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Profissão Social Media: criação de conteúdo – da teoria à prática

Talvez um dos mais aguardados de toda a série, chegou a vez do Profissão Social Media: Criação de Conteúdo! Digo isso (não apenas pelo meu pequeno atraso, mas) porque acredito que é aqui onde todos (ou pelo menos muitas pessoas) começam. Meu primeiro estágio numa pequeníssima agência de marketing digital em Niterói foi criando conteúdo – embora o título fosse “Estagiário de Social Media”. Foi também o combustivo para que eu criasse o Estudando Social Media, na tentativa de encontrar outras possibilidades para além do conteúdo que me permitissem atuar em social media sem ter que trabalhar diariamente no Photoshop – e felizmente encontrei, vide a série em desenvolvimento.

Ainda assim é inegável que a criação de conteúdo pode ser a porta de entrada mais fácil para o trabalho em mídias sociais. Como escrevi em outro texto, a popularização da internet e a consolidação das mídias sociais abriram diversas portas para o mundo da publicidade – por justamente permitir que todos virassem produtores de conteúdo, banalizou os esforços estratégicos comunicacionais de uma profissão consolidada ao mesmo tempo em que criou uma briga imensa pela atenção das pessoas, que nunca antes na história tiveram que se deparar com tanto conteúdo e informação. Por esse e outros motivos é mais que necessário discutir com responsabilidade, coerência e profissionalismo o trabalho de criação de conteúdo.

É importante ratificar também, diante de todo esse contexto complexo, que as realidades do trabalho de criação de conteúdo – assim como social media como um todo, mas acredito que aqui especificamente por ser justamente o pontapé inicial – é bastante diferente a depender do seu estado, região, tamanho da empresa/agência, etc. Mais uma vez, portanto, convidei 10 profissionais com diferentes repertórios para contar um pouco sobre suas realidades e opiniões de trabalho: de João Pessoa, Anna Mello; de Porto Alegre, Fahen Carvalho; de Aracaju, Lara Thaisa Telles; do Rio de Janeiro, Suéllem Nascimento e Maria Beatriz Barros; de Recife, Agnes Pires e Simone Bispo; e de São Paulo, Nathália Capistrano, Leo Morato e Lidi Faria.

Em tempo: esta série surgiu do post  “Profissão Social Media: áreas de atuação e fontes para estudo”, que fiz no ano passado em parceria com Mayara MendesMari Ferreira e Juliana Freitas. Neste ano resolvi dar continuidade ao conteúdo produzindo vários posts sobre cada uma das áreas destrinchadas, dessa vez com ainda mais minúcia e detalhamento às funções exercidas (além de referências para estudo). Para me ajudar, convido sempre 10 profissionais que respondem a algumas questões sobre a profissão, o trabalho e o mercado. O primeiro tema foi sobre monitoramento e o segundo sobre planejamento. Aproveito também para pedir seu voto no Social Media Week SP: quero levar o projeto para o palco em setembro e, para isso, preciso da sua ajuda – é só clicar e deixar um like!

Criação de conteúdo: o que é, como faz, onde entra?

Antes de qualquer coisa, é preciso enfrentar a problemática: Criativo x conteúdo x criação x criação de conteúdo – quem é quem, o que é o quê? Esse já era um problema que enfrentei na hora de elaborar o primeiro post, embrionário, e que mantive em reflexão durante todo o processo deste também. Cheguei a comentar, nesse primeiro momento, que era extremamente generalizante colocar no mesmo guarda-chuva de “criação” profissionais com peculiaridades de trabalho como redatores, designers, diretores de arte, etc. Isso porque, na área da publicidade, as agências têm essas delimitações profissionais muito bem estabelecidas. Eu diria, inclusive, que a criação foi e ainda é a área mais “famosa” da publicidade, por isso recebe tanta atenção e consegue pautar suas diferenças.

Suéllem Nascimento, redatora, do Rio de Janeiro, pontuou que, geralmente, “quando falamos de criativo, estamos se referindo ao cara que trabalha na Criação (com C maiúsculo e que supostamente ganha Cannes)”, enquanto que quando falamos da criação de conteúdo para mídias sociais, estamos falando de uma equipe voltada para este ambiente. “Muito redator consegue o primeiro estágio numa equipe de mídias sociais porque é a forma mais fácil de começar a escrever numa agência, aí depois ele vai migrando de área ou absorvendo skills”, comenta. Essa é a realidade de alguém que começou a trabalhar com mídias sociais a partir do contato quase exclusivo com uma agência de publicidade (provavelmente mais tradicional), mas o que temos visto nos últimos anos são diferentes contextos profissionais que reconfiguraram o trabalho na internet.

A criação de conteúdo tem um papel que às vezes é subestimado. Explico: criação para mídias sociais em alguns momentos é vista como uma subcategoria da Criação (aquela com C maiúsculo e que ganha Cannes). Uma tremenda bobagem. A Criação com C maiúsculo vai lá e cria uma campanha, aí ela chega na equipe de mídias sociais e recebe uns “tapinhas” para ser adaptada pro digital. Isso é um tremendo erro. O conteúdo tem que ser bem pensado desde o início e o ideal seria que todas as equipes de uma mesma conta trabalhassem juntas – mas nem sempre é isso o que acontece.

Suéllem Nascimento, redatora com foco em conteúdo digital

Uma dessas possíveis realidades é essa: a produção de conteúdo para mídias sociais a partir do trabalho de uma agência tradicional que primeiro pensa a comunicação como um todo e depois adapta a mensagem ao contexto digital. No entanto, empresas como Coca-Cola, por exemplo, tem cada vez menos pensado o contexto digital como ramificação dos esforços comunicacionais de uma campanha e mais como a própria base de todo o planejamento. Nesse caso, não há mais uma equipe de mídias sociais que produz o conteúdo exclusivamente para esse ambiente, mas a própria equipe de criação como um todo (a que supostamente ganha Cannes) que vai direcionar seu trabalho para as plataformas digitais. Nesse contexto, um profissional que comece produzindo conteúdo para internet pode, sim, desenvolver-se profissionalmente para trabalhar também em outras mídias.

Outra realidade que vemos com frequência por aí e que já citei anteriormente é aquela de um pequeno profissional, freelancer ou agência que começa a atender clientes regionais a partir do momento que a internet – e principalmente as mídias sociais – forneceu(ram) as ferramentas necessárias para que esse pequeno/médio negócio finalmente pudesse construir uma frente comunicacional do seu serviço, já que os anúncios tradicionais não cabiam em seu orçamento – a não ser panfletagem. Nesse caso, o “profissional de criação” não pensa muito em deslocamento para outras frentes fora do contexto digital, já que este é praticamente o único – e principal – ambiente de comunicação possível para aquela realidade. Ou seja, a produção de conteúdo aqui não é apenas completamente pensada para o ambiente digital, como no exemplo da Coca-Cola, mas exclusiva do ambiente digital – já que é o máximo que se pode ir, é o limite.

No cenário atual, as pequenas e médias empresas conquistaram algo que nunca tiveram com a publicidade tradicional de anos atrás: presença. O meio digital tornou a propaganda muito mais democrática porque a tornou financeiramente acessível. Clientes de pequeno e médio porte eram incapazes de anunciar em meios de massa (TV e rádio) devido aos custos altíssimos de veiculação, no ambiente digital isso não acontece. Mesmo sem contar com o auxílio de uma agência, uma marca consegue se fazer presente nas mídias sociais, e quando realizado por profissionais, esse trabalho tem rendido resultados incríveis com um custo X benefício bem acessível. Essa mudança na maneira de anunciar tem afetado diretamente o mercado, pequenas marcas que conseguem prestar um bom serviço agora estão alcançando um público cada vez maior, crescendo a ponto de incomodar seus grandes concorrentes.

Lara Thaisa Telles, fundadora da agência sergipana Molotov

O meu objetivo aqui, portanto, é voltar o olhar mais para a produção de conteúdo em mídias sociais. Como a área de criação, a partir de suas diferentes realidades profissionais (pequenas, médias, grandes agências e/ou clientes), têm trabalhado com criação nesse contexto digital de sociabilidade? Dentre todas as respostas, percebi dois pontos principais: conversa e relevância. “Eu vejo a criação de conteúdo como uma ferramenta que podemos utilizar para mostrar que a empresa também pode ser interessante, sabe? Você pode trazer assuntos que sejam realmente relevantes para o seu público, de uma maneira que as pessoas possam se informar, saber mais sobre a área de atuação da sua empresa”, explica Fahen Carvalho, redatora, blogueira e gestora de mídias sociais, do Rio Grande do Sul. “O conteúdo é uma maneira de vender o peixe, sem ser chato.”

Seguindo por essa linha, Suéllem Nascimento ratifica: “Mídia social não foi, não é e nunca será algo pensado para as marcas. O que a gente faz lá, como marca, é tentar participar de uma conversa sem parecer interrupção”. Leo Morato, conteudista, de São Paulo, complementa que “conteúdo é a humanização e credibilidade de uma marca”. Para ele, esses dois valores são indispensáveis para criar uma relação entre empresa e público, já que as vendas – que, não podemos esquecer, é a meta final mais importante – precisam ser conquistadas com a credibilidade que uma estratégia de conteúdo bem feita pode oferecer. Agnes Pires, professora, de Pernambuco, complementa: “Mesmo uma marca que não possua fins lucrativos precisa se relacionar com seu público, então, para criar conteúdo, é necessário criar uma audiência, promover assuntos que sejam de interesse dessa audiência e incitar a necessidade de mais informações ou produtos.”

O papel da criação de conteúdo institucional nas mídias digitais é estabelecer diálogos e reflexões, enquanto a abordagem mercadológica da atividade propõe a conexão com marca, a conversão de resultados. Em termos táticos e operacionais, o papel da criação de conteúdo é direcionar a mensagem para que o objetivo de comunicação, marketing e negócios sejam cumpridos. Com o olhar de relações públicas, percebo cada vez mais um equilíbrio fundamental entre o interesse do público e da empresa. A mensagem agressiva, direta e unilateral é substituída pela mensagem acolhedora, útil, como um convite para uma conversa, uma troca de experiências. Produzir conteúdo é dosar o conhecimento e a sensibilidade sobre o público para estabelecer trocas comunicacionais relevantes.

Lidiane Faria, Consultora de Comunicação e Digital PR

Já é possível perceber que o trabalho de produção de conteúdo para a internet não é tão simples quanto possa parecer, mas que exige – como pontua Simone Bispo, analista, de Pernambuco – pesquisa, estudo, análise e mais um pouco: “Não adianta apenas criar postagens engraçadinhas, é necessário envolver as pessoas, fazê-las chegar no objetivo que nós desejamos, seja ele relacionamento, captação de leads ou vendas”. Nesse sentido, vale trazer a descrição de Maria Beatriz Barros, analista, do Rio de Janeiro, sobre a criação de conteúdo para mídias sociais: “é o planejamento e desenho de estratégia do que a marca ou empresa quer comunicar, pesquisa e benchmarking do que o mercado está produzindo, a produção em si do conteúdo e sua divulgação”. Vale pontuar, entretanto, que esse escopo mais “expansivo”, embora seja idealmente pensado para o profissional conteudista, deve envolver – em agências maiores, pelo menos – outras áreas.

É o caso de atuar junto a planejamento, por exemplo, como coloca Lara Thaisa Telles, Diretora da Molotov, de Sergipe – que ratifica que a estratégia vem antes da produção em si: “A probabilidade de se obter resultados reais e positivos é muito maior quando o conteúdo é relevante e adequado aos seus seguidores”, explica. O conteúdo, muitas vezes, é apenas a ponta do iceberg de um longo trabalho e esforço de comunicação e marketing (que envolve muita pesquisa e) que faz a ponte entre os objetivos de uma empresa e a ativação com os consumidores ou, no caso específico, com os próprios usuários. Ou seja, o profissional de conteúdo, nas palavras de Anna Mello, conteudista, de João Pessoa: “é aquele que transforma a identidade da marca e a estratégia digital em algo palpável dentro da web”. Em consonância, Nathália Capistrano, supervisora de criação, de São Paulo:

O papel dos criativos é tornar aquela mensagem em algo que seja relevante pro público final ter curiosidade de saber mais, se envolver, ter o gatilho de compra ou aumentar sua relação e consideração com a marca. E, pra isso, eles precisam ter uma mistura de referências interessantes, bom senso e originalidade. Só assim, eles conseguem medir se aquela faísca inicial pode resultar em algo. A criação precisa justamente trazer respostas não só adequadas, mas supreendentes aos briefings e fazer as provocações de “e se” que ninguém estava pensando antes. No caso de criação de conteúdo para social e para digital, esse processo criativo precisa ser ainda mais dinâmico, já que online tudo acontece muito rápido e as respostas são praticamente imediatas. Justamente por isso, os criativos da área precisam também de ser muito adaptáveis.

Nathália Capistrano, Creative Lead na Artplan

E como faz?

Frente a todo esse cenário de diferentes perspectivas ideais acerca do trabalho de criação de conteúdo, é preciso colocar os pés no chão e debater como funciona tudo isso na prática. “A rotina é bem variável e vai depender dos recursos que você tem”, já alerta Suéllem Nascimento. Com discutido anteriormente, tudo vai depender da realidade profissional daquela empresa, agência ou freelancer – o que nem sempre garante um contexto justo/adequado de trabalho. “Se coloca muito a responsabilidade da criação a um conteudista, quando deve ser de uma equipe”, aponta Agnes Pires. Cada cenário exige uma metodologia específica que será adequada ao tamanho da equipe, tamanho dos clientes, pautas, orçamento, dentre diversos outros fatores. O que percebi perante a maioria das respostas, entretanto, é que há – para além das peculiaridades – um fluxo de criação: demanda > brainstorming > proposta/aprovação > produção.

“Os conteúdos devem buscar um equilíbrio entre o que os clientes precisam falar pontualmente, o aproveitamento de timings, e o reforço de branding que deve ser algo mais perene”, explica Nathália Capistrano. No caso de contas mais focadas ou exclusivamente do universo digital, Maria Beatriz Barros, Simone Bispo e Suéllem Nascimento mencionaram um planejamento editorial semanal/mensal comum a essa realidade, onde “é enviado um planejamento de estratégias e datas comemorativas a serem trabalhadas em um dado período, assim como uma planilha de distribuição de conteúdo por tipo ao longo da semana/mês para que os temas e estratégias sejam aprovados previamente” (MBB). Nesse cenário é trabalhado o que foi conceituado como conteúdo “frio”, cuja aprovação prévia permite uma maior liberdade para possibilidades emergenciais (novas tendências conversacionais) que possam surgir.

Lara Thaisa Telles argumenta que “a organização é algo essencial já que o fluxo de criação de conteúdo é bastante intenso com uma alta demanda”, e explica: “Isso acontece porque a vida útil de uma peça digital costuma ser menor que uma peça off-line, portanto há um volume muito maior de produção, mas em compensação, a complexidade e os prazos são menores”. De acordo que “na criação de conteúdo para mídias sociais o dia a dia pode ser bastante intenso”, Nathália Capistrano complementa: “Tanto para aproveitar timings e oportunidades em tempo hábil, mas também porque, em muitos clientes a quantidade de posts combinada ainda é alta e o ritmo de pedidos para posts é frenético (e, muitas vezes, esforços desnecessários). Para não cair nesse fluxo, é importante ter um processo desenhado que busque prazos razoáveis, contemplando tempo de aprovação e idas e vindas com o cliente”.

Para quem trabalha com conteúdo, não existe rotina fixa, não existem formatos fixos, não existe fluxo pré-estabelecido. Cada dia é um dia, cada projeto é um projeto, cada cliente é um cliente e cada público é um público. Este profissional precisa ser viciado em consumir… conteúdo. Curiosidade e referências são a base fundamental para qualquer pessoa que trabalhe criando conteúdo, seja com foco em redes sociais ou em outros formatos. Se você quer trabalhar com criação de conteúdo, é preciso de referência para a criação e metodologias para avaliar se seus objetivos foram alcançados ao final de um período ou de um projeto.

Leo Morato, atuou como Community Manager Senior do SporTV em 2016

Entre a teoria e a prática, como ficamos, então? “Na teoria, o profissional de conteúdo faz uma imersão constante no mercado em que trabalha. Para isso, estuda diariamente todo o universo que compõe seu cliente, incluindo também seus concorrentes”, explica Lidiane Faria. “Quando um briefing chega, o ideal seria avaliar o que os outros estão fazendo, sejam de concorrentes diretos ou indiretos. Levantar com as outras áreas da agência as fraquezas e potenciais daquele briefing para, em seguida começar a trabalhar no conceito mais adequado para passar a mensagem”, acrescenta Nathália Capistrano. As duas ressaltam a importância da interação com as demais áreas, principalmente planejamento e mídia, além de métricas/BI. “Também é importante ressaltar na ‘rotina ideal’ a aplicação de uma linha editorial, a dosagem correta de distribuição de conteúdo, a identificação e aplicação da linguagem do interlocutor – e, por fim, se tudo isso faz realmente sentido dentro dos objetivos de comunicação”, conclui LF.

Na prática, entretanto, sabemos que a realidade é bem diferente – principalmente quando pensamos em proporções menores de trabalho. “A depender da estrutura de onde o analista trabalhe, é ele quem planeja, pesquisa, cria texto e imagem – e de mais de um cliente”, pontua Maria Beatriz Barros. Como enfrentar essa realidade? Ela dá a dica: “tenha a maior sorte de insumos possíveis do seu cliente, trabalhe com templates prontos para pautas frias e agilize o processo de aprovação de pautas tendo assuntos e temas fixos por dia da semana ou quinzena” – e recomenda esse vídeo do Comunicadores. Mas as realidades são diversas: “Na minha rotina de trabalho por exemplo, separo um dia para planejamento de blog, um dia para redes sociais, um dia para eBooks e por aí vai”, conta Fahen Carvalho. Para Lara Thaisa Telles, “o primeiro passo é analisar o planejamento e discutir o que vai cair na pauta, organizando cada item com seu devido prazo para distribuir as tarefas entre o redator e o diretor de arte”.

Ou seja, não há fórmula secreta. Como mencionei lá no início, cada realidade é distinta e o importante é desenvolver uma metodologia adequada que funcione na triangulação entre agência/freelancer, cliente e mídias sociais. Se fosse para resumir, ficaria com essas duas chamadas de atenção: 1) “ter um método que ajude a estabelecer os processos deixa a criação muito mais eficaz”, argumenta LTT; e 2) “o profissional de conteúdo precisa estar sempre atualizado das novidades nas plataformas e do que está acontecendo dentro do nicho do cliente e no ambiente externo”, sintetiza Ana Mello. Se houver o luxo de uma equipe de criação com designer, redator e diretor de arte, é preciso criar um fluxo produtivo de diálogo constante; se a situação for mais crítica, de “eu-quipe”, é preciso criar uma rotina saudável para dar conta de todas as demandas mínimas do trabalho.

Como se integra (com as demais áreas)?

Fiquei um ano como analista de monitoramento e métricas em uma agência baiana e foi um grande desafio monitorar a empresa de energia do estado. Na seguinte fiz um experimento como mídia, não exitoso. Fiquei 10 meses como community manager em uma startup. E ali aprendi sobre CRM, régua de relacionamento, li muito sobre SAC. Mas a redação esteve comigo em todos esses momentos. Por mais que a minha função fosse outra, eu contribuía para uma ou outra conta fazendo conteúdo textual e, especialmente trabalhando como monitoramento, fico sempre atenta ao conteúdo que está sendo feito. Sei que ele influencia no engajamento ou não, gera maior conversão ou não. E essas métricas são importantes de se discutir com o cliente.

Maria Beatriz Barros, Analista de Redes Sociais na Wide Comunicação Expandida

Se o conteúdo é a ponta do iceberg de todo o trabalho de comunicação, aquela parte visível e sob a água que o público finalmente tem à vista, é compreensível pensar que seu desenvolvimento é sustentado por todas as outras áreas possíveis. “Todas as áreas de uma agência devem estar bem integradas, pois todas elas são interdependentes, são partes que se juntam para formar um todo e por isso precisam funcionar em sincronia”, argumenta Lara Thaisa Telles. Seguindo por essa linha, Nathália Capistrano reforça a importância da integração durante o fluxo de criação: “Antes de mais nada é sempre bom lembrar que um insight interessante para criar um conteúdo pode surgir das outras áreas além da própria criação, seja planejamento, community manager/sac ou monitoramento. Aí sim, caberá aos criativos realmente concretizar em um conteúdo, seja ele um post mais simples, ou algum conteúdo aproveitando algum dos formatos mais elaborados”.

Duas áreas, entretanto, foram mais citadas nas respostas: “O time de conteúdo precisa estar de braços dados com os times de Planejamento e Monitoramento. Rede Social é um teste constante, para entender o que funciona e o que não funciona e como melhor afinar as estratégias digitais”, explica Anna Mello. “O planejamento diz o que vai ser, o monitoramento fala qual tem sido a resposta e a necessidade de cada marca”, simplifica Maria Beatriz Barros. “O monitoramento pode dar insights valiosos pra produção de conteúdo. É possível, inclusive, diminuir a demanda para outras áreas se o seu conteúdo está bem pensado. Exemplo: Se o pessoal do monitoramento/SAC identificar que tem muita gente fazendo a mesma pergunta, criar um conteúdo que esclareça essa dúvida, reduzindo o trabalho da outra equipe”, explica Suéllem Nascimento, reforçando que a integração precisa ser muito bem estruturada, para que o timing esteja adequado à velocidade da realidade da internet.

Como cada empresa e agência acaba estruturando sua equipe de formas diferentes, com nomenclaturas diferentes para os cargos, inclusive, pode variar muito a abertura e a interação entre as áreas. Mas, o racional é geralmente parecido, o briefing criativo vem da área de planejamento, com pesquisas, caminhos e estratégias potenciais para melhores resultados. A conversa entre planning e criação e conteúdo é essencial, para que não seja entregue algo totalmente diferente do que foi planejado ou seja feito aquele retroplanejamento, para justificar porque o público funciona com o conceito, mas sim, ao contrário: como o público norteou a criação do conceito. Em digital, a integração com as áreas de monitoramento e social listening acabam sendo vitais, mas ainda existem muitas dificuldades de fazer isso numa rotina prática, já que as entregas das duas áreas ocorrem em momentos diferentes. Isso é definitivamente um ponto de atenção para quem trabalha em criação de conteúdo, como aproximar os relatórios do dia a dia e aproveita-los como insumo na hora de criar a grade de posts, na escolha de influenciadores e na produção de outros conteúdos mais sofisticados quando necessário.

Nathália Capistrano

No entanto, essas não são as únicas áreas a serem ativadas. “Também é muito importante dialogar com o departamento de mídia, para saber formatos e possibilidades novas para campanhas, bem como as limitações que os canais digitais têm, para que não se perca tempo criando conteúdo inviável”, acrescenta Agnes Pires. Ter ao seu lado também a área de Business Intelligence, atendimento e possivelmente um gerente de projeto pode ser um bônus, conforme reforça Leo Morato. “Ao utilizar os dados das demais áreas da agência – desde o feedback do atendimento sobre o desejo do cliente até os dados de monitoramento sobre a marca – os demais parceiros do time conseguem enxergar o valor estratégico de seu trabalho”, complementa Lidiane Faria, reforçando a importância da integração de equipes multidisciplinares. “No dia-a- dia, vale desde um bate-papo informal até uma reunião semanal. Tudo depende da cultura da empresa ou agência e dos profissionais envolvidos” (LF).

Mas o que acontece quando você é toda a sua equipe? Nesse caso, o seu melhor parceiro é o seu próprio cliente. “É preciso conhecer o cliente e saber o que ele espera do seu trabalho. O briefing nunca chegará completo em nossas mãos, por isso, é preciso conhecer quem se atende, para conseguir realizar um trabalho que chegue perto do que foi esperado. A criação e a redação precisam utilizar de suas expertises para criar de acordo com o que o cliente espera, mas também com o que vá de encontro à estratégia da marca”, explica Fahen Carvalho. E essa é uma realidade também para quem trabalha em agência e dispõe de uma equipe ou uma pessoa de atendimento, como ratifica Simone Bispo: “Quanto mais claro o Atendimento deixa para a criação o que o cliente deseja/espera, maior será a chance de deixá-lo satisfeito. Além disso, é primordial que a comunicação interna seja o mais objetiva possível, uma vez que isso evita a famosa refação e também para atingir o público desejado com maior assertividade”.

No caso de freelancers, ser esse profissional OMO (multiuso) é um desafio – físico mesmo – muito maior. É preciso ter em vista, como mencionado anteriormente, quais são as prioridades do seu trabalho, do cliente e das próprias mídias sociais. Provavelmente você não será capaz de fazer o monitoramento ou estudos/análises de inteligência conforme ideal, mas trabalhar pelo menos com mídia e planejamento – além da própria criação de conteúdo – pode ser o básico do básico. Lidiane Faria compartilhou algumas perguntas importantes que poderiam ser compartilhadas com colegas de trabalho, mas achei interessante também utilizá-las como guia para esse profissional de tentáculos. “Ter essas respostas embasadas por pesquisas e dados […] ajudam a produzir e defender as ideias e conteúdo”, explica. Por mais que algumas perguntas demandem certa complexidade e aprofundamento de análise, podem ser também bons norteadores do trabalho geral de social media:

  • O que os consumidores estão dizendo sobre sua marca?
  • O que estão pedindo?
  • De que forma os interlocutores consomem o conteúdo da marca?
  • Quais é o retorno qualitativo?
  • Quais são as principais impressões e associações?
  • Quais são as oportunidades dentro do universo expandido da marca?
  • De que forma você pode minimizar ruídos de comunicação e usabilidade?

E onde estudar? Por onde começar?

Há uma desvalorização e descrença no mercado de comunicação cada vez maior em torno da importância de uma graduação – e isso ocorre por diversos fatores (até políticos), mas o problema (e argumento) central é que a maioria dos cursos se mantêm demasiadamente engessados (até pela burocracia da academia) e muitas vezes não dão conta da volatilidade comunicacional/informacional dos tempos atuais. Isso não quer dizer, entretanto, que o conhecimento científico que a academia tem a proporcionar não seja útil para quem trabalha na área. Em termos de inovação tecnológica e de discussões sócio-culturais, cada vez mais em voga no mercado, há muito o que a academia tem a oferecer ao mercado. O sonho é que ambas as partes andassem lado a lado, para que uma lavasse a mão da outra: para a primeira não morrer asfixiada e para a segunda apurar técnicas e o pensamento crítico.

No entanto, eu entendo, principalmente a partir do argumento referido, quando várias entrevistadas revelam que boa parte do aprendizado acontece depois da graduação. “Se alguém quiser realmente aprender, precisa ir além do que o ensino formal fornece (e isso independe da área)”, argumenta Suéllem Nascimento. “Quando me formei em jornalismo, percebi que estava completamente crua nas noções de marketing digital, social media e tudo mais. Tive que correr atrás de tudo na internet, tive que assistir muitos tutoriais, buscar webinars, cursos gratuitos, etc.”, complementa Fahen Carvalho. A boa notícia é que, sim, há muito conteúdo de qualidade para aprender mais sobre a área de criação de conteúdo – ou qualquer outra – na internet. “Ir atrás de conteúdos, pesquisas, livros, e- books, aumenta o repertório de conhecimento e agrega muito no que esse profissional vai desenvolver”, explica Agnes Pires, professora universitária que estimula o estudo autônomo.

“Eu sou bem um exemplo disso, aprendi as ferramentas Adobe através de um site com vídeos tutoriais chamado Cursou, foram essas aulas (gratuitas inclusive) que me permitiram começar a me arriscar fazendo umas artes no Photoshop e Illustrator”, conta Lara Thaisa Telles. Em complemento, Agnes Pires propaga a ideia de “life long learning”, uma perspectiva na qual o aprendizado informal possibilita adquirir conhecimento por toda a vida: “Estudar não deve focar somente a graduação, pós e cursos baseados em instituições renomadas. Às vezes um curso menor pode te agregar bastante”, explica. “Acredito também nos conteúdos transversais: se você descobriu que o que te motiva é trabalhar com mídias digitais, já fez todos os cursos possíveis e imaginados, que tal agora partir para estudar antropologia, filosofia, fotografia ou outros assuntos indiretos que acrescentem e aumentem teu repertório, sem necessariamente serem cursos na área de comunicação?”, provoca AP.

A graduação vai tentar te dar um formato, só que não existe fórmula mágica que vá funcionar com todos os clientes em todas as situações. Um bom profissional de criação obrigatoriamente necessita de renovação constante. Quanto mais dentro da bolha ele ficar, menos relevante e mais tedioso o seu trabalho vai ser. Inspiração para fazer conteúdo vem de referência, não do divino. Não existe ‘sacadinha’ sabe? É tudo uma conexão de referências. Particularmente para quem trabalha com criação é importante que se busque cursos não só voltados para o mercado, mas para fora dele. Cursos, artigos, livros, ares diferentes que vão te fazer enxergar as coisas com um olhar modificado, fora das regrinhas do mercado. Isso aí qualquer um pode fazer sozinho. Existem muitos cursos de graça na internet que são ótimos, como na Coursera, mas existe algo que todo mundo pode fazer a qualquer momento sem precisar pagar nada: escutar as pessoas. Ouvir a história de vida delas, entender porque elas gostam disso e não daquilo. Pergunta a tua avó porque ela gosta da novela das oito, mas acha a das seis chata. Pergunta a teu amigo porque ele achou o filme chato. E por aí vai.. Essas novas perspectivas vão te fazer um criador de conteúdo melhor.

Anna Mello, Estrategista de Conteúdo Digital

Nathália Capistrano também sugere a busca por “cursos co-relacionados, áreas analogas, que complementam o conhecimento ou até contribuam no aprimoramento de técnicas que você ainda não domina”. Um designer de digital e redes sociais pode procurar cursos de fotografia, arte ou tipologia; um redator pode buscar aprimorar técnicas de elaboração de roteiros, estudar sobre neurociência ou buscar cursos sobre tecnologia que possam “ajudar a descobrir e pensar em funcionalidades, ferramentas e soluções que funcionam para seus clientes”, por exemplo. “Ou seja, buscar temas e universos diferentes para aprimorar sua visão de mundo, já que um insight criativo para uma campanha e conteúdo surge das referências que você vai acumulando”, explica. “Como se trata de uma ciência extremamente humana, não existe uma cartilha para a carreira de quem trabalha em criação e conteúdo. Tudo que você aprender, até aulas de mecânica ou culinária, podem ajudar na hora de sentar e criar” (NC).

A palavra-chave para quem trabalha com produção de conteúdo, portanto, é referência. “O profissional bebe de diversas fontes […] Se você trabalha com conteúdo, tudo te interessa. Indiferente de qual graduação tenha feito, você precisa entender dos conceitos estratégicos para elaborar um conteúdo e, de novo, ter referências”, explica Leo Morato. “Uma simples orelhada em uma conversa no metrô pode virar uma ideia valiosa para o cliente. O bom produtor de conteúdo é, antes de tudo, um bom ouvinte e um excelente observador da sociedade onde vive e, especialmente, do público interlocutor”, complementa Lidiane Faria. Em consonância, Nathália Capistrano diz que “o maior trunfo do criativo é não se acomodar”, ou seja, “ser inquieto e buscar referências novas o tempo todo” – e dá a dica: “Para estudar de maneira autônoma, o importante é setar metas e compromissos, do tipo, vou me envolver em um curso livre por mês, vou aprender uma habilidade a cada 6 meses, etc.”.

Como entrar no mercado?

Se os últimos posts da série serviram de indicação, já é conhecimento básico que a porta de entrada para o mercado é a produção de um trabalho relevante. Quando falamos da área de criação, não é preciso nem discutir a importância de um portfólio. A questão é: como e quais trabalhos apresentar? “É fundamental ter ‘em mãos’ os principais trabalhos, sabe? Aqueles que você olha e pensa ‘nossa, queria mostrar para o mundo inteiro e falar que eu sou parte disso”, recomenda Simone Bispo. E Maria Beatriz Barros complementa: “O método de escolha é esse mesmo: peças que atingiram melhor seus objetivos, de engajamento, venda ou conversão; peças que te deixem orgulhosa por algum motivo, seja pelo trabalho, pela ideia genial, por conseguir romper com algum padrão engessado. Organize online, num behance da vida, ou guarde em pdf com você, mas organize os posts por data, cliente, objetivo a ser alcançado e números. Se a ideia é mostrar que você faz conteúdo matador, prove!”

Manter esse repertório é uma forma de criar identidade profissional e desenvolver seu próprio legado. “Criação é uma área que o profissional evolui diariamente e é muito comum olhar para trabalhos de dois meses atrás e pensar ‘nossa, como isso foi aprovado?’. A gente acaba ficando bem chato com os próprios trabalhos, às vezes até duros demais, mas o segredo é manter boas referências e buscar atualizar sempre o portfólio com peças que você sinta aquele orgulhinho de ter feito e que vão ter relevância na hora de te representar como profissional”, aponta Lara Thaisa Telles. Outra questão importante, conforme reforçam Simone Bispo e Anna Mello, é ficar atento à variação dos formatos e temáticas do seu trabalho. “Se a seleção dos teus trabalhos favoritos se limita a cinco peças para o mesmo cliente, é melhor incluir duas ou três peças que não são tão perfeitas assim, mas que mostram que você consegue fazer mais do que só seguir uma única linha”, explica a segunda, ressaltando a importância de manter-se organizado.

Portfólio pra mim tem que mostrar como você pensa. E isso vale muito pra quem tá começando agora desanimado e pensando “Como eu vou conseguir estágio se eu não tenho peça pra mostrar?”. Chama aquele brother que tá na pilha de criar também e faz umas campanhas, posts pro Facebook, alltypes. Pensou num filme irado? Faz o roteiro e cria um storyboard (uma versão “de imagens estáticas” do roteiro). Você pode fazer um projeto pessoal ou escolher uma marca bacana e oferecer consultoria. Sabe aquele bar que você sempre vai com os amigos no fim de semana, mas tem uma marca horrível? Se apresenta pro dono e cria uma marca nova. Faz o redesign de alguma coisa. Escreve um conto, um roteiro ou um post. Dá pra fazer absolutamente tudo. O importante é sair do lugar. Depois que você começar a se mexer vai ver que criar é um caminho sem volta. O Behance é uma plataforma ótima porque funciona como rede também, então você vai poder entrar em contato com outros profissionais. O Cargo Collective tem uma navegação fluida e tem o Squarespace também (só pra citar algumas plataformas). O importante é ter um pouco de tudo e tudo o que você colocar lá precisa refletir algo que você tenha vontade de fazer de novo. Se você gosta de arte urbana, tenta colocar algo sobre graffiti, skate ou cultura underground em geral. Curte música? Faz um trabalho pra uma banda e coloca lá. Não adianta fazer um portfólio inteiro só com post de Facebook porque na hora que o DC (Diretor de Criação) perguntar “Hm, bacana, mas você faz conteúdo institucional pra site também?” você vai gaguejar e vai se sentir intimidado. Coloque boas ideias, evite títulos de duplo sentido e aquelas velhas sacadinhas que podem soar como o tio do pavê. É importante que o seu trabalho conte uma história, diga algo sobre você. Diretores de Arte: aqui é a hora que vocês mostram o que vocês sabem fazer. Manipulação, escolha de cor, estética, tipografia, etc. Redatores: escrevam! Mas só o suficiente. Peguem leve no excesso de texto. Lembre sempre: internet não é página dupla de jornal.

Suéllem Nascimento

Para se destacar na multidão, a dica é tentar ser o mais original (ou criativo) possível. “Estes dias vi o portfólio de um webdesigner, ele criou um site que trazia o visual do jogo do Mário, você mexia nas setas do teclado e o Mário ia “caminhando” pelo portfólio dele. Achei a ideia incrível e original. É isto o que precisamos, de portfólios originais, que sejam bonitos, que as pessoas vejam e entendam do que se trata o seu trabalho, sabe?”, destaca Fahen Carvalho. O importante, tanto para ela quanto para Nathália Capistrano, é colocar sua personalidade no que faz e contar bem a sua ideia através do portfólio. “Eu sempre aconselho para quem vem me mostrar pasta: conte do jeito que você contaria em uma entrevista ao vivo, escreva exatamente desse jeito primeiro e parta daí. Nem sempre uma prancha ou um videocase necessariamente serão a melhor forma de mostrar. Muitas ideias legais acabam parecendo menores quando simplesmente jogadas num behance ou cargocollective”, explica NC.

Ou seja, o importante é ficar atento à história que você quer contar – na qual você, enquanto profissional, é o protagonista. Para Agnes Pires – que já viu portfólio até no Buzzfeed – e Leo Morato, ela pode ser desenvolvida nessas plataformas já citadas, como Behance, mas até no Pinterest ou no LinkedIn mesmo. A dica é achar “jeitos para valorizar, tanto visualmente, quanto na explicação: gifs, fotos do processo e progresso, títulos chamativos, minidescrições bem contadas e resultados com prints de respostas, etc.”, explica Nathálica Capistrano. “Além disso, vem os conselhos mais básicos: escolha os seus trabalhos mais legais, de 6 a 10, crie um fluxo para explicar o racional de problema-solução e deixe claro qual foi seu papel e envolvimento no projeto. Vale colocar sim ideias-conceito e coisas que não foram ao ar, mas também deixe isso claro para não induzir o recrutador ao erro ou parecer uma desonestidade” (NC).

Por fim, mas não menos importante, a dica de Lidiane Faria: “Ter projetos pessoais/paralelos sempre ajuda muito, seja para testar uma ferramenta ou para treinar uma habilidade”. No curso CoLab Social Media da Trespontos Brasil, mais especificamente no módulo de conteúdo-criatividade-comunidades, Nathália Capistrano também reforçou esse argumento, incentivando que profissionais de criação sempre fomentassem ideias pessoais tanto para fortalecer repertório quanto para estimular a criatividade – ou seja, além de expandir os conhecimentos sobre assuntos diversos (que vai de encontro à sugestão de fazer cursos não relacionados à comunicação), também pode se tornar um material de trabalho para apresentar. “Blogs, cursos, textos e projetos voluntários sempre ajudam a desenvolver o processo criativo e a apresentar o potencial do candidato. Particularmente, tento ser e gosto de pessoas que circulam em diferentes ambientes e que demonstram abertura para troca e aprendizado”, explica LF.

Mas como é a área no Brasil?

Se tudo que foi dito até aqui foi o suficiente para se apaixonar pela área de criação, este é o momento de colocar os pés no chão: o cenário é próspero, mas as adversidades são constantes. “Se pensar que está ruim nada nunca estará bom. Assim como você nunca está preparado para enfrentar um desafio que te dá muito medo, se ficar esperando o mercado melhorar, você vai morrer de velhice. Faça seu próprio caminho e esteja sempre preparado”, opina Suéllem Nascimento, que reconhece que a crise financeira e política do Rio de Janeiro afeta o mercado de comunicação. No Rio Grande do Sul, o cenário é semelhante: “Acredito que o mercado esteja se recuperando aos poucos, 2016 foi bem difícil, vi diversos amigos desempregados e, agora, todos já estão com seus empregos”, conta Fahen Carvalho. “A oferta é consideravelmente boa, a maioria das vagas são para Diretores de Arte, mas podemos encontrar muitos freelas para produção de conteúdo, para blog e redes sociais” (FC).

E aqui chegamos no dilema que já mencionei anteriormente a partir de outro artigo: por um lado, as mídias sociais proporcionaram um aumento de oferta e demanda na área de comunicação, com empresas pequenas que não tinham orçamento para isso começando a se aventurar nas plataformas digitais e, a partir disso, gerando mais emprego para profissionais que começaram a oferecer esse tipo de serviço; por outro, esses mesmos profissionais acabaram acumulando funções, tendo seu trabalho banalizado e constantemente menosprezado. Em Pernambuco e João Pessoa, por exemplo, Anna Mello e Simone Bispo ratificaram que a “diferenciação entre profissional de conteúdo, atendimento, SAC, planejamento, monitoramento, é quase inexistente” (AM). Nesse cenário, “além de produzir, a gente publica, faz a interação e gera relatórios mensais”, explica SB – e é provavelmente o mais comum em todo o Brasil, felizmente ou infelizmente; o projeto Relatório Brasileiro de Social Media deve nos dar alguma resposta em alguns meses.

“Vai ser necessário muito tempo para provar que isso não funciona e que vale investir em uma agência ou consultoria que entrega o trabalho agregado por uma boa equipe e, caso isso não seja possível, espero que essas empresas percebam que precisam montar uma boa equipe”, opina Agnes Pires, de Pernambuco, sobre o fenômeno do faz-tudo digital. Já Lara Thaisa Telles, de Sergipe, vê o cenário com mais bons olhos: “O mercado de criação para o ambiente digital está cada vez mais receptivo, as próprias empresas estão abraçando mais a ideia, eles estão percebendo por si só o poder que a as redes sociais têm de difusão de conteúdo e alcance de público”. Fundadora da agência Molotov, ela é um exemplo dentre vários no Brasil de jovens que viram no digital uma oportunidade para fugir do mercado engessado das agências tradicionais e criar algo próprio – como foi o caso também da PaperCliQ, agência baiana encabeçada por Tarcízio Silva e Marcel Ayres que começou pequena e se tornou referência nacional.

“O resultado dessa mudança está sendo positivo, essas pequenas agências começaram atendendo clientes que não eram visados pelas gigantes do mercado e hoje estão conquistando cada vez mais o seu espaço”, aponta. Num cenário menos empreendedor, Agnes Pires complementa: “O que tenho visto de positivo é bastante gente indo atrás de qualificação, o que ajuda bastante”. Ou seja, não importa o cenário, o importante é não ficar parado de forma algumas. As mídias sociais são, sim, uma faca de dois gumes – não canso de repetir, pelas oportunidades e pela banalização – mas o mercado não vai mudar se continuarmos parados. É preciso buscar qualificação e especialização, para exigir e criar nas empresas uma consciência acerca dos esforços na comunicação digital, como também é necessário fazer isso para se desenvolver profissionalmente e possivelmente se diferenciar diante da multidão – é esse “o pulo do gato”, como disse Fahen Carvalho.

Enfrentando o oceano de conteúdo nas mídias sociais

Todo esse cenário comunicacional reconfigurado pelo advento das mídias sociais traz, conforme já discutido, diversos pontos positivos e negativos. Um dos principais desafios, a meu ver, é o que causou a própria “revolução” em si: a mudança de consumers para prosumers – ou, em português e numa visão menos mercadológica e mais acadêmica, o que André Lemos chama da liberação do pólo emissor. Somos cada vez mais bombardeados por conteúdos/informações em todas as plataformas digitais que temos hoje à nossa disposição. Marcas disputam a atenção dos usuários que, em seu feed do Facebook, Instagram e Twitter, não querem ver propaganda – estão bem mais interessados naquilo que seus amigos, conhecidos, artistas favoritos e veículos de mídia do seu interesse têm a dizer. Como se destacar nesse oceano de conteúdos que as mídias sociais têm se tornado? Para as pequenas e mídias empresas, então, como competir com, além dos atores já citados, grandes marcas que têm dinheiro para “forçar” a atenção dos usuários?

“Relevância. Nunca essa característica foi tão necessária. Martha Gabriel costuma dizer que o excesso de conteúdo gera pobreza de atenção e é a mais pura verdade. Não adianta mais olhar o que está dando certo na concorrência e fazer igual. Você precisa olhar para a concorrência e pensar no que ela não está fazendo. Não se chega a novos lugares seguindo as mesmas velhas pegadas […]”, aponta Suéllem Nascimento. De acordo, Simone Bispo reforça: “O conteúdo [dessas pequenas e médias empresas] precisa ser objetivo e diferenciado. Não adianta ir na onda do concorrente, pois o objetivo dele pode não ser o seu”. Também em consonância, Anna Mello indica: “Conheça seu propósito e conheça seu público. Invista em conteúdo relevante e de qualidade e busque fazer parcerias com pequenos influenciadores. É demorado, dá trabalho, mas o resultado é muito bom”.

A política e o esporte tem uma coisa em comum: a paixão do público. E esta paixão é motivo para o profissional de conteúdo trabalhar pisando em ovos. Sensatez é algo raro de se encontrar nos consumidores de conteúdo de esportes e política. Assim, é preciso conhecer profundamente seu público alvo quando falamos de política e esporte e saber como se relacionar com os “rivais” sem desrespeita-los. Um planejamento e um monitoramento bem feito podem te ajudar, mas não vai adiantar muito se você não estiver bem acostumado a lidar com estes temas. Isto vale tanto para quando você fala de uma boa partida de um clube de futebol ou quando você quer vender um bom projeto social numa campanha política. Uma palavra mal escolhida e você corre o risco de receber um caminhão de críticas e até ofensas pessoais.

Leo Morato

O primeiro passo para se fazer relevante, portanto, é compreender o seu público. “Para ter isso, só com muita pesquisa e planejamento estratégico. Você não precisa jogar uma bomba atômica no mercado ao estilo ‘BMW Films’, você precisa atingir de forma precisa o seu público, por menor que ele seja. E você só conseguirá isso se conhecê-lo muito bem. Pesquise, analise dados e comportamentos. É o primeiro passo antes de tentar elaborar qualquer ideia”, recomenda Leo Morato. O processo ideal, conforme recomendado pro Agnes Pires, segue o fluxo: investimento em pesquisa “para responder questões necessárias aos clientes de forma afinada”, antecipar necessidades a partir dos hábitos dos clientes já conhecidos e criar momentos que promovam experiências (investindo em mídia) para chegar mais próximo do seu público. Pode ser um trabalho complexo e/ou trabalhoso, mas deveria ser o mínimo a ser feito.

“As pequenas e médias empresas se destacam justamente no momento em que entregam um serviço e se posicionam como parte da solução da vida do interlocutor. Os pequenos poderiam mesclar curadoria à estratégia, já que podem não ter recursos/subsídios suficientes para manter uma produção exclusiva e dedicada”, explica Lidiane Faria. Ou seja, é preciso utilizar as ferramentas a seu favor para encontrar oportunidades especiais. “As pequenas e médias empresas possuem uma vantagem em relação às grandes: elas possuem mais proximidade aos seus clientes, se não possuem, podem garantir isso com mais facilidade. O que pode e deve ser feito, é alimentar esta relação cliente/empresa e criar uma rede fiel, certamente será um trabalho muito gostoso de fazer. Não se esqueça, para criar uma relação é preciso criar confiança, estar presente e mostrar que o cliente é de fato especial para a marca”, reforça Fahen Carvalho.

Tem várias marcas e clientes pequenos ou autogeridos que conseguem ter consistência e relevância nos conteúdos que produzem. Então, sim, é possível. Claro que um orçamento maior terá impacto direto na atenção que determinado conteúdo vai receber. Além da própria mídia que faz o alcance aumentar, os orçamentos acabam sendo um facilitador ou complicador na produção de imagens e fotos proprietárias e também produção de vídeos. As restrições orçamentais podem desencorajar bastante os profissionais de criar coisas originais e ficam presos em grades simples e formulaicas. Mas, aí moram muitas oportunidades. Afinal, marcas menores e independentes podem se arriscar mais. Por isso mesmo, essa é a maior fortaleza pra as marcas pequenas e médias: observar as brechas do mercado. Quanto mais diferente e escasso ele for, maior o potencial de chamar atenção. Aí também mora a chance de ouvir o que o público falar e responder diretamente em campanhas e conteúdos. Em redes sociais, não se trata necessariamente de falar mais alto, se trata de falar algo que os outros querem ouvir, replicar, compartilhar e se engajar.

Nathália Capistrano

E como a área mudou nos últimos anos? Para onde vamos?

A grande mudança que discutimos aqui até então foi a proliferação do conteúdo, devido ao aumento exponencial de produtores – tanto marcas quanto usuários comuns. Mas, em termos de formato/linguagem e estratégia, o que mudou? “A Publicidade, em sua essência, tem duas formas básicas de existir: ou ela é funcional, ou ela é entretenimento. A internet está abraçando essas frentes com bastante competência, que o diga a proliferação de inboud marketing e de branded content. O conteúdo passou a ser cada vez mais presente na vida das pessoas. Você aprende com ele, se emociona com ele, torce por ele. Quem pensa conteúdo hoje está pensando cada vez mais nos usuários e buscando entender melhor essas pessoas além de meros @’s”, opina Suéllem Nascimento, que começou a trabalhar fazendo seeding no Orkut – saiba mais sobre essa prática nesse outro post.

“De cinco anos para cá, as agências foram se profissionalizando e as contas idem. Foram desenvolvidos estudos de marca, layout, brand voices, planejamentos estratégicos. Também o crescimento das mídias fizeram com que as possibilidades e formatos fossem ficando mais sofisticados. Um fenômeno Tostines (os planejamentos melhoraram as performances ou os meios forçaram os planejamentos?) que pode ser explicado por McLuhan: novas gramáticas, mas uma prática não substitui a outra”, explica Maria Beatriz Barros. “Trabalhar com conteúdo ficou mais fácil e mais difícil ao mesmo tempo. Enquanto nas épocas do Orkut e do blogger.com – 10, 12 anos atrás – a capacidade de produzir conteúdo (e que esse conteúdo chegasse em uma parte significativa do público) era muito mais centrada em grandes players; a gente vê, de uns cinco anos pra cá, principalmente por causa do crescimento do YouTube, essa descentralização acontecer de forma a atingir uma fragmentação gigante”, acrescenta Anna Mello.

Essa “cauda longa” do conteúdo, na qual atualmente “o conteúdo de tua marca compete com todo nível de outras marcas, com os posts de outros usuários e com os posts de criadores de conteúdo pela atenção de uma pessoa que está cada vez com menos capacidade de foco” (AM) é um pouco disso tudo que debatemos aqui. “Todo mundo agora é criador de conteúdo, blogueiros aos montes, todos têm acesso às redes sociais e sabem como manuseá-las”, ratifica Fahen Carvalho. A criação de conteúdo sofreu um “boom” com a popularização da internet, sem dúvidas. […] É praticamente um cardume de conteúdos lançados no mar do Facebook, aí entram os anúncios, as promoções, tudo para conquistar a atenção dos usuários. O perfil do profissional mudou, a forma de criar mudou e a forma que os usuários recebem as informações, também mudou. Se você não acompanha essas transformações, provavelmente ficará de fora” (FC).

Agnes Pires e Simone Bispo também reforçam o quanto todo esse trabalho tem se profissionalizado, “o que antes era intuitivo e essencialmente teste, hoje é muito mais acessível de fazer” (AP) – ou seja, há uma demanda por entregas reais, resultados e um trabalho bem feito. Já Nathália Capistrano, que vem da publicidade “tradicional”, conta que um dos maiores conflitos nos últimos anos têm sido a insistência pela separação entre online e offline. “Isso fez com que os profissionais de criação fossem – e continuem sendo – cobrados cada vez mais para serem completos. Atualmente, eles devem saber se comunicar com o público final em todos os pontos de contato, e claro, isso é mais complexo nas plataformas digitais que evoluem e mudam tão rapidamente”, explica. E ratifica que essa mudança cultural trazida pelo digital impactou diretamente o processo criativo, que agora já é pensado com métricas, metas e KPIs. “As áreas de monitoramento, BI, social listening também norteiam as campanhas, mostrando possibilidades e fragilidades”, complementa.

O uso dos dados apoia o criativo no direcionamento estratégico e tático do conteúdo – e, na hora da reunião de apresentação do planejamento, é uma ótima fonte de argumentação. Mas, para trabalhar com dados, é importante saber fazer as perguntas corretas – especialmente quando se trabalha com grande volume de informações. Estas perguntas ajudam o produtor de conteúdo a se conectar com o analista de dados – este que, com capacidade lógica, desenvolve combinações de bases e explora todo o potencial dos dados. O trabalho do produtor de conteúdo é usar e transformar isso em informações, gráficos e histórias que permitam a audiência refletir, se conectar e/ou tomar decisões. Os dados também ajudam na escolha de formatos, linguagens e até mesmo no percurso que a conversa deve seguir. A marca/cliente/criativo/agência/etc. precisa entender que o conteúdo em mídias digitais não é feito e tampouco direcionado apenas para o público interno, já conhecido e muito menos para si mesmo. […] Os dados ajudam a defender ideias muitas vezes não aceitas pelo grupo participante do projeto, mas necessárias ao público que receberá a mensagem. E, por fim, os dados também ajudam a mensurar a efetividade da mensagem. Ter essas informações ajuda a voltar no planejamento e ajustar a campanha, a linguagem, o tom da mensagem, entre outros.

Lidiane Faria

Nesse cenário de conhecer muito bem o seu público e criar conteúdo de relevância, quem tem se destacado? É clichê falar isso, mas a principal referência de criação de conteúdo que surgiu nos últimos anos é a Netflix. Ela fez o mercado de comunicação brilhar os olhos para estratégias de criação de conteúdo, mas este case criou um monstro. Agora, todas as marcas querem ser uma Netflix e todo profissional de conteúdo quer fazer do seu cliente uma Netflix”, opina Leo Morato. “Mas estas pessoas se esquecem que a Netflix só é o que é porque conhece seu público e se comporta como sua audiência quer que ela se comporte. O produto e o público permitem este tipo de linguagem e posicionamento. Netflix só tem uma. Temos muito a agradecer a ela, à Prefeitura de Curitiba e a diversos outros cases que deram vitrine ao mercado de conteúdo. Agora, precisamos seguir em frente” (LM).

Tomando como exemplo a própria Netflix, acredito que podemos entrar em um consenso a concordar que a grande “revolução” das mídias sociais têm sido, de fato, a “emancipação” dos consumidores – como aborda Lara Thaisa Telles. Mais do que nunca, é preciso compreendê-los tanto em sua totalidade quanto em suas peculiaridades, ir além de dados tradicionais e mapear quem eles são, o que fazem, como se comportam, de que modo se apropriam de produtos/serviços, como se relacionam entre si, etc. – com isso em mãos, ficará bem mais fácil saber o que e para quem criar. “A produção de conteúdo deixou de ser apenas uma transmissão de mensagem e virou um serviço, algo que precisa ser útil caso o objetivo seja efetivamente fazer parte da vida de quem recebe. […] Se o conteúdo não for relevante na vida de quem lê, talvez não seja tão efetivo”, indica Lidiane Faria. Mas e o que o futuro nos guarda?

“Acredito que o futuro do conteúdo está nas experiências imersivas em realidade aumentada e realidade virtual. Quem criar conteúdo no futuro vai ter que pensar em tecnologia de uma forma muito mais latente do que hoje. O branded content aponta pra integração total do conteúdo com a tecnologia e as experiências que a internet das coisas poderá proporcionar. Vai ser um futuro muito Black Mirror, definitivamente”, aposta Suéllem Nascimento. Menos futurista, Lidiane Faria complementa: “Muito se fala também na automatização do conteúdo, mas não acredito na pura e simples substituição do humano pela máquina. O que pode acontecer (e será ótimo) é justamente o casamento do uso de dados para embasar a criação do conteúdo – e como diz Jean-Christophe Bonis, sócio-fundador da Oxymore em entrevista ao Meio&Mensagem, a comunicação permanecerá de humanos para humanos”.

“A produção de conteúdo também ganha um peso maior e tem o desafio de posicionar marcas na sociedade através de histórias, manifestos, propósitos, etc. e o desafio de expressar cada vez mais com poucas palavras. Nem tudo o que é interpretado é dito diretamente. Acredito cada vez mais no conteúdo como um serviço facilitador, desenvolvido boa parte das vezes a partir da observação da experiência e do comportamento do interlocutor”, indica Lidiane Faria. Uma mudança de caráter urgente, tanto para ela quanto para outras entrevistadas, é a reformulação do modelo tradicional de criação de conteúdo para internet – acoplando, agora, o quanto antes, também a produção de vídeos. “Tecnicamente também vejo como um desafio aos produtores de conteúdo a imersão no conteúdo audiovisual. O vídeo compete cada vez mais com texto e imagem, e conhecimentos técnicos mínimos são cada vez mais exigidos. Snapchat, Instagram Stories e YouTube estão aí”, explica.

A principal necessidade é abraçar linguagens do audiovisual, urgentemente, nos planejamentos e verbas de investimento. Ok que fazer uma foto é mais barato que produzir uma série de vídeos, mas num mercado como o brasileiro, em que vídeos são muito consumidos e com a necessidade crescente de brigar pela atenção do consumidor ou seguidor/fã de uma marca ou empresa, precisamos fugir da fórmula imagem + texto engraçadinho. Ainda por cima, o Facebook já afirmou que prioriza vídeo no alcance. Há uma divisão tida como ideal em um núcleo de mídias sociais, que é um planejamento, um redator, um designer, um monitoramento e um relacionamento, vamos incluir um editor de vídeos nessa equipe ideal. Também creio que trabalhemos mais com internet das coisas, então o conteúdo vai precisar ser pensado para mais formatos que celular e notebook. Pode ser um letreiro na Times Square mostrando tweets (ou seja lá qual for a rede da moda) ou uma etiqueta numa blusa, uma telinha num liquidificador. A C&A já fez um experimento com um cabide, que tinha a peça mais recomendada na rede social que eles criaram e ia mostrando as dicas das pessoas que participavam da rede. Há ainda muito a ser explorado. Transmissões ao vivo, stories e 360º estão só no começo. Até lá, teremos mais realidades virtuais, sejam aumentadas ou alternativas.

Maria Beatriz Barros

Fahen Carvalho e Lara Thaisa Telles reforçam a volatilidade da contemporaneidade, na qual “as coisas mudam muito em bem menos tempo” (FC). Por isso, prefere não fazer nenhuma aposta: “O universo digital se transforma muito rápido e eu tenho bastante medo desse futuro incerto. A tecnologia está a cada dia mais avançada e como será a distribuição de conteúdo daqui alguns anos? É uma dimensão grande demais para eu ter alguma certeza”. Já Lara Thaisa Telles, embora reconheça a imprevisibilidade gerada pela velocidade das mudanças tecnológicas, enxerga uma tendência: “a visão e a voz do consumidor estarão cada vez mais presentes no processo comunicativo, que passou a acontecer de maneira muito mais horizontal” (LTT). “Acredito que as plataformas, tanto quanto os consumidores, serão os responsáveis pelas grandes mudanças nos conteúdos digitais nos próximos anos”, aponta. Mas e no mercado, para onde vamos?

“Enxergo uma área bem saturada, com muitas pessoas de conhecimento mediano. Quem sairá na frente e terá mais oportunidades certamente serão os profissionais que buscam estudar, pesquisar e praticar além do marketing digital, indo mais fundo em questões sociais, antropológicas e de tecnologia da informação”, opina Agnes Pires – descrevendo o que, a meu ver, já é uma situação atual. “Certamente a área estará cada vez mais exigente no que diz respeito a conteúdo atrativo e, principalmente, criativo! Acredito que os profissionais da área terão que buscar novas maneiras de produzir, sair do básico e cada vez mais se especializar. Isso vai mostrar quem de fato produz conteúdo de qualidade e quem só atualizar perfis”, complementa Simone Bispo. Seguindo argumento parecido, Leo Morato aposta num “darwinismo conteudista” no qual só os melhores sobreviverão: “uma filtragem natural que manterá no mercado apenas aqueles que entendem dos processos”.

Para Nathália Capistrano, talvez a única mudança certa que possamos previr é o próprio ato de mudança em si – ou seja, sempre se adaptar ao contexto da forma mais adequada possível. “Talvez o caminho seja realmente sempre se reciclar e mudar. Além disso, não necessariamente podemos replicar a solução que achamos para um cliente em outro, as coisas, com digital ficam mais específicas, então, as agências devem começar a ser mais tailor made, mais sob medida mesmo. Sem dúvidas o maior desafio vai continuar sendo trazer soluções de negócio que realmente respondam coisas relevantes pro público“, opina. Ou seja, os modelos/formatos/processos de criação não devem ser tão engessados: Estamos falando de criação de soluções de negócios mesmo, pensar em funcionalidades para o produto ou como a marca pode atuar socialmente na vida real, as marcas não necessariamente produzirão conteúdo, e sim, serão apoiadoras de entretenimento” (NC).

E se o assunto é apoiar entretenimento, não há como pensar em influenciadores. “Acredito que estaremos lidando com uma audiência ainda mais fragmentada e trabalhando com micro-influenciadores”, opina Anna Mello. Particularmente também acredito que o trabalho com micro-influenciadores pode ser um grande trunfo na relação entre empresa-consumidor, tanto para pequenas quanto para grandes marcas. E isso envolve tudo que discutimos aqui: um árduo trabalho de pesquisa para compreender o(s) público(s) e identificar usuários – que também são criadores de conteúdo – relevantes e desenvolver um bom planejamento que contemple a tríade marca-consumidor-influenciador para finalmente chegar assertivamente no público final. “As marcas que não tiverem seu próprio conteúdo original, que não tiverem uma personalidade, estarão com dificuldades de atingir seus usuários”, acrescenta Anna Mello.

Tudo acaba sendo relacionado: conteúdo, influenciadores, comunidades. Afinal, os influenciadores podem ser potenciais geradores de conteúdo e movedores da comunidade. E, dentro das comunidades, temos potenciais temas para conteúdos e indicativos de preferências de influenciadores que funcionariam mais para impactar o público daquela determinada marca. Quando falamos da relação entre criação de conteúdo e comunidade, é importante admitir que não é toda marca que consegue reunir uma comunidade em sua volta. Tem marcas mais problemáticas ou que simplesmente não tem apelo ou necessidade disso. Uma comunidade é algo que tem continuidade, que mantém as pessoas/consumidores envolvidas. Ter uma página de Facebook que recebe comentários não é necessariamente ter uma comunidade, afinal, as pessoas que estão comentando ali podem ser meramente pontuais que foram impactadas pela mídia. Agora, quando temos uma lovebrand, uma marca que tem uma comunidade ao seu redor, ali é um baita ecossistema para testar conceitos criativos, medir a aceitação, retirar dos comentários histórias e dúvidas que podem nortear campanhas. E quando falamos sobre criação de conteúdo e influenciadores, eu diria que o essencial é pensar sempre em CO-criação. Não adianta meramente enviar o post ou roteiro prontinho para os influenciadores. Eles sabem como se comunicar com a base deles, do jeito deles, então, para melhores resultados, o ideal sempre é brifa-los com o conceito da campanha e ação e, então, a partir daí, criar em conjunto qual seria o discurso e participação dele. A entrega tem que ser algo que comunique o que o cliente precisa e que funciona com o público daquele influenciador, caso contrário, foi um desperdício. A criação de conteúdo entra nesse processo criativo, para dar as primeiras possibilidades, e validar a contraproposta do influenciador.

Nathália Capistrano

Para finalizar, acho importante retomar algumas das várias discussões abordadas neste texto extremamente rico – graças às entrevistadas: 1) na internet, o conteúdo é a porta de entrada em vários sentidos; com a “democratização” do acesso e da produção, todos viramos criadores e competimos entre si pela atenção uns dos outros; 2) é também parte desse fenômeno que causa a banalização do trabalho, cabendo a estagiários (como foi o meu caso) produzir conteúdo para web de maneira desleixada, sem qualquer preocupação técnica, criativa ou estratégica; por isso é importante manter um debate contínuo sobre a função do conteúdo, como ele está/deve/deveria ser criado e a quem ele atende – do lado dos profissionais, o mercado só vai evoluir quando as especializações se tornarem lugar comum; 3) e, enfim, tudo isso culmina na importância de planejar estrategicamente a sua comunicação; se você não sabe onde quer chegar, como vai chegar lá? A criatividade é o meio, não o fim.

Considerações finais

Se você quer pensar um pouco sobre conteúdo, é preciso tirar um tempo para entender as variações do próprio mercado e de movimentos sociais. A Skol é conhecida por anos a fio de campanhas de objetificação da mulher. Ao invés de negar esse passado, eles convidaram Ilustradoras e Artistas para repensarem as antigas artes machistas sob um novo olhar (vale dar uma olhada aqui) e deu o start para o novo posicionamento “Redondo é sair do seu passado”. A ideia é ótima, mas ela nunca teria sido posta em prática (ou sequer pensada) se não fosse o levante dos movimentos sociais (principalmente o feminismo). Tudo tem um contexto social, afinal seu conteúdo não está solto no vácuo profundo e frio do universo. Ele existe e coexiste dentro de um contexto e se alguém diz que ele está errado, você como marca tem o dever de assumir o erro e tentar minimamente reparar. Já passou da hora das marcas pararem de dizer que tal conteúdo ou tal campanha não foi entendida. Isso é simplesmente não querer assumir a responsabilidade por não ter pensado ou entendido direito as nuances do público. As pessoas não são idiotas, não as trate como tal. Ponto pra F/Nazca que tá fazendo com a Skol exatamente o que todo mundo pedia há anos e ninguém ouvia.

P.s: o reposicionamento tem o dedo da Lara Roncatti, uma Diretora de Arte incrível de lá da F/Nazca e uma das 3 únicas mulheres no Young Lions de 2017 (3 mulheres entre 50 candidatos – achei importante destacar o trabalho dela que, além de incrível, é mais do que representativo).

Bem, você gosta na Netflix? Então você precisa conhecer o trabalho da Mutato, uma agência do grupo JWT. Sabe todos aqueles vídeos incríveis que aparecem no Facebook da Netflix? Então, sai tudo de lá. O trabalho da Droga5 com a Under Armour é o tipo de coisa que faz você dar aquele sorriso de satisfação. O Burger King tem umas ativações sensacionais! Veja algo que realmente goste e vá atrás de quem fez. Inspiração é tudo, mas não fique preso ao que a Publicidade já criou. Procure conteúdo em outras áreas. Alimente-se com outras fontes que não sejam tão óbvias assim.

Suéllem Nascimento

Quando comecei a trabalhar com publicidade, em 2011, pensava com alguma irritação: mas será que não posso ficar no meu canto, escrevendo e sendo feliz? Ingenuidades de principiante. Talvez se eu fosse redatora publicitária e tivesse uma dupla de criação, chegasse a diretora de criação, poderia me ver no mesmo caminho. Mas a verdade é que, por mais que seja a atividade fim, e de maior vitrine ao trabalhar com mídias sociais, escrever para web em agência é sempre o primeiro passo. Logo, você quer crescer e ver a estratégia como um todo, quer participar do planejamento. Isso também é um problema do mercado, que coloca estagiários e recém-formados para escrever os conteúdos e criar as imagens. Virou uma profissão de iniciantes. Raro ver um sênior em texto para mídias sociais. Não só porque a profissão existe há pouco tempo, mas a tendência é a buscar mais. Outro problema do mercado, e aqui estão agência e clientes, é que poucas dão espaço para criar de verdade. Sair um pouco da casinha, sabe? Não digo pegar um meme, ou usar uma linguagem mais despojada. Isso tudo pode ser acordado em um planejamento. Falo dos estalos que temos às 14h de domingo na fila do cinema, “e se eu fizesse um cupom que atrelasse o produto x a uma atividade cotidiana”? E se eu criasse o dia nacional do churros, pra nesse dia meu cliente fazer uma grande ação em torno deles? De novo, é preciso ter frente e um planejamento azeitado para que o analista consiga ter tempo de parar e pesquisar e, com isso, criar ainda mais inovações.

Maria Beatriz Barros

Trabalhar com produção de conteúdo é uma das coisas que mais amo fazer. Criar estes relacionamentos com os usuários, conseguir perceber a humanização das marcas, ver o poder da comunicação na vida das pessoas é incrível. Meu conselho para quem deseja entrar neste mundo profissional é: pratique, esteja em busca de novas ideias, não deixe se acomodar pela correria da rotina. Quem trabalha com comunicação digital, precisa estar em constante movimento, faça isso. Abuse da sua criatividade, exercite-a, o caminho é difícil e nem todos os dias são de marés tranquilas, mas eu prometo que as recompensas serão incríveis! Boa sorte para quem está começando, se precisar de algo, é só prender o grito (mesmo!).

Fahen Carvalho

Há ainda uma lacuna grande em gestão digital, área que atuei nas últimas 3 agências que trabalhei. Minha preocupação sempre foi enxergar o lado humano da minha equipe e não vê-los como fazedores de conteúdo, nem como operários em uma fábrica. Me preocupa muito o ritmo extremamente acelerado e de cobrança imposto em muitas agências do nosso mercado, prezo e incentivo o equilíbrio e estimular com que o profissional consiga uma afinidade com o conteúdo que produz.

Também importante dizer que as meninas precisam ser mais confiantes de si e estudar liderança e gestão de pessoas, para que tenham oportunidade de se destacarem como líderes no momento oportuno. Essa ressalva é necessária pelo fato de, infelizmente, a tradição de gestores masculinos ainda ser majoritária quando se diz respeito a ambientes de criação e criação digital. Nós, mulheres, temos tanta capacidade criativa quanto os homens e o que falta é oportunidade. Espero que esse meu depoimento inspire outras mulheres a ocuparem esses espaços. Sempre busquei trabalhar o equilíbrio de gênero nas minhas equipes, bem como abraçar a diversidade: os candidatos que escolhi não sabiam, mas eu estava em busca de negros e LGBTs para ocuparem minha equipe e mostrar para a agência que poderíamos sim, ter profissionais pretos, lésbicas, gays, sem nenhum demérito. Essa minha postura nunca foi necessariamente declarada: fulano, você está ocupando esse cargo por questões de cota, mas é um compromisso meu em valorizar quem é bom e tem mais dificuldade de estar no mercado por essas questões. Espero que isso tenha feito diferença na vida deles assim como fez na minha.

Agnes Pires

Assim como no planejamento, os criadores de conteúdo devem sempre observar o mundo ao seu redor. Observar como as pessoas se comportam e reagem no ambiente físico e virtual, observar o que anda rolando no mundo da moda, da arte e do design. Ler bastante, ler sobre tudo, das coisas mais cultas às mais bobas. Ter conteúdo é fundamental para criar novos conteúdos, é preciso estar sempre antenado. Ficar sempre de olho nas novidades e nos memes também! Vocês já viram o sucesso que é a página da Netflix e como eles sabem criar e aproveitar os memes? Em um mar de conteúdo você precisa ser um barquinho que carregue consigo algo relevante e interessante suficiente para prender a atenção daquele usuário que está descendo freneticamente o seu feed, nem que por alguns segundos.

Lara Thaisa Telles

Apesar de vermos muitas vagas que exploram o profissional da área, é gratificante o nosso trabalho de encantar e seduzir através de palavras. Atuar com criação de conteúdo nos estimula a estar sempre em busca de informação, de aprimorar nosso conhecimento e facilita nossa relação dentro e fora das agências.

Simone Bispo

Se dedicar a um conteúdo original bem feito é muito mais importante do que ser uma fábrica de postagens. Entenda, como profissional, que o que funciona para uma marca não necessariamente funciona para outra e, seguir modelos populares talvez te dê números bons para por no relatório e um comentário ou outro elogiando o criador do conteúdo (quem nunca viu um ‘esse social media é foda’ nas postagens?), mas não vai te dar clientes fieis. E, por favor, entenda de comunicação.

Anna Mello

Importante reforçar que o olhar que expressei aqui se dá a partir de experiências em sua maioria com a produção de conteúdo em institucional e branding. Imagino que outros profissionais (especialmente publicitários) poderão acrescentar muitos outros exemplos e, desta forma, talvez possa valer a pena dividir no material os diversos tipos e abordagens na produção de conteúdo (institucional, mercadológico, SAC, real time, etc), assim como os formatos (áudio, vídeo, texto, imagem, etc) e canais (para blogs, para campanhas publicitárias, para branded contente etc).

Lidiane Faria

Cada marca é uma marca e cada público é um público. É muito legal admirar grandes cases de conteúdo. Mas precisamos seguir em frente e sem inveja dos profissionais que criaram esses cases. Repetir receitas de bolo é um grande erro na área de conteúdo. Não existe fórmula pronta. Entenda seu público, pesquise, analise e tenha referências. A partir daí você pode criar seu “case”. E ele não precisa ser uma nova Prefs ou uma nova Netflix. O que importa é se você impactou seu público e se refletiu nas metas da sua marca. Mais nada. O resto é ego.

Leo Morato

Infelizmente, criação ainda é uma área com pouca diversidade dentro das agências. Ao mesmo tempo, com as mudanças comportamentais dos consumidores e consequentes pressões para que as marcas sustentem discursos e ações mais adequadas para a realidade atual, existe uma crescente necessidade de repensar esse cenário. Ou seja, existe uma oportunidade enorme aí pra gente nova, um olhar mais fresco, profissionais com backgrounds e referências variadas. O que quero dizer, é que temos um baita espaço a ser ocupado por minas, mães, negros, periféricos, lgbts e todo mundo que tiver vontade de enriquecer os trabalhos, tornando não só tornando as campanhas, mas deixando o mercado de comunicação e publicidade como um todo, realmente mais representativo, impactante e poderoso. Por consequência, os ambientes serão mais equilibrados e as campanhas mais próximas de seus públicos. Acho que outro ponto para discutir é que ainda existe toda uma mística em volta das premiações e o tal glamour na área de criação. Isso pode ser extremamente sedutor e os eventos são realmente bastante divertidos. Estar entre tantos profissionais que admiramos, competir e ganhar, ser reconhecido pode ser positivo. Mas, é importante não passar a ter ideias que agradam somente ou agradam mais os jurados do que o público final, ou encarar os jobs como meras chances de ganhar prêmios e não de fato mandar mensagens que sejam importantes para o cliente. A profissão e o dia a dia não tem que girar em volta de prêmio. Temos que tomar cuidado para não esquecer o que fez a gente escolher a área da criação: a chance de contar histórias, realizar eventos significativos e memoráveis e produzir conteúdos que mexam com os outros. Mais uma consideração é sobre a necessidade de não viver apenas de referência do próprio mundo publicitário. Ter uma vida cheia de projetos paralelos, envolvimentos, interesses, hobbies e atividades fora da agência, não é só importante para a sanidade mental dos criativos que já passam tanto tempo ali e tantas vezes até virando noites, mas, também resultará que eles tenham uma visão mais abrangente de mundo, o que pode munir esses profissionais de ferramentas para gerar ideias ainda mais interessantes. A última coisa é que nós já sabemos que o mercado tem dezenas de problemas e mazelas. Mas, somos todos parte disso, eles não tem que ser vistos como algo alheio e imutável. Temos a chance e a responsabilidade de mudar as coisas que não estão legais. Então, ao conversar entre nós ou quando tivermos as chances dar feedbacks aos superiores e as pessoas que podem mudar as coisas, não devemos focar somente nos problemas, mas sim em trocar ideias e colocar sugestões no papo. Afinal, somos justamente a área que traz soluções para entraves de comunicação, que tal aplicar isso no próprio mercado?

Nathália Capistrano

FONTES DE REFERÊNCIA E INDICAÇÕES PARA ESTUDO

Filmes e documentários

– Abstract – The Art of Design (Netflix)

– Print the Legend (Netflix)

– Escada Para o Céu – A Arte de Cai Guo-Qiang (Netflix)

– Cosmos (Netflix)

– Chef’s Table (Netflix)

Participantes

Agnes Pires
De Recife, com 8 anos de experiência e formação em Artes Visuais e MBA em Marketing e Propaganda | LinkedIn | Twitter | Slideshare

Publicitária há mais de 15 anos e há 8 com expertise em digital: gestão de equipe, estratégia, planejamento e atendimento. Professora universitária desde 2010, tendo lecionado disciplinas na área de Criatividade, Branding e Marketing Digital. Já atuou como Coordenadora de Criação Digital na Agência Um, como Gestora de Mídias Digitais no Núcleo Digital da MV2 Comunicação e como Coordenadora do Núcleo Digital da DA-DPA. Desde 2009 faz parte do GogoJob, onde atua como coordenadora geral. É um projeto social sem fins lucrativos dedicado a divulgar oportunidades de vagas de emprego e estágio relacionados à indústria criativa, bem como cursos, eventos e dicas especialmente para quem está em início de carreira.

Anna Mello
Anna MelloDe João Pessoa, com 7 anos de experiência, formação em Marketing e mestranda em Cultura Digitais na UNISINOS | LinkedIn | Twitter | Blog

Carinhosamente – ou não – apelidada de Anna Sayu. Trabalha com produção de conteúdo para a web há 10 anos e é especialista em Estratégia de Conteúdo para Redes Sociais. Foi gerente de conteúdo na agência SODA Virtual, na Paraíba, tendo recentemente se mudado para o Rio Grande do Sul para fazer mestrado em Culturas Digitais na UNISINOS.

Fahen Carvalho
Fahen CarvalhoDe Porto Alegre, com 2 anos de experiência e formação em Jornalismo | LinkedIn | Twitter | Pulse

Graduada em Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo, atua desde a formação, em 2015, com produção de conteúdo para blogues e redes sociais. Contribui com a equipe da Flua, como Gestora de Mídias Sociais, onde trabalha toda a sua expertise em produção para redes sociais de clientes de diversos segmentos e ainda trabalha com anúncios nas plataformas de relacionamento. Atua também como produtora de conteúdo no blog do Share, onde escreve sobre diversos temas, como: marketing digital, inbound marketing, redes sociais, marketing de relacionamento, entre outros. Também trabalha em uma agência de marketing digital, como produtora de conteúdo para blogues e redes sociais da Interativa Conteúdos, onde faz desde a produção, planejamento das campanhas e execução.

Lara Thaisa Telles
De Aracaju, com 2 anos de experiência e formanda em Publicidade e Propaganda | LinkedIn | Twitter

Entrei no curso de publicidade e propaganda sem nem saber direito o que um publicitário faz da vida, mas de um jeitinho bem curioso, acertei na escolha. Nessa jornada acadêmica acabei estagiando em algumas áreas: marketing em uma consultoria, redação na Trilha Propaganda e direção de arte na Bend Propaganda e na Anova Agência Digital (nessa foi só uma passadinha mesmo). Essas experiências somadas a uma dose de ousadia foram suficientes para que eu abrisse minha própria (mini) agência com um amigo, que mais tarde viria migrar para novos rumos. Foi aí que surgiu a Molotov, que acabou de completar 1 aninho, e hoje tem eu e Fernanda à frente dos negócios, fazendo de tudo um pouco e aprendendo bastante no caminho.

Leo Morato
Leo MoratoDe São Paulo, com 5 anos de experiência e formação em Publicidade e Propaganda | LinkedIn | Twitter

Formado em Jornalismo pela Universidade Mackenzie, minha carreira se encaminhou para os ofícios voltados à produção e gestão estratégica de conteúdo em plataformas de redes sociais. Atuei como redator e conteudista em campanhas políticas para vereadores e governadores, além de marcas como SporTV, Santander, Fototica, Lukscolor e SKY. Coordenei equipe de conteúdo de redes sociais durante as eleições para governador em 2014 e para o canal SporTV em acontecimentos como Copa América 2016, Eurocopa 2016, Jogos Olímpicos Rio 2016 e também o acidente aéreo com a equipe da Chapecoense.

Lidi Faria
Lidiane FariaDe São Paulo, com 7 anos de experiência, formação em Relações Públicas e pós-graduação em Jornalismo | LinkedIn | Twitter

Especialista em coordenação de projetos digitais e equipes multidisciplinares, com experiências em empresas e agências. Foi responsável pelo desenvolvimento e implementação da estratégia digital de TV Gazeta, Gazeta FM, Gazeta Esportiva e Faculdade Cásper Líbero, onde coordenou 30 profissionais multidisciplinares dedicados na produção de conteúdo para cerca de 120 canais digitais.

Maria Beatriz Barros
Maria Beatriz BarrosDo Rio de Janeiro, com 6 anos de experiência, formação em Comunicação Social e pós-graduação em Marketing Digital | LinkedIn | Twitter | Blog

Pós-graduada em Marketing Digital, trabalho com monitoramento e relacionamento em uma agência carioca. Meu foco é a comunicação integrada e performance. Pesquiso sobre Monitoramento, Inbound Marketing, Project Management, CRM, UX e Mobile. Blogueira, escrevo sobre mercado, marketing, beleza, moda e autoestima negra, em três projetos distintos.

Nathália Capistrano
Nathalia CapistranoDe São Paulo, com 10+ anos de experiência, formação em Publicidade e Propaganda/Design | LinkedIn | Blog

Atual supervisora de Criação na Artplan SP, sendo responsável pela integração de online e offline. Teve longas passagens pelas equipes de criação da W/McCann, Isobar e SalveTribal Worldwide. Formada em Publicidade e Propaganda pela Faculdade de Comunicação Cásper Líbero e em Design de Publicidade pela Escola Panamericana de Arte e Design. Atuou como designer até 2008 quando passou a trabalhar em redação e conteúdo. Começou focada em Social Media, passou por cargos de redação de digital mais completos e depois, como redatora integrada. Em 2010, seu projeto pessoal de produção e divulgação de bandas independentes nas redes sociais rendeu um prêmio de mídia e uma viagem ao Festival de Cannes. Segue apaixonada por projetos paralelos como o Trocaderia, o 5 coisas e o Ideias para Emprestar.

Simone Bispo
Simone BispoDe Recife, com 6 anos de experiência e formação em Publicidade e Propaganda | LinkedIn | Twitter | Blog

Trabalho com produção de conteúdo desde 2009, mas tudo começou apenas como uma necessidade de mostrar um projeto de extensão no ambiente digital. Desde então, venho me aprimorando na área e trabalhado com clientes de segmentos variados, o que me faz ter um conhecimento mais amplo.

Suéllem Nascimento
Suéllem NascimentoDo Rio de Janeiro, com 6 anos de experiência e formação em Publicidade e Propaganda | LinkedIn

Redatora focada em conteúdo digital com atuação em projetos de storytelling, tecnologia e entretenimento. Passou pela Match.com, onde trabalhou com SEO, web analytics, landing pages, métricas, monitoramento, blog e muito mais. Como redatora, trabalhou na InfoLink Teleinformática, Agência h1 e Kindle.