar para a prática, é importante pensar no impacto (ou no famoso “advento”) das mídias/redes sociais nas vidas das pessoas e das empresas – nesse aspecto, estudos acadêmicos devem servir como fontes de inspiração para compreender essa mudança cultural de redes. “Não seria exagero dizer que as mídias/redes sociais mudou fundamentalmente o modo como as pessoas interagem ao redor do mundo, então não é surpresa que também tenha mudado o modo como nós interagimos com marcas e o modo como abordamos decisões de compra”, ratifica o material. Além disso, as ferramentas e plataformas de redes sociais, com suas mais variadas funções, possibilitam que as empresas usem-nas para os mais diversos fins, ou seja, o trabalho em social media pode ser benéfico para diferentes departamentos, do RH às finanças.

Para responde à pergunta: “Onde Social Media se encaixa?”, o material propõe duas linhas de pensamento: a primeira, analisando os diferentes casos de utilização das plataformas de redes sociais como ferramenta de comunicação; e a segunda, estabelecendo o seu papel na jornada de compra do consumidor. Particularmente, achei a segunda proposta um pouco confusa, então, para este post, vou destacar apenas a primeira, que aborda os campos de comunicação possíveis dentro da empresa (entre funcionários) e para com os clientes. “Cada uma dessas relações de comunicação pode servir negócios de maneiras diferentes e têm um impacto profundo no uso de casos, ferramentas e localização do trabalho com social media dentro de uma organização”, explica. Nos eixos de emissor e receptor, o material lista as possibilidades de interação de tal forma:

  • Brand-to-Brand: comunicação interna entre funcionários (busca aumentar produtividade, transparência e colaboração)
  • Consumer-to-Consumer: comunicação externa entre consumidores para fins de pesquisa e planejamento nas empresas (busca por insights através da análise de interação e comportamento do público)
  • Brand-to-Consumer: uso “tradicional” de social media, no qual as empresas utilizam um canal para publicar conteúdo e tentar engajar o seu público
  • Consumer-to-Brand: interação dos consumidores com as marcas através de social media

Ou seja, em outras palavras, o material está abordando as práticas já conhecidas dos profissionais de planejamento, criação, SAC, etc. O mesmo acontece quando explicam o papel do trabalho social mdia no “ciclo de vida do consumidor”, através dos estágios de brand awareness, demand generation, sales enablement, customer support e customer success/advocacy. Entretanto, como já mencionei, essa parte fica um pouco confusa e serve mais ao empreendedor/empresário que não tem noção alguma sobre marketing digital do que ao profissional que já sabe uma coisa ou outra. Ainda assim, vale a leitura (completa) pelas respostas de cada fase para: qual equipe seria responsável, como medir o sucesso e quais as ferramentas necessárias.

“Social media is no longer a reactive function, having moved beyond basic social listening and channel-specific engagement metrics. While those aspects are still important, social strategy has become a more complex, integrated effort. Social media is integrated closely with many other marketing activities, and its share of attention, budget, and staffing needs is only continuing to grow.”

A partir do momento que as empresas e as marcas – e aqui eu me refiro aos pequenos e médios negócios – passam a perceber que “Nós não ‘ENTRAMOS’ na Internet, nós VIVEMOS online!”, é possível começar a pensar as funções e atribuições necessárias para fazer um bom trabalho social/digital – algo que as grandes corporações já vivem há algum tempo. É colocando o trabalho de social media como prioridade que esses negócios vão encontrar o sucesso, através de três componentes essenciais destacados pelo material a partir das entrevistas realizadas: 1) planejamento e estratégia centralizados; 2) direcionamento atrelado aos objetivos do negócio; 3) execução tática dedicada.

“A problem comes when the social team is not a priority within the org. Social media is a really important channel in today’s MarComm world — when you de-prioritize it, that’s the core issue.” Kipp Bodenar, CMO at Hubspot

Num mundo ideal, as empresas não teriam um “estagiário” responsável por social media (que, muitas vezes, é produzir conteúdo para o Facebook) – seja por falta de informação ou por falta de orçamento – e sim uma equipe responsável pelo trabalho nas redes/mídias sociais. No entanto, essa não é a realidade nem aqui nem lá fora: dos 350 profissionais entrevistados, 65% disseram que o trabalho na empresa onde trabalha é feito por 1 a 3 pessoas. Por isso, o material alerta: “Ao organizar a sua equipe de social media, distribua as diferentes funções e áreas de responsabilidade que precisam ser realizadas regularmente. Ao separar esses papeis em funções estratégicas e táticas, será mais fácil determinar a mão de obra necessária.”

A irregularidade das funções de social media reflete nas diferentes nomenclaturas atribuídas aos cargos da área (analista de mídias sociais, coodernador de social media, analista de métricas e monitoramento, analista de BI, dentre várias outras), no entanto, para as empresas (e equipes) menores, é importante ter em mente três pilares principais na busca por um trabalho bem-sucedido: planejamento e estratégia, execução tática e mensuração e otimização. Ou seja,um profissional responsável por pensar e analisar o posicionamento da marca no ambiente digital (o que seria uma função bem simplificada de um planner); outro responsável pela parte de criação e execução (redator, designer e/ou Community Manager); e, por fim, alguém para mensurar as ações e pensar melhorias data-driven para a comunicação – lembrando que essas divisões não são regras e, provavelmente, mais de um trabalho pode ser responsabilidade de apenas um profissional.

The Core Competencies of a Successful Social Team

With fewer resources available for all of the activites required to run a successful social program, it’s more important to find and cultivate the key competencies every social team needs than it is to find a specific person to fill that role. The core competencies needed in social are broken into four areas:

 

  1. Community Management: Each social team needs someone who can dedicate time to engagement and interaction with customers, fans, prospects, and industry influencers. Whether this is a component of a team member’s broader responsibilities, or their sole focus, a social media program is useless without someone to focus on execution.
  2. Strategy: In order to execute any social media program, you need to have a social media strategy. This strategy can be as basic as determining which networks to post to, or as sophisticated as coming up with targeted personas, goals for interactions, and a research-based posting cadence.
  3. Analysis: As is the case with any marketing channel, a social team needs to research competitors, best practices, and opportunities in the market, analyze performance, optimize tactics, and report on findings. This should be a primary focus of any social program. Without analyzing your program, you don’t know what to improve.
  4. Content Creation: Any social team needs content to share. This can be Tweet copy, blog posts, or videos, but that content starts somewhere. Whether this action is handled by the community manager or a full content team, the need exists at any stage of a social media program.

Foi em 2012 quando eu primeiro li sobre a profissão “analista de mídias sociais” e vi ali uma oportunidade de campo que poderia seguir. Três anos depois, muito já mudou – as plataformas e os profissionais estão cada vez mais capacitados – mas pouco se fala sobre a profissionalização da área. Para quem está começando ou deseja fazer parte do mercado, é importante ter em mente quais são os possíveis cargo de atuação que as empresas dispõem hoje em dia – mesmo que não haja uma graduação própria para isso, o que pode ser um desafio mas também uma oportunidade. Nesse contexto, vale também compreender como a comunicação social/digital das marcas funcionam (planejamento, execução, análise, otimização) para podermos nos preparar – seja com portfólio ou apenas com conhecimento – e mostrar às empresas qual é o nosso valor.